A escala da
faculdade mediúnica é muito extensa e variada. O médium, que é também um indivíduo
senhor de vasta ou reduzida bagagem
psíquica milenária, está sempre
presente animicamente e com o seu acervo pessoal na comunicação mediúnica dos desencarnados. É dificílimo, pois, encontrar dois médiuns cuja moral,
temperamento, cultura ou poder
mental coincidam rigorosamente entre
si e, por isso, produzam comunicações perfeitamente semelhantes. Mesmo quando
se trata de médium de incorporação
completa, e inconsciente, a sua bagagem psíquica e a contextura de sua individualidade espiritual sempre
influem nas comunicações mediúnicas,
impondo certa peculiaridade pessoal
do mesmo. Só em caso de morte física é que
o espírito se desliga completamente do corpo carnal, que passa a ser o "cadáver" absoluto, o
corpo sem vida e sem qualquer possibilidade de influir exteriormente.
O perispírito do
médium, que é a matriz ou o molde original
do corpo físico emprestado ao espírito desencarnado manifestante, embora conserve-se a longa
distância, assim mesmo influi, de
onde se encontra, deixando transparecer na comunicação suas características psíquicas já condicionadas no pretérito. O espírito comunicante
utiliza-se do corpo do médium como se encontrasse a casa livre para habitar, tal como já vo-lo explicamos; mas o seu
temperamento, cultura ou costumes só
poderão se manifestar para o exterior
através dos "móveis" do dono da casa ou seja das peculiaridades
do médium ausente.
A faculdade
intuitiva e a de incorporação não podem ser consideradas dois ladrões exclusivos de mediunidade opostas entre si, porque tanto o médium intuitivo
como o de incorporação podem variar
em sua manifestação mediúnica, revelando alguns
matizes opostos e incomuns à sua própria faculdade habitual. O intuitivo, algumas vezes, pode comunicar em transe sonambúlico parcial, embora isso,
não seja freqüente, e o médium
incorporativo também é sujeito a interpolar
na sua manifestação mediúnica algo da faculdade intuitiva. Durante o exercício mediúnico podem surgir fatores ou circunstâncias que favorecem no médium a
predominância de certo matiz
mediúnico diferente do que lhe é comum;
assim como, devido ao seu progresso espiritual, ele também alcança novos ensejos de melhoramento
psíquico na sua tarefa de comunicação
com o mundo oculto.
Em geral, os
médiuns intuitivos, às vezes, são incorporativos, enquanto outros nos quais predomina a faculdade incorporativa, acidentalmente também podem
comunicar intuitivamente.
A diferença é que
o médium intuitivo lembra-se de todos os pensamentos que lhe foram comunicados
pelos desencarnados, enquanto o de
incorporação é inconsciente, pois o seu perispírito afasta-se durante a manifestação mediúnica. No entanto, o
próprio médium de incorporação — que durante as comunicações dos espíritos desencarnados é inconsciente daquilo que se torna intermediário — mais tarde
recorda-se de algo das idéias que transitaram por si.
Ramatís - do livro Mediunismo.