PERGUNTA: — Quais são as espécies de perturbações psíquicas que originam o câncer?
RAMATIS: — Certos tipos de câncer, que se prolongam por várias encarnações do mesmo espírito, são resultantes da magia negra, do enfeitiçamento ou da hipnose para fins lucrativos, egoístas, lúbricos ou de vingança que alguns espíritos têm praticado contra seus semelhantes desde os tempos imemoriais... Para isso conseguir, esses espíritos dominavam e manipulavam um dos elementos primários ou energia fecundante do astral inferior, que deveria servir de veículo para suas operações perniciosas.
Tendo sido esse elemento usado depreciativamente, terminou incorporando-se ao perispírito dos seus próprios agentes delituosos, transformando-se em energia nociva ou fluido tóxico que, ao ser expurgado para a matéria, desorganiza as bases eletrônicas do aglutinamento das células, dando ensejo à formação de neoplasmas malignos ou provocando a leucemia pelo excesso dos glóbulos brancos.
Qualquer estudante de Magia sabe que toda energia ou elemental primário a ser usado para esse fim deve, em primeiro lugar, ser atraído pela mente do magista, em quantidade necessária para sustentar a operação projetada. Daí os grandes perigos da operação da magia, quando mal intencionada, pois a energia elemental que for convocado do mundo oculto astralino incorpora-se por todos os interstícios do perispírito do indivíduo, permanecendo como força submissa que, depois, obedece instantaneamente à vontade e à emoção boa ou má da alma. Só é possível o êxito do magista quando ele também consegue penetrar diretamente no seio das forças vivas que utiliza, pois o fenômeno não se concretiza sob comando a distância, como ainda pensam alguns desavisados praticantes da arte mágica.
Em conseqüência, quando a energia ou o elemento primário convocado do mundo oculto é manuseado em benefício do semelhante, ele afina-se e melhora a sua natureza primitiva e hostil, porque atua sob influência espiritual superior e volatiza-se facilmente do perispírito de quem o utilizou. Mas esse elemental de natureza criadora se for empregado para fins degradantes ou destrutivos, torna-se agressivo, virulento e parasitáio, aderindo e contaminando o organismo perispiritual daquele que o usou ignobilmente. Ele permanece como excrescência nociva e circulante nas criaturas, nutrindo-se com as energias delicadas e depois descendo para a carne na patogenia do câncer, cumprindo-se o carma do ódio, da vingança, da crueldade e de outras ações contra o próximo.
PERGUNTA: — Então podemos considerar que todas as vítimas atuais do câncer foram magístas, feiticeiros ou movimentaram forças deletérias contra o próximo?
RAMATIS: — Certos tipos de câncer são propriamente resultantes da magia negra; no entanto, outra parte da humanidade sofre expurgo de fluidos que acumulou em encarnações passadas, não como resultado “direto” da prática da magia negra, mas concernente à soma de todos os pensamentos danosos e sentimentos maldosos que movimentou no passado contra o seu semelhante. O câncer, em sua essência mórbida, poderia ser denominado o “carma do prejuízo ao semelhante”, como conseqüência de um fluido nocivo elaborado durante as atitudes e ações antifraternas.
Alguns, pois, sofrem o câncer porque movimentaram diretamente os recursos deletérios da magia negra para fins egocêntricos; outros, porque há decênios ou séculos vêm armazenando energias perniciosas na contextura delicada do seu perispírito, devido à sua invigilância espiritual e à prática da maledicência, da calúnia, crítica maldosa, desejos de vingança, inveja, ciúme ou ingratidão.
PERGUNTA: — Quereis dizer que os feiticeiros, magistas negros ou "macumbeiros" serão, no futuro, as vítimas clássicas do câncer cármico; não é assim?
RAMATIS: — O câncer não é apenas o carma daqueles que foram os instrumentos diretos ou agentes de enfeitiçamento ou magia negra contra o semelhante; às vezes, o feiticeiro ou o magista são os menos culpados disso, porque a sua ação nefasta é praticada a pedido ou sob o comando de outras vontades mais despóticas e cruéis. Mesmo no vosso mundo há leis que punem severamente tanto os agentes criminosos como os seus autores ou mandatários intelectuais.
Em outro capítulo desta obra já explicamos que o feitiço, na realidade, abrange todo prejuízo que parta de qualquer ato ou campo de ação humana. Assim, pois, há o feitiço mental, que se pratica pelo ciúme, inveja ou despeito pela felicidade alheia; o feitiço verbal, criado pela crítica antifraterna, pela calúnia, maledicência, pelo falso julgamento ou traição à amizade; finalmente, há o feitiço propriamente de natureza física ou material, que é praticado pela chamada”bruxaria”, ou magia negra, através de objetos preparados pelos entendidos, que passam a funcionar como interceptadores dos fluidos vitais e magnéticos das vitimas enfeitiçados.
