Na criação do Universo, o
primeiro impulso volitivo divino foi “desdobrar” uma parte de Si, um atributo
peculiar: o poder organizador do caos e vacuidade que presidiria tudo e
antecederia a criação e as “coisas” a serem criadas. Este “elemento” primordial,
imanente e partícipe de tudo que existe é Exu. É o que os iorubanos chamam de a
primeira estrela criada (ÌRÀWÒ-ÀKÓDÁ). Exu traz consigo a neutralidade e a
partir dele todos os demais atributos divinos, os Orixás, puderam “soltar-se”
do Criador e mergulharam no “corpo de Deus”, um oceano cósmico de fluido vital
– prana ou axé –, imergindo nas dimensões vibratórias criadas, num rebaixamento
energético e de frequência. Assim, vieram até o mundo manifestado terreno, que
esotericamente entendemos como forças da natureza.
Neste sentido, Exu é o
dono dos caminhos na mais profunda significação e significados, pois ele é o
grande movimento cósmico (mensageiro, mediador e comunicador), permitindo, em
conformidade com a volição do Criador, a existência da vida em todas as latitudes
universais. No processo criativo divino, contínuo e ininterrupto, espíritos são
criados e “jogados” para fora do útero genitor – Deus é pai e mãe –, e Exu
impulsiona essas mônadas primevas (centelhas) a mergulharem no oceano da
existência que lhes dará, gradativamente, as formas adequadas para que possam
existir nas diversas profundidades ou dimensões. São-lhes ofertados corpos
espirituais propícios ao meio que habitarão. O próprio Deus lhes presenteia.
Exu, esse desconhecido na
Umbanda, é o guardião de todas as encruzilhadas vibratórias, passagens e pontos
de encontro que se cruzam, tangenciam e são subjacentes entre si, compondo as
diversas faixas de frequência que pairam no universo criado.