Para os iorubás, a tradução literal de Orixá poderia ser: “Senhor da cabeça” ou “Senhor da luz” (Arashá: Ara = Luz + Shá = Senhor/ Orixá: Ori = Cabeça + Xá = Senhor). Na verdade, acho impossível falar sobre Orixás sem considerarmos o contexto histórico e cultural das religiões africanistas, que mencionaremos modesta e superficialmente: “uma visão simplificada”, conforme anuncia o subtítulo. Esse contexto é o reforçador do entendimento, para muitos umbandistas, de que os Orixás são espíritos altamente evoluídos e que já tiveram existência corpórea na Terra. Entretanto, também há aqueles que afirmam que Orixás são emanações da energia divina, como diferentes aspectos dessa mesma energia, e nunca foram “pessoas”, nunca foram seres humanos individualizados. Por outro lado, existem até versões que vislumbram, nos Orixás, semelhanças e identificações com divindades de culturas muito antigas: para os defensores dessa vertente, podemos citar, como exemplo, a correspondência entre Zeus (deus grego do trovão e dos raios, impulsivo e sensual, que tem como símbolo um machado duplo) e Xangô: divindade iorubá que governa raios e trovões, amante ardoroso, que tem como símbolo um oxé (machado de duas lâminas).
A polêmica não é pequena, e já deu curso a inúmeros debates acalorados. Não temos a resposta final, mas respeitamos as diferentes versões apresentadas pelos estudiosos da Umbanda.
Os Orixás africanos: uma visão simplificada
Originariamente, o conceito de Orixá poderia ser entendido como um objeto de culto à ancestralidade dos iorubás, com a transformação em divindade de um determinado antepassado – não qualquer um, mas aquele com descendência numerosa e socialmente importante para a comunidade. Essa “divinização” ocorreria em um momento de paroxismo existencial ou emocional (raiva, medo, tristeza). Ogum, por exemplo, antigo soberano da localidade de Irê, teria se transformado em Orixá depois de transtornado por culpa, arrependimento e tristeza, após um ataque de fúria que o fez aniquilar sua cidade. Quanto a Xangô, segundo consta, teria chegado à divinização como Orixá ao deixar seu reino, Oyó, com a companhia da esposa Oiá, sentindo-se abandonado e desmerecido. Essas situações dramáticas, esses momentos de profunda transformação na vida do indivíduo, levariam, entre outras coisas, à aquisição de vínculos com objetos ou forças da natureza. A atribuição do controle dos raios a Xangô, a representação da pedra do raio (e das pedreiras como seu ponto de força), por exemplo, teriam explicação nessa associação de poder divino (e desses objetos ou forças) ao Orixá.
A história desses processos de transformação do humano em divino deu origem a uma série de lendas, que registram a atribuição de características peculiares ao personagem, como a manipulação dos metais a Ogum, ou a caça e seus apetrechos a Oxossi. O poder excepcional e a raiz familiar atribuídos ao Orixá explicam a sua “força” e dão um sentido comunitário ao culto, que acaba assumindo uma distribuição regional bastante marcada: em algumas regiões da África, estão presentes divindades que não estão em outras localidades. A posição de destaque de um Orixá vai depender, então, das características históricas, políticas e culturais de uma dada região; papéis atribuídos a uma determinada divindade podem ser assumidos por outra, de acordo com sua importância local. Iemanjá, por exemplo, era muito cultuada na região de Egbá e muito pouco em Ijexá, onde predomina o culto a Oxum.
Ainda descrevendo seu surgimento como figura mítica, ao evoluir da condição humana para a divina, o Orixá passaria a utilizar-se do corpo físico de um de seus descendentes (o elégùn) para manifestar-se, reassumir características de sua personalidade original e desempenhar o papel simbólico de “ancião”, responsável por resolver problemas, arbitrar conflitos, reforçar normas de conduta e manter a harmonia do grupo social.