O câncer, como carma conseqüente de prejuízo ao semelhante, reúne, sob suas garras temíveis, tanto aqueles que operam diretamente na forma de agentes de magia maléfica, os seus contratantes ou mandatários intelectuais, assim como todos os espíritos que nas encarnações passadas foram acumulando toxinas pela subversão do elemental primário no uso do enfeitiçamento mental ou verbal.
PERGUNTA: — Podeis dar-nos algumas explicações sobre o motivo por que o câncer varia em sua manifestação mórbida, diferenciando-se pelos tumores epiteliais, sarcomas, ou atacando o sistema ósseo, linfático ou sangüíneo, como no caso da leucemia? Porventura não é um só o tipo de elemental ou fluido tóxico que baixa do perispírito para a carne?
RAMATIS: — Justamente pelo fato de comprovardes essas diferentes formações cancerígenas, podeis avaliar que não existe uma doença específica chamada “câncer” com uma ação mórbida idêntica em todas as criaturas; porém há vários tipos de doentes, que diferenciam na carne o processo morboso das tumorações e afeçõe.s cancerígenas, em correspondência com as suas próprias constituições psíquicas e responsabilidades cai-micas individuais. Não nos podemos alongar pelos escaninhos da ciência médica a fim de explicar-vos meticulosamente a etiologia exata do epitelioma, do sarcoma, dos processos que alteram o núcleo ou o protoplasma das células, ou da proliferação dos glóbulos brancos, como no caso da leucemia, mas podemos afirmar que a virulência, o tipo das tumorações e outras afeções cancerosas dependem muitíssimo da quantidade e da fluência do tóxico que se acumula no perispírito. Certos espíritos ainda possuem resíduos mórbidos cancerígenos remanescentes da magia negra do final da civilização atlântida, motivo pelo qual ainda darão curso ao câncer em outras encarnações frituras, a fim de poderem expurgar todo o conteúdo tóxico. Outras entidades, como já explicamos, foram acumulando a energia cancerosa lentamente, através de decênios ou séculos, sob a ação vibratória do feitiço mais mental ou verbal, sem haver adquirido o estigma virulento, que se produz na prática da bruxaria, que atrofia e lesa a vida física do semelhante que é enfeitiçado.
Há ainda a destacar aqueles que na encarnação anterior agiram sob tal espírito de malignidade contra o seu semelhante, que isso foi o bastante para uma subversão de suas energias criadoras, tornando-os candidatos à inapelável prova do câncer na próxima existência.
Queremos esclarecer-vos que os efeitos cancerígenos correspondem exatamente à intensidade das mesmas causas mobilizadas no passado em desfavor do próximo. Eles ajustam-se à porcentagem equitativa de prejuízos gerados anteriormente, quer pela magia mental, verbal, antifraterna ou pela prática detestável da bruxaria. A lei do Carma, equânime e justa, obriga o algoz do passado a colher exatamente o produto da semeadura nociva do pretérito, compreendendo todas as dores, desilusões e angústias morais causadas ao próximo.
PERGUNTA: — Podeis explicar-nos mais claramente essa colheita cármica no caso do câncer?
RAMATIS: — Referimo-nos ao fato de que a patogênese do câncer exerce-se adstrita às mínimas causas criadas pelo espírito no passado; o seu acometimento corresponde à “soma” de males físicos ou morais cometidos. Daí, pois, a diversidade das tumorações de câncer, os tipos de órgãos e sistemas que ele ataca, assim como a época ou idade em que se manifesta. Basta lembrar-vos que é bem grande a diferença de provação do homem rico e moço que, em vésperas de realizar seus sonhos e desejos, vê-se acometido pelo câncer implacável, em comparação com o mesmo acometimento no homem pobre, deserdado da sorte e exausto dos desenganos do mundo! Sem dúvida, enquanto o primeiro mergulha no mais profundo desespero e amargura, o segundo entrega-se, indiferente, à sua sorte, porquanto já não espera coisa melhor!
No entanto, sob a justiça e o rigor da Lei Cármica, o que semeou maior cota de ilusões e desenganos no passado também terá que colhê-los posteriormente sob a equanimidade de que “a cada um será dado conforme as suas obras”. Daí o motivo por que o expurgo cancerígeno tanto pode acontecer na idade adulta como na juventude ou na velhice; e varia também na forma de sua manifestação, eclodindo em alguns de chofre, sem probabilidade de qualquer socorro, enquanto noutros o faz lentamente, em zonas facilmente operáveis ou então sob a forma de tumores benignos que, às vezes, até se confundem com outras moléstias de menor ofensividade.
Eis por que o câncer também ataca a criança ainda no berço ou em sua adolescência, fazendo-a peregrinar bastante cedo pelos consultórios médicos e hospitais, para curtir dores e angústias ou mutilar-se pelas operações preventivas. Doutra feita a moléstia surge insidiosamente na moça ou no jovem belíssimo, rico e entusiasta da vida, e ainda o deforma na face, fazendo-o sofrer as maiores amarguras e humilhações atrozes.
