Vejo hoje as
pessoas com muita pressa. Já chegam no terreiro sabendo tudo, eles "de
fora" explicando aos "de dentro" o que é e o que não é da
religião, num aprendizado superficial, "pasteurizado", de apostila
meramente, sem vivência. Ocorre que o saber dentro da Umbanda é adquirido ao
longo do tempo. Não se pega tudo pronto, só de comprar a apostila ou fazer o
curso aqui ou acolá. Não se aprende tudo de uma vez em poucos meses, já
dizendo-se "pronto".
O saber é formado a partir das experiências, da
sabedoria que é passada através dos mais velhos, das situações inusitadas que
ocorrem dentro do templo sagrado, das inúmeras orientações que nossos Guias nos
passam. É claro, não podemos também nos fechar e não nos interessarmos por
aspectos históricos e mitológicos, em nos abrirmos para estudar. Todavia,
reflitamos que àqueles que acham que estão fazendo o certo ao não se fixarem em
nenhum terreiro, pois nada está ao alcance de seus conhecimentos, só mostra a
falta de preparo, falta de humildade em seguir uma casa, em se ter
pertencimento a um grupo, comunidade e à uma egrégora.
Quem muito se deixa
levar como folha ao vento é sinal de que não tem nada a oferecer. Os galhos se
fixam no tronco, o tronco se sustenta numa raiz.
Muitos entram
entusiasmados e rapidamente na Umbanda. Poucos, creio
que muito poucos, tem a paciência de esperar o tempo certo, vivenciado numa
corrente, para criarem em si as condições propiciatórias à Umbanda entrar em
seus corações.
Tenho 45 anos
de batizado na Umbanda. Fazem 15 anos que tenho casa aberta e sou zelador à
frente de um Congá. Ainda hoje me sinto incapaz para a Umbanda entrar
plenamente em meu frágil coração, tanto ainda que me resta vivenciar e
aprender.
Axé,
Norberto
Peixoto.