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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Existem pecados?

Pergunta –Diante da máxima universal de que a semeadura é livre e a colheita obrigatória, não existem pecados, apenas causas e efeitos,  o fato de Jesus liberar-nos da responsabilidade pelos nossos pecados – atos - não nos infantilizou espiritualmente ao longo da história, pelos caminhos que as religiões instituídas deram ao cristianismo? O que tendes a dizer a esse respeito?
Ramatís – Em verdade Deus não estabelece nenhum sistema punitivo aos cidadãos em evolução. Todas as dores e sofrimentos humanos, individuais e coletivos, regem-se pela mais absoluta justiça, por mais desagradáveis e trágicas que possam ser as colheitas de cada alma.
Os seres ignorantes, semeando descaso com a Lei Maior, ativam inconscientemente um automatismo cósmico retificador que reage em igual proporção, alinhando-os novamente nos trilhos de ascensão à estação angélica.
Ninguém é punido ou castigado porque “peca”, eis que o pecado serve tão somente às religiões para esculpirem a culpa, o medo e a dominação nos crentes. Além do que, aquilo que não era pecado ontem é hoje, e o que é pecado na atualidade antigamente não era. Se os costumes morais e religiosos não mudassem conforme o contexto da época, nos dias atuais seria normal se matar o inimigo e o matador ser ovacionado ao voltar para casa com o derrotado morto puxado pelos cabelos; e os ritos sagrados de algumas etnias silvícolas em que se comia os desafetos assados ainda seriam normais. Em sentido inverso, as mulheres divorciadas da sociedade atual seriam pecadoras hereges destinadas à fogueira; não se teria liberdade de opção religiosa e os bispos e cardeais católicos continuariam ricos, tendo muitas amantes e mandando em vossos governantes.
Os “pecados” mudam na linha do tempo em concordância com os sistemas sociais, religiosos, econômicos e morais de cada época; imputa-se atitudes punitivas a um Deus que é todo amor em suas leis imutáveis. Virtudes e vícios são perenes e servem para o aprendizado das Leis Divinas, conduzindo os homens ao manejo adequado de seus mecanismos de equilíbrio.
Assim como o plantador de feijão deve regar com a quantidade certa as sementes, sob pena de colocar excesso de água e apodrecer as raízes, ou pouca água e o solo não ficar suficientemente umidificado para nutrir as tenras folhas, danificando-as pelo ressecamento, assim o espírito eterno, enquanto não aprender a operar equilibradamente as Leis Cósmicas, colherá em si e para si as conseqüências boas ou ruins da sua falta de habilidade.
É certo que toda a dominação religiosa para se conduzir um rebanho subjugado infantiliza as ovelhas. O fato de muitos crentes, até os dias de hoje, considerarem que basta a confissão ao padre, o testemunho de fé positiva ao pastor no púlpito dominical, o dízimo semanal para alcançar a graça do Espírito Santo, o trabalho pago aos orixás indicado pelos búzios, o passe semanal no terreiro umbandista ou assistir à palestra com água fluída do centro espírita, para livrá-los dos seus “pecados” – a colheita pelos seus atos – demonstra um entendimento infantil das Leis de Deus, tal qual a criança que, colocando a capa do Super-Homem, sai correndo, pulando a janela para voar e se esborracha no chão.  

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