PERGUNTA - A literatura
teosófica disponível, baseada nas filosofias orientalistas, especificamente no
hinduísmo, afirma que o corpo astral compõe-se de sete estados de matéria
astral, cada uma decompondo-se do mais grosseiro para o mais sutil. Esses
níveis de condensação do corpo astral não se associam a estados da consciência
que o animou no passado? Logo, não poderiam ser desdobrados em espécies de
subníveis de um a sete, como se fossem personalidades?
RAMATÍS - O estado atual do corpo astral,
sendo um veículo temporário e sujeito à transitoriedade da manifestação do
espírito no plano astral, relaciona-se ao momento presente da consciência que o
anima. O homem evoluído espiritualmente terá um corpo astral bem delineado,
plenamente formado, como se fosse uma tela artística retratando fielmente o
sujeito que emprestou temporariamente sua imagem para o pincel de habilidoso
artista; o materialista tem esse envoltório como se fosse uma caricatura mal
desenhada da sua personagem. Entre os dois extremos, do ente apegado ao sensório,
animalesco, mesquinho e individualista, e do indivíduo fraterno, amoroso,
altruísta e desinteressado, há muitos níveis vibratórios, que determinam o
estágio de densificação do corpo astral.
Cada nível de condensação do fluido
cósmico que compõe as moléculas e átomos do corpo astral, do mais denso ao mais
sutil, é regido pelas leis que estabelecem a ascensão espiritual.
Com certeza podeis, pelas contagens de
pulsos magnéticos associados à força mental de concentrado operador apométrico,
por sua vez potencializada pelos espíritos do lado de cá, alterar
momentaneamente, para baixo ou para cima, a freqüência e os níveis de
densificação do corpo astral desdobrado, aumentando ou diminuindo a coesão das
moléculas suprafísicas que o formam. Nessas ocasiões, é normal aflorarem
situações traumáticas de vidas passadas, facilitando a sintonia dos sensitivos
para vivenciarem em si a catarse dos tormentos pretéritos do consulente.
Todavia, deveis entender esses procedimentoS' como mera técnica de apoio mental
para vós, assim como os magos brancos de outrora se guiavam por pontos de
fixação de desenhos geométricos que facilitavam a concentração grupal e a
criação de formas-pensamentos coletivas, importantes para interferência no
plano astral.
Entretanto, incorreis em equívoco ao
supor que os sete níveis de condensação do corpo astral, que estão relacionados
com os sete subplanos astrais, sejam equivalentes a personalidades passadas os
fragmentos do inconsciente, ou ao que chamais de níveis de consciência. Tais
associações, como técnica de apoio para os comandos verbais e contagens de
pulsos magnéticos na dinâmica apométrica, confIariam frontalmente a unicidade
do inconsciente.
Tende em mente que a consciência,
destinada à expansão, tem fluxos e refluxos. O espírito mantém as mesmas
recordações e memória quando volta ao mundo dos mortos. Contudo, quando
reencarna, sobrevém o esquecimento, sendo a consciência totalmente
"absorvida" pelo único e imutável inconsciente. Nesse ir e vir, cada
vez que o ser retorna para o Além, sua consciência tende a ser maior e mais
expandida que a consciência personificada na encarnação anterior.
Sem exceção, a inexorabilidade das leis
que regem a evolução determina que a ascese espiritual atingirá a plenitude com
uma consciência una, quando o espírito não precisará mais do inconsciente como
subterfúgio para suportar, pelo esquecimento temporário, seus desmandos do
passado. Terá sublimado pelo esforço próprio o eu inferior que o amordaçava
compulsoriamente na rede cármica das reencarnações sucessivas.
Cada nível de condensação (ou faixa
vibratória) do corpo astral, para ser superado, não exige uma relação direta
com somente uma personalidade. No mais das vezes se impõem várias, centenas, de
encarnações sucessivas para o espírito galgar um outro estágio de sutilização
do corpo astral a ponto de alterar a faixa de freqüência vibratória que o
localiza no plano astral.
Não subestimeis a magnanimidade soberana
do Criador para com as criaturas, Suas criações. A Perfeição Absoluta, ao criar
as múltiplas diferenciações de personalidade pelas encarnações sucessivas para
a vida única e infinita dos seus filhos - destinados a serem individualidades
espirituais em eterna evolução -, precaveu-Se, mantendo as experiências
transatas como se fossem um bloco único arquivado no inconsciente, que
momentaneamente mantém desligada a consciência, devido aos desmandos do ego no
passado remoto.
A busca incessante da expansão
consciencial prossegue em cada encarnação, até a conquista perene, inabalável e
definitiva do discernimento crístico pelo espírito, que conscientemente
subverterá o inconsciente, dando seu grito de alforria do jugo carnal.
Podeis concluir que a matemática
proposta, desdobrando cada nível em uma personalidade ou um subnível de
consciência que se abre de sete em sete, sucessivamente, tendendo ao infinito
quanto mais antigo o espírito, é por demais simplória. Se assim fosse, os magos
negros já teriam instalado o caos na Terra, transformando-a em verdadeiro e
incrementado inferno de Dante. Fariam reprogramações cármicas quais ciganas a
lerem a sorte nas praças públicas.
Do livro Jardim dos Orixás.