Umbanda, rito mediúnico na mata. |
PERGUNTA: - Alguns membros e adeptos de outras instituições espiritualistas, como o Esoterismo, a Teosofia, a Rosa-cruz ou a Ioga, censuram o Espiritismo por ter popularizado demais a prática mediúnica. Alegam que isso vulgariza o intercâmbio espiritual com o mundo oculto, o qual só deveria ser efetuado em ambientes iniciáticos, sem as confusões, os exotismos, as mistificações e interferências anímicas de médiuns incultos e indisciplinados. Afirmam que isso também contribui para ridicularizar o esforço dos mentores espirituais em sua delicada tarefa de esclarecer os encarnados. E que o Espiritismo deveria ser doutrina exclusivamente filosófica, sem difundir o intercâmbio mediúnico entre um público ainda ignorante ou apenas curioso. Que dizeis?
RAMATÍS: - A mediunidade não foi inventada pelo Espiritismo*. É tão velha quanto o homem, pois é uma faculdade oriunda do espírito e não da matéria. Portanto, existe desde que a primeira criatura (espírito encarnado) surgiu na Terra e os centros nervosos do seu corpo apuraram a sensibilidade dos seus sentidos. Então, o homem primitivo transformou-se em um instrumento que, pouco a pouco, apuraria as suas faculdades que o ajustariam a ser um traço-de-união entre o mundo oculto e o mundo físico.
É evidente que essa sensibilização do sistema nervoso do homem contribuiu para que as entidades do mundo invisível o utilizassem como veículo para se estabelecer um intercâmbio entre os dois planos.
No entanto, embora a criatura ignore, ela pressente que o seu aperfeiçoamento "psicofísico" depende muitíssimo da assistência e pedagogia do mundo espiritual. A Humanidade tem sido guiada desde sua origem por leis do mundo oculto, que atuam com profunda influência no ser humano. Todas as histórias, lendas, narrativas de tradição milenária do vosso orbe estão repletas de acontecimentos, revelações, fenômenos e manifestações extraterrenas, que confirmam a existência da mediunidade entre os homens das raças mais primitivas.
A própria Bíblia, que serve de argumento tradicional para os sacerdotes combaterem o Espiritismo, é entremeado de relatos e acontecimentos próprios do mundo oculto, nos quais intervêm anjos, profetas ou entidades sobrenaturais. Qualquer tribo, raça, povo ou civilização do presente ou do passado ainda conserva no seu folclore a tradição vivida por gênios, fadas, gnomos, deuses, silfos, bruxas, ondinas, salamandras, nereidas ou seres exóticos, que se divertem no mundo invisível e tanto ajudam como hostilizam a vida dos homens. Antigamente havia tratados sibilinos, métodos ocultos e práticas de magia sublime ou repulsiva, que os magos consideravam os processos mais eficientes para o homem entrar em contacto com os habitantes do mundo invisível. A magia a era praticada junto aos rios, ao mar, no campo e na mata virgem, pois a Natureza sempre foi o palco adequado para desenvolver a vontade, a coragem e o espírito curioso ao ser humano.
Entretanto, os fenômenos mediúnicos já se generalizaram de tal forma, no século atual, que se manifestam tanto aos homens que os desejam ou procuram, como entre aqueles que os detestam ou os temem por manifestações diabólicas. Malgrado o prestígio da Ciência acadêmica do vosso mundo, os cientistas terrenos já não podem fugir à contingência imperiosa de estudarem a mediunidade, cada vez mais atuante no seio da humanidade terrena. Em países mais cultos, já se efetuam pesquisas e estudos sérios no gênero, embora ainda sob o rótulo de "parapsicologia", nomenclatura que atende aos superficialismos da vaidade acadêmica.
Fonte: Mediunidade de Cura - Ed. do Conhecimento.
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