- Médium: Escutei um pássaro chilreando a cantar na minha janela de casa, num dia ensolarado. Quando me virei para vê-lo não mais estava lá...Como posso interpretar isto?
- Caboclo Pery: Filha, o pássaro que canta na janela, demonstra à alma que o escuta que ela já esta encontrando o seu eixo central na realização espiritual. Rompe as paredes da ilusória persona formada na reencarnação movida pelos anseios do seu passarinho interno - seu espírito - que ressoa de dentro para fora indicando os caminhos que deve seguir em sua busca de libertação da prisão de si mesmo. O pássaro não estava mais lá porque voou, pois é livre em suas escolhas e plantio assim como a centelha espiritual o é, sendo a colheita obrigatória. O pássaro voa livre quando a compreensão da sua finalidade existencial expande a consciência e supera a gaiola de si mesmo. Tal estado de espírito não significa libertação, mas que os passos estão indo na direção que a alma precisa, conscientizada do que tem que plantar para a boa safra.
- Médium: Logo após vi duas belas corujas num mesmo galho de árvore em frente à janela de casa, o que é raro, pois na cidade não é seu habitat natural. O que estão me dizendo?
- Caboclo Pery: Filha, o habitat natural do espírito não é o físico. As corujas mostram que mesmo o dia ensolarado na vida, de sensação de auto-realização e inefável bem estar não será perene, pois a perenidade espiritual não é da Terra: de cada 24 horas, a metade é noite e a outra metade é dia. Assim, os desafios se repetem diariamente e deveis estar sempre atenta como o olhar das corujas estão. A coruja na árvore já enxerga os seres rastejantes no solo. Todavia deve alçar vôo para se alimentar deles. Simbolicamente, este pássaro caçador indica à vossa compreensão espiritual que a clarividência e intuição alcançadas não devem servir para vos distanciar dos que ainda não conseguem levantar os olhos para cima e rastejam na vertical das coisas profanas. O Sagrado que desperta em vosso coração deve vos aproximar dos "pequenos" seres, como mãe dadivosa que a todos acolhe amorosamente.
- Médium: Por que duas corujas juntas, dado que são caçadoras solitárias?
- Caboclo Pery: Filha, uma coruja é o intelecto e a outra a intuição. O intelecto descreve as experiências da alma, a intuição interpreta o que foi descrito. Devem andar juntas, uma não sobressaindo sobre o outra. O intelecto, alimentado pelo esforço do estudo, amplia a razão e dá insumos para a intuição aproveitar o conhecimento, necessário a uma filha do orixá Oxoce, destinada a ser instrumento para o caçador das almas trabalhar. Se a intuição falha, o intelecto racionaliza, aliviando as constrições internas. Se o intelecto se acelera, a distonia psíquica causada se alivia com o bem estar intuitivo ocasionado pelo trabalho pé no chão do terreiro. Outro aspecto, tens muito amparo espiritual e bons companheiros que estão juntos. Lembra: duas corujas são quatro olhos a olhar por ti.
- Médium: Como devo proceder para alimentar e manter o pássaro livre e as corujas no galho da minha árvore?
- Caboclo Pery: Filha, humildade, muita humildade e amor, muito amor. Ame sua vida, seu canzuá - casa - cada pedacinho do solo que seus pés pisam ao suportar vosso espírito em suas andanças terrenas. Ame a si mesma e cada centímetro do seu saudável corpo, sem culpa de nada e expanda este amor para todos os filhos de seu coraçãozinho. No êxtase da intuição espiritual ou no ranger de dentes das dores da alma que virão, em ambos os casos, mantém a serenidade. Não vibra em excesso na euforia da conquista e nem te deixa entristecer pelas derrotas que ocorrerão. É entre um estado e outro que o espírito que almeja conquistar a si mesmo se conduz, mantendo o pássaro livre e a clarividência das corujas a indicar os vôos do pássaro da alma em solo terreno.
Ele é flecheiro
É juremeiro
Vem de Aruanda
Ele vai baixar
Vai amparar
Filhos de umbanda
Okêe, okêe, okêe!
Caboclo Pery no congá!