Equalizando a atuação dos diversos Orixás, estaria Olodumaré, o Deus Supremo, inalcançável pelos humanos, cujas necessidades deveriam ser contempladas pelos Orixás, criados por ele para essa função e investidos de atribuições/ papéis/ferramentas particulares a cada um (a guarda das pedreiras/ o exercício da justiça/ o uso do machado - no caso de Xangô), numa espécie de representação das manifestações da natureza e do poder divino. Reunidas, as diferentes características dos Orixás acabam representando um conjunto de arquétipos, complementares entre si.
As religiões africanistas no Brasil e o sincretismo religioso
Durante mais de três séculos, milhares de africanos - tornados cativos - foram trazidos ao Brasil. Sua presença agregou à cultura brasileira elementos presentes até hoje na linguagem, na culinária, nas tradições sociais... e na religião – esta, a princípio, como um efeito inesperado: era indesejável, até certo ponto, o “culto estranho a divindades estranhas”; inúmeras iniciativas de doutrinação católica e de repressão aos cultos africanistas estão registradas na História. Por outro lado, nuances distintas de crença caracterizavam as diferentes nações (kêto, nagô, etc). Então, até certo ponto, a prática religiosa de raiz tribal era incentivada pelos escravagistas como forma de manter certo senso de identidade e rivalidade entre as diferentes etnias cativas – não como uma forma de condescendência inocente, mas como uma avaliação calculista de que estimular dissonâncias e rivalidades étnicas era um instrumento de fragmentação social entre a população escrava, impedindo a formação de grandes grupos e o surgimento de revoltas e levantes.
Por outro lado, numa permanente ambivalência, havia a necessidade de “catequização” dos cativos, atendendo a finalidades diversas: era uma afirmação “aceitável” para justificar a vinda de tantos africanos às terras brasileiras; era, também, recomendável evitar que os negros sofressem o mesmo processo por parte de colonizadores protestantes que ameaçavam infiltrar-se no território (fazia-se imperioso catequizá-los antes que os protestantes o fizessem). Por fim, ainda havia o medo das crenças africanistas, julgadas bárbaras.
A contradição e a ambivalência entre os movimentos de catequização compulsória e de tolerância calculada permaneceram como um pêndulo, oscilando durante todo o período da escravatura. Pergunto-me se essa ambivalência não estaria refletida, até hoje, no olhar de grande parte da população brasileira – que às vezes procura a Umbanda ou o Candomblé quando necessário ou urgente, mas não deixa de se afirmar espírita, católica, protestante ou o que seja, quando indagada sobre sua confissão religiosa.
O alvorecer da Umbanda e as menções aos Orixás
Em seu livro “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, publicado em 1933, Leal de Souza faz esta menção aos Orixás na Umbanda:
“Cada uma das sete linhas de umbanda e demanda tem vinte e um orixás.
O orixá é uma entidade de hierarquia superior e representa, em missões especiais (...) o alto chefe de sua linha. (...)
Os orixás não baixam sempre, sendo poucos os núcleos espíritas que os conhecem. (...) Em oito anos de trabalhos e pesquisas, só tive ocasião de ver dois orixás, um de Euxoce (Oxóssi), o outro de Ogum, o orixá Mallet.”
O livro anterior de Leal de Souza, “No Mundo dos Espíritos”, foi escrito em 1925 e seria o primeiro livro conhecido a fazer referência ao vocábulo Umbanda; nele, porém, não há citações referentes a Orixás. Pelo que vimos, no entendimento do autor, seriam espíritos de grande elevação, manifestando-se mediunicamente em ocasiões excepcionais. Muitos umbandistas, ainda hoje, pensam dessa forma, provavelmente derivada dos cultos africanos originais.
Os Orixás na Umbanda Esotérica
A corrente de pensamento que defende a chamada Umbanda Esotérica começou a se formar logo nas primeiras décadas do século XX, notoriamente durante o “1º Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda”, em 1941. Confesso minha incapacidade de compreensão de conhecimentos tão herméticos; acho sempre uma incógnita ler autores esotéricos, mesmo os recomendados pela minha Casa, como W. W. Matta e Silva. Alguns dirão que esoterismo é assim mesmo, que conhecimentos muito profundos são para poucos, que os iniciados precisam trilhar um longo caminho para ter acesso a um saber oculto, etc. Bem, se é assim, fico aqui me contentando em absorver a coisa toda pelas “beiradas” e apresentando os conteúdos que encontrei; fico devendo maiores interpretações de minha parte.
