As relações mediúnicas com espíritos de índios, caboclos, pretos e congêneres, nas práticas ritualísticas dos terreiros e conhecidas como de Umbanda, só significam seita, doutrina ou movimento religioso com atividades mediúnicas de origem africana, num sentido exclusivamente benfeitor...
Apesar do louvável empenho dos umbandistas em atribuírem a origem de sua religião a fontes iniciáticas do Egito, da Caldéia ou da Índia, o certo é que a doutrina de Umbanda, atualmente praticada no Brasil, deriva fundamentalmente do culto religioso da raça negra da velha África. Os seus princípios doutrinários não se vinculam à magia ou escolástica de qualquer ramo iniciático ou bastardo das religiões e cultos egípcios, hindus, caldaicos, assírios ou gregos. Eles são realmente frutos do “folclore”, dos provérbios, aforismos, das lendas, crenças populares, canções e tradições do negro africano. O vínculo do negro persiste implacável, apesar da penetração do branco e das tentativas dos ocidentais considerarem a Umbanda uma doutrina exclusivamente originária de antigas confrarias do Oriente.(p.136)*
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Umbanda não apresenta uma unidade doutrinária e ritualística, porque todo “terreiro” adota um modo particular de operar e cada chefe ou diretor ainda se preocupa em monopolizar os ensinamentos pelo crivo de convicção ou preferência pessoal. Mas o que parece um mal indesejável, é conseqüência natural da própria multiplicidade de formas, labores e concepções que se acumulam prodigamente no alicerce fundamental da Umbanda!
Aqueles que censuram essa instabilidade muito própria da riqueza e variedade de elementos formativos umbandísticos, são maus críticos, que devido à facilidade de colherem frutos sazonados numa laranjeira crescida, não admitem a dificuldade do vizinho ainda no processo de semeadura!(p.130)*
(*) Ramatís - Livro a Missão do Espiritismo / texto extraído do capítulo - o maior da obra - sobre a Umbanda e com quase 50 anos da primeira edição - Editora do Conhecimento