A noção umbandista que formula uma “Doutrina de Umbanda”
é maleável, permeável e apresenta porosidades com outras tradições, credos,
filosofias e religiões diversas, acomodando-se conforme as convergências –
sincretismos – existentes e vivenciadas nas práticas rituais dos terreiros. Isto
ocorre, tanto mais ou tanto menos, quanto os sacerdotes da religião, com o “olhar”
dos seus Guias Astrais, enfatizam esta ou aquela raiz de origem formadora do
Cosmo Umbandista.
As várias raízes formadoras são todas componentes do
Universo, assim como os instrumentos musicais fazem parte de uma mesma
orquestra, cada um com um acorde específico somando na sinfonia final. Estas
raízes são reinterpretadas e quando confrontadas não apresentam incoerências,
pois os símbolos míticos – significantes – que carregam ganham “novos”
significados, todavia mantendo-se o sentido esotérico original.
Assim, por exemplo, na cultura Nagô Yorubana OXALÁ é o
detentor do poder genitor masculino e é Co-Criador Divino. Todas suas
representações simbólicas incluem a cor branca. Oxalá faz parte como elemento
fundamental dos primórdios da Criação Divina, é a “plataforma” do amor de
Olórun – Ser Supremo - que sustenta a formação de todos os tipos de criaturas
no AIYE – Plano Espiritual - e no ORUN – Plano Físico. O arquétipo de OXALÁ é
alheio a toda violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da
pureza. Assim como Exú – movimento – é o grande símbolo da síntese de todas as
origens, representando a totalidade, consequentemente residindo em todos os
seres humanos em natural aptidão espiritual ou estado latente de potencialidade
Crística, a ser germinada no momento certo de caminhada evolutiva em
conformidade com os destinos de cada um a serem caminhados entre as
reencarnações sucessivas.
Imaginemos OXALÁ o Oleiro Primordial, responsável pela
criação física dos homens: a argila é a mesma para todos, mas o Sopro Divino –
EMI – que lhes dá a vida é diferenciado e inigualável a cada assopro de Olórun,
forjando cada centelha espiritual imorredoura única. No processo de evolução
entre as reencarnações, cada criatura criada pelo Criador desenvolverá
inexoravelmente consciência de si mesmo e suas potencialidades individuais,
fruto do exercício do livre arbítrio que cada vez mais despontará
ocasionando-lhe merecimentos, débitos, disposições, preferências; enfim um modo
de ser peculiar, fazendo-nos diferentes um dos outros, mas iguais por termos a
mesma origem sagrada. Sem dúvida na Umbanda, Jesus foi, é e continuará sendo, o
maior símbolo dos Atributos Divinos de OXALÁ no planeta Terra, significando o
próprio aspecto e irradiação Crística do DEUS único, independente de rótulos
religiosos que nos atribuímos reciprocamente, por ainda não entendermos a
magnitude da Criação Divina.
Muita paz, saúde, força e união.
NORBERTO PEIXOTO.