Podemos começar com F. Rivas Neto. Em seu livro, “Umbanda Proto-síntese Cósmica”, existe uma divisão de Orixás nestes sucessivos graus de hierarquia: “Orisha” Virginal, Causal, Refletor, Original, Supervisor, Intermediário e Ancestral. Pelo que pude entender, os Orixás que formam as Sete Linhas da Umbanda como conhecida na literatura (“Orixalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Yorimá, Yori e Yemanjá“) ocupam o status de Orisha Ancestral. Aparentemente, os Orishas descritos pelo autor são emanações da Divindade Suprema:
Nesse mesmo Cosmo Espiritual havia uma realidade acima de todos os Seres Espirituais, sendo essa a realidade absoluta, o Supremo Espírito, o Qual denominamos, sem defini-lo ou limitá-lo, como Deus. Assim, nesse Cosmo Espiritual, a Suprema Luz Espiritual estende suas Vibrações Espirituais aos primeiros 7 Puros Espíritos, na chamada Coroa Divina, ou seja, aquelas Potestades de Sublime Luz que estendem suas Vibrações a todos os Seres do Cosmo Espiritual. São os 7 Espíritos Virginais por nós denominados ORISHAS VIRGINAIS.
Roger Feraudy, por sua vez, é conhecido por seu rico trabalho artístico na área musical (integrou o conhecido Samba Trio) e por sua dedicação à Umbanda Esotérica na Fraternidade do Grande Coração; autor de vários livros, entre eles “Umbanda, essa desconhecida”, no qual declara:
Os Orixás são os grandes arquitetos siderais ou construtores de sistemas solares, e nós, seres humanos, devemos a eles nossa evolução intelectual e física.
São também chamados de Hierarquias Criadoras e se ocupam da construção do Universo. Completaram sua própria evolução em idades e universos pretéritos. Poderíamos dizer que, em épocas imemoriais, foram indivíduos como nós (guardadas as devidas situações de cada época, impensáveis para o homem atual).
Orixás são divindades, também conhecidos como os Mensageiros do Senhor ou Luz do Senhor ou ainda As Sete Emanações do Senhor. A origem do nome Orixá vem da palavra Purushá, do idioma sânscrito, o idioma sagrado que deu origem a todas as línguas, em sua raiz.
Já para o conhecido autor Rubens Saraceni,
A Umbanda prega que as divindades de Deus (os orixás) são seres Divinos dotados de faculdades e poderes superiores aos dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são indissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.
O autor descreve a existência dos Sete Tronos de Deus: Trono da Fé (representado por Oxalá); o Trono do Amor (Oxum); o Trono do Conhecimento (Oxossi); o Trono da Justiça (Xangô); o Trono da Lei (Ogum); o Trono da Evolução (Obaluaê) e o Trono da Geração (Iemanjá).
Como vimos, não há correspondência exata entre os Tronos de Deus e as Sete Linhas mencionadas normalmente pela doutrina umbandista. O autor faz uma descrição dessas instâncias, que exemplifico aqui:
Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.
Até aí, tudo bem, né? Meu problema com os textos de Saraceni começam quando ele vai se aprofundando:
O Trono Regente Planetário se individualiza nos sete Tronos Essenciais, que projetam-se energética, magnética e vibratoriamente e criam sete linhas de forças ou irradiações bipolarizadas, pois surgem dois pólos diferenciados em positivo e negativo, irradiante e absorvente, ativo e passivo, masculino e feminino, universal e cósmico.
Uma dessas projeções é a do Trono da Justiça Divina que, ao irradiar-se, cria a linha de forças da Justiça, pontificada por Xangô e Egunitá (divindade natural cósmica do Fogo Divino).
Na linha elemental da Justiça, ígnea por excelência, Xangô e Egunitá são os pólos magnéticos opostos. Por isto eles se polarizam com a linha da Lei, que é eólica por excelência. Logo, Xangô polariza-se com a eólica Iansã e Egunitá polariza-se com o eólico Ogum, criando duas linhas mistas ou linhas regentes do Ritual de Umbanda Sagrada.
