Por Norberto Peixoto.
Utilizo o jogo de búzios, realizado com 16 cauris (conchas do mar) africanos, que são jogados sobre uma peneira de palha levemente côncava. Não tem a finalidade de predição, ou seja, antecipar possíveis ocorrências futuras, no sentido popular de adivinhação. Chama-se Merindilogun, exatamente pelo fato de erindilogun significar dezesseis. Entendemos arte divinatória ou divinação, como o ato de nos conectarmos com o divino que tem dentro de nós, nosso Ori, núcleo intrínseco do espírito, que traz nossos registros de vidas passadas e a programação da vida presente. É a busca da ligação com o Eu Superior ou Crístico de cada um.
O processo de divinação para nós é “acessar” o divino de cada médium e “diagnosticar” o seu Eledá – regência dos Orixás –, ato litúrgico individualizado que faz parte do autoconhecimento por dentro da religiosidade com os orixás. Claro está que a compreensão destas forças divinas que nos influenciam podem nos conduzir a fazer inferência sobre nossos caminhos futuros. Se vamos percorrê-los adequadamente, dando os passos certos, depende de reflexão e do esforço pessoal de cada um de nós.
O processo de divinação para nós é “acessar” o divino de cada médium e “diagnosticar” o seu Eledá – regência dos Orixás –, ato litúrgico individualizado que faz parte do autoconhecimento por dentro da religiosidade com os orixás. Claro está que a compreensão destas forças divinas que nos influenciam podem nos conduzir a fazer inferência sobre nossos caminhos futuros. Se vamos percorrê-los adequadamente, dando os passos certos, depende de reflexão e do esforço pessoal de cada um de nós.
O “poder” que o olhador tem para interpretar corretamente a caída dos búzios, que tem várias possibilidades de interpretações, se tantos abertos ou fechados, se amontoados entre si de um jeito ou de outro, se em barracão (caídas abertas em locais diferentes da peneira separados por búzios fechados), entre tantas outras que não é a finalidade desta obra aprofundarmos, depende inexoravelmente de aprendizado e estudo, mas isto não é ainda o suficiente.
É indispensável que o sacerdote olhador tenha o devido preparo astral, ocorrência antes de sua atual reencarnação. Isto se dá nas Escolas de Umbanda existentes no Plano Espiritual e concomitante a vida passada experienciada em solo africano. Existe uma linha de continuidade iniciática, que impõe que o recebimento dos búzios seja feito em ritual de passagem, conduzido por um sacerdote mais antigo.
Não tem como ser um olhador do jogo de búzios e fazer as interpretações corretas, sem erro, se não se tiver potencialidades anímicas desenvolvidas, como a clarividência – ver o mundo astral -, clariaudiência – escutar o mundo astral -, e finalmente senciência – a capacidade de sentir-, sentimento, emoções, dores, tanto de seres desencarnados como das humanas criaturas... Embora não haja a clássica incorporação mediúnica durante o jogo, não temos como afirmar que todo o processo não seja amparado pelo mediunimo.
Primeiramente, existem entidades astralizadas que são os verdadeiros leitores, segundo é indispensável a mediunidade de efeito físico. Os chacras palmares do médium são sensibilizados antes de sua encarnação, diretamente nos centros de forças correspondentes no perispírito, fazendo com que exsudem fino ectoplasma pelas suas mãos, que servem de meio de ligação para que os Guias Astralizados procedam a movimentação dos cauris quando são lançados. Isto é o sentido esotérico profundo de ter a “mão de Ifá”. O ritual de confirmação e passagem dos búzios, aplicado por um sacerdote mais antigo e igualmente possuidor da “mão de Ifá”, é como se fosse um “selo de garantia”. Ou seja, não basta fazer um curso e participar de um rito de consagração ao final, se de fato o candidato a sacerdote (olhador) não tiver as aptidões reais, marcadas e sensibilizadas em seu corpo astral antes de sua atual encarnação.