Ele é um grande Orixá, ele é o
chefe da calunga, ele é seu atotô! Obaluaê.
Cadê a chave do baú, está com
mestre Omulú.
A letra deste ponto cantado
deve vos levar a muitas e profundas reflexões.
Temos o mesmo
Orixá com dois nomes: Obaluaê - o novo -
e Omulú – o velho -, simbolizando o ciclo da vida física e espiritual na
matéria, que se inicia no nascimento de um bebê e se encerra com a morte na
velhice. Observemos que tudo no
universo teve um início e inexoravelmente quase tudo terá um fim. Nós,
espíritos, somos infinitos. Nada é eterno, só Deus.
Especificamente Obaluaê/Omulu rege a transformação, a necessidade de
compreensão do carma, da regeneração e evolução. Representa o desconhecido e a
morte, a terra renovadora para a qual voltam todos os corpos putrefatos, a
terra que não guarda apenas os componentes visíveis da vida, mas também o
segredo do ciclo oculto desta vida - a transmutação -, eis que nada se perde no
Cosmo. Por isto Omulu/Obaluaê é o chefe da calunga – cemitério – que
simbolicamente é o rito de passagem da “morte”, onde se encerra o ciclo na
matéria, para o reinício de uma nova fase no mundo espiritual. Sua saudação –
atotô – quer dizer “Silêncio! Ele está aqui!” demonstrando o respeito que
devemos ter por este sagrado Orixá, Regente e Senhor do carma, pois é o
responsável pelo aspecto divino do Criador que autoriza a geração dos corpos
físicos que devereis ter nas encarnações, em concordância com a saúde e/ou doenças
que vivenciareis na materialidade para escoadouro de vossos débitos, novamente encetando-os à evolução espiritual.
Omulú, sendo a
representação do velho, traz com ele a sabedoria da experiência adquirida. Com
a chave este Orixá abre e fecha o baú – vosso corpo físico – abrigando nele a
cada encarnação transitória o vosso espírito imortal.
Então, por causa
da imaturidade espiritual, os cidadãos com seus primarismos instintivos e
atávicos, egoístas e de muito pouco amor, também colocam no “baú” de cada
existência na face do orbe todo tipo de quinquilharia - mazelas e negatividades
- do passado e no presente, mantendo
a vossa condição de seres imaturos que ainda não conseguem ter a chave do
destino nas mãos, prejudicando seriamente o
futuro. Assim como as crianças que passeiam num grande parque de diversão não podem
ficar a sós sob o risco de se machucarem, Omulú tem a chave do baú com Ele,
zelando para que vos aconteça o que é de melhor para o espírito, como exímio
mestre e professor, pois ainda dependeis dos regentes do carma para vos
auxiliarem na longa trilha da evolução. Outros há que só querem acumular
riquezas materiais e enchem o “baú” da vida de bens e posses ilusórias, chegando ao cemitério com as contas
bancárias cheias, mas no Além túmulo com o baú vazio de valores espirituais,
ou o que é pior, cheio de inimigos e resgates cármicos a serem novamente
transmutados na próxima encarnação.
Deste outro
lado da vida, eu já tenho a chave firme em minha mão.
Exu, o Senhor do Destino diante as Leis
Divinas, no tempo não erra nunca.
E você que está nos lendo, quando terá a chave
do baú na sua mão?
Ah, ah, ah !!!
Exu Tiriri da
Calunga(1) / psicografia de Norberto Peixoto.
Seu
Omuluê, seu omuluê, seu omuluê, Omulú é Orixá,
O
velho Omulu é o dono do tempo,
Não
pára nunca de andar,
E
todo o peso do mundo,
Carrega
em seu xaxará.(2)
Notas:
(1)- Sr. Tiriri da Calunga trabalha sob a égide de
Omulu-Obaluaê. Atua como Exu de “cemitério”, na faixa de auxílio fraternal
necessário nos entrechoques vibratórios ocasionados pelas consciências que
ainda não despertaram da morte física, que já estão desencarnadas, mas se acham
“viventes” do mundo físico, perambulando imantadas aos vivos nos corpos físicos
– materialistas convictos que estão “mortos” para os valores espirituais.
Raramente dá consulta individual, atuando preponderantemente no Plano Astral. É
sério, sábio, reservado, discreto, de muita ação e de poucas palavras.
(2)- instrumento ritual do Orixá, que “aspira” as impurezas do mundo.