O Orixá Xangô é o Trono Natural da Justiça e está assentado no pólo positivo da linha do Fogo Divino, de onde se projeta e faz surgir sete hierarquias naturais de nível intermediário, pontificadas pelos Xangôs regentes dos pólos e níveis vibratórios intermediários da linha de forças da Justiça Divina. Estes sete Xangôs são Orixás Naturais; são regentes de níveis vibratórios; são multidimensionais e são irradiadores das qualidades, dos atributos e das atribuições do Orixá maior Xangô.
Então, né… acho que não peguei o “espírito da coisa”. Deve ser limitação minha. Muita gente curte o trabalho do Saraceni e utiliza seus conhecimentos com desenvoltura. Afinal, se o problema é hermetismo, o que não dizer de W. W. Matta e Silva? Autor consagrado, de influência notória dentro da Umbanda de orientação esotérica, Pai Matta deixou vários livros, como “Umbanda de Todos Nós”:
Vamos começar, portanto, demonstrando que SETE são realmente as Vibrações Originais ou Linhas e de SETE em SETE são os Orixás de cada uma.
Antes, porém, vamos dar uma definição do que sejam VIBRAÇÕES: São as manifestações de uma LEI em harmonia, que afere o Número, o Peso, a Quantidade e a Medida, do Átomo aos Turbilhões, emanadas em origem pelos SETE Seres de pura luz espiritual, ou seja, os SETE Espíritos de Deus (…)
Esta palavra, que é ORISHÁ ou ORISÁ, foi por contração, extraída da primitiva ORISHALÁ ou ORISA-NLÁ e tem sua origem nas línguas Árabes, Persa, Egípcia, Sânscrita, Vatan ou Adâmica etc., que havia chegado à raça negra, de outros povos, especialmente dos Árabes… (…)
Os Sete Espíritos de Deus coordenam essas vibrações que regem o movimento no Cosmos para todo os sistemas planetários, ou seja, do original, o Universo Máter (esta definição está “clara e hermética”. Depende do evolutivo de quem a leia).
Ficou esquisito? Pois é, como se trata de uma citação, conservei as maiúsculas, a caixa-alta e as frases exatamente como estão: sim, leitor, o texto é confuso – tanto pelo estilo peculiar (muita maiúscula, muita viagem, muita sucessão de idéias que vão, vão, vão e não voltam ao assunto proposto) quanto pelo próprio conteúdo, já que Orixá é mesmo um assunto complicado – como tudo o mais que se lê num livro de Matta e Silva. Deixo claro que não é desaprovação: é a confissão da minha incapacidade de compreender, fazer o quê?
Na verdade, podemos encontrar termos utilizados por Matta e Silva, Rivas Neto e Roger Feraudy nas obras da Teosofia, conjunto de conhecimentos filosóficos e religiosos sistematizados por Helena Blavatsky. Autores como Madame Blavatsky e Charles Webster Leadbeater publicaram numerosos livros sobre o assunto, e até hoje inúmeros estudiosos se esforçam para compreender esses conhecimentos, reunidos em sociedades e agremiações pelo mundo todo. Uma delas é a Sociedade Teosófica no Brasil. Muitas informações contidas nos autores da Umbanda Esotérica aparecem em obras como “A Doutrina Secreta”, “Glossário Teosófico” e muitas outras. Confesso que arrisquei a leitura d’A Doutrina Secreta, mas sucumbi à minha ignorância e às minhas limitações. Quanto ao Rubens Saraceni, não consegui encontrar fontes bibliográficas que possam ter dado raiz à sua produção literária. Tive a impressão de que se trata de material da lavra pessoal do autor e de seus longos anos de experiência sacerdotal. Acho que, no cenário atual, a Umbanda Esotérica ainda é para a compreensão de poucos, mesmo que merecedora de estudo e admiração.
Encontrei maior facilidade com as explicações de Ramatis:
“Os orixás são aspectos da Divindade, altas vibrações cósmicas que se rebaixam até nós, propiciando a apresentação da vida em todo o Universo. Cada um dos orixás tem peculiaridades e correspondências próprias na Terra: cor, som, mineral (…) que fundamentam a magia na Umbanda por linha vibratória” (“A Missão da Umbanda”).
E, por fim, encontrei mais alento nas palavras da querida Mãe Iassan Ayporê Pery, dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery, em sua obra Umbanda Mitos e Realidade:
A compreensão básica de Orixá na Umbanda é de um complexo de energias, manifestado na terra através da força da natureza criada por Deus.(...)
A Umbanda cultua um único Deus, logo é monoteísta e os Orixás não são divindades ou semideuses, mas sim, complexos vibratórios e energéticos, criados e emanados do Astral Superior, (...)
Ordinariamente entendemos a manifestação do Orixá, através das forças da natureza, é o máximo que conseguimos, pois em sua essência verdadeira é pura luz. E como entender isso? É como querer entender e explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós. (…)
Temos a tendência a acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse “muito mais do que isso” que não conseguimos explicar em palavras; mas, grosseiramente falando, é o amor de Deus espalhado e ao mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao chegarem aqui traduzidos pelos diversos planos e sub-planos pelos quais passaram, nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é apenas a natureza. (…)
Na realidade o que a Umbanda fez foi “organizar” as manifestações divinas, em uma linguagem que pudéssemos compreender. (…)
Impressão pessoal
Acredito que, ao contrário da crença iorubá ou das palavras de Leal de Souza, os Orixás propriamente ditos não são nossos ancestrais desencarnados ou espíritos diferenciados, que se destacaram quanto à velocidade do processo evolutivo. Por outro lado, se pensarmos que constituem um grupo de seres inteligentes, é questão de lógica imaginarmos que, um dia, foram criados “simples e ignorantes” como todos os demais espíritos – mesmo que há “milhões de milênios”, na noite dos tempos. Pelo menos, é o que encontramos na Questão 115 do “Livro dos Espíritos” de Allan Kardec.
Acrescento que achei sensacionais as palavras de Mãe Iassan; deu seu recado de forma simples e objetiva (quisera eu ter esse dom, e talvez entediasse menos os meus leitores…). Se tivesse que escolher uma abordagem, ficaria com ela. Acredito, também, que, apesar de não devermos deixar de lado o estudo e a reflexão sobre o assunto, precisamos manter a busca pelo contato com a irradiação divina que todos nós recebemos por parte dos Orixás, a todo momento. Creio que isso seja indispensável, e todos deveríamos ter uma imagem mental, uma referência, um “link” rápido para conexão com os Orixás. No que você pensa, por exemplo, ao ouvir um ponto de Oxóssi? Que imagem vem à sua mente quando faz uma prece a Iemanjá? E Nanã? Que sentimentos ou sensações físicas aparecem ao concentrar sua atenção no congá, na imagem de Jesus representando Oxalá? Afinal, quem são essas figuras pra você? qual a importância delas na sua vida, no seu cotidiano?
A reflexão não acaba aqui – muito menos o assunto: novos posts falarão um pouco sobre as Sete Linhas de Umbanda, os Orixás que cultuamos (e suas características), algumas considerações sobre Orixás de cabeça e de nascimento… e o que mais conseguir encontrar. É material pra mais de metro, mas em tempo oportuno vamos publicar aqui no blog!
FONTES:
Pierre Fatumbi Verger, “Orixás”, Editora Corrupio, 2002
Leal de Souza, “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, Editora do Conhecimento, 2008 (2ª edição)
F. Rivas Neto, “Umbanda Proto-síntese Cósmica”, Editora Pensamento-Cultrix, 2007
Roger Feraudy, “Umbanda, essa desconhecida”, Editora do Conhecimento, 2006
Rubens Saraceni, “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada”, Editora Madras, 2003
W. W. Matta e Silva, “Umbanda de Todos Nós”, Icone Editora, 2009
Norberto Peixoto, “A Missão da Umbanda”, pelo espírito Ramatis, Editora do Conhecimento, 2006
Estudo publicado no blog
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