Sem dúvida, é mais intensa a amargura das criaturas que apresentam tumorações cancerosas na face ou ofensas nos órgãos dos sentidos físicos, fazendo-as preocupar-se para não repugnar ou chocar o próximo, enquanto a prova se torna mais suave para aqueles em que o câncer só afeta os órgãos ou sistemas velados à visão pública. No primeiro caso, a prova cancerígena ainda apresenta um aspecto emotivo mais cruel e de recrudescência no seu sofrimento moral, ensej ando recalques ou complexos de frustrações além das dores propriamente físicas. Mas, ainda nesse caso, a Lei funciona com absoluta equanimidade, pois aquele que, além das dores físicas do câncer, ainda deve curtir as dores morais ou as frustrações emotivas durante a afecção cancerígena, também colhe a soma exata das horas que empregou no passado em prejuízo do próximo, provocando sucessivas amarguras, frustrações, desenganos e vicissitudes ao seu semelhante.
PERGUNTA: — Poderíeis explicar-nos mais claramente essa soma de horas mal empregadas no passado, que ainda acrescentam amarguras morais às dores fisicas provocadas pelo câncer?
RAMATIS: — Suponde um espírito que já viveu vinte existências carnais, na Terra, nas quais praticou várias ações que causaram inúmeras aflições aos seus semelhantes. Somando todas as horas em que ele praticou gestos e atitudes de ingratidões, indiferenças, descasos, negativas, decepções ou calúnias e sofrimentos físicos causados ao semelhante, suponde, agora, que atinjam a 3.000 horas de antifraternismo. Tornando-se necessária a retificação desses desvios condenados pela Lei Cármica e provocados voluntariamente pelo espírito, que se serviu do melhor em detrimento alheio, a sua prova consiste em viver todos os atos, atitudes mentais e expressões verbais que porventura tenha exercido prejudicialmente. Em conseqüência, desde que tenha reencarnado para retificar todos os deslizes cometidos nas vinte existências, no total de 3.000 horas de faltas praticadas contra a Lei, não há dúvida de que, além de suas dores físicas inerentes à descida das toxinas do perispírito, também há de viver até pagar o “último ceitil” correspondente às amarguras semeadas alhures.
PERGUNTA: — Em face de nos informardes que o câncer cármico é mais propriamente resultante de certo tipo de fluido tóxico que se produz pela mente, nas operações de magia mental, verbal ou bruxaria praticadas contra o próximo no passado, pedimos que nos expliqueis por que motivo também ataca criaturas reconhecidamente santificadas pela sua bondade, ternura e resignação, como já lemos testemunhado várias vezes. Isso não quererá dizer que a Lei é atrabiliária e injusta, porque colhe em suas malhas tanto justos como injustos?
RAMATIS: — Se o simples fato de assumirmos bons propósitos e os realizarmos numa só existência fosse suficiente para extinguir a carga deletéria fluídica armazenada durante séculos ou milênios no perispírito, é evidente que, além de uma visível incongruência na pedagogia sideral, as responsabilidades mais graves seriam resgatadas facilmente através de qualquer atitude pacifica interesseira para isso se conseguir. Mas o fato é que os próprios espíritos, em geral, preparam-se no Espaço para cumprir as suas expurgações mais severas quando encarnados e livrarem-se mais cedo da carga maligna que ainda lhes pesa na veste perispiritual. Aqueles que mais se exercitam para isso, no Além, atravessam a vida física exercendo severa vigilância sobre os seus atos, evitando qualquer probabilidade de nova perturbação psíquica e atentos àvoz oculta dos seus mentores desencarnados.
Alguns espíritos, quando encarnados, pressentem a aproximação de suas provas cancerígenas, e desde cedo desencantam-se das ilusões da vida material, haurindo forças na meditação e renunciando deliberadamente aos bens e ao conforto materiais. Transformam-se assim em criaturas serviçais e estóicas, procriando e atendendo com ânimo à sua prole consangüínea, enquanto as mais heróicas ainda chegam a criar os filhos alheios. Vivem cristãmente e se tornam utilíssimas à coletividade, efetuando o máximo aproveitamento de todos os minutos disponíveis da existência e revelando grande capacidade de resistência moral. A moléstia as encontra preparadas para o cumprimento cármico, e às vezes não escondem a conformação espiritual de que estão sendo purificados.
Daí justificar-se o fato de existirem seres santificados pela sua heróica maneira de viver e que, embora tendo semeado bênçãos e auxilio ao próximo, desencarnam sob as dores atrozes do câncer, como que desmentindo a bondade de Deus e a convicção de que o Bem compensa! O miasma cancerígeno que pesa na vestimenta do perispírito ao ser expurgado, sempre provoca lesões proverbiais do câncer, quer isto aconteça com um ser rebelde à sua prova cármica, quer com uma criatura decidida, útil e boa, que resolveu extinguir o seu residual mórbido. O certo é que, enquanto o espírito rebelde, durante o seu expurgo obrigatório, continua a produzir nova carga enfermiça para sofrer futuras expurgações dolorosas, a alma conformada efetua sua drenação tóxica exercitando-se sob a bondade, o afeto, a humildade, a renúncia e o amor ao próximo, evitando contrair de novo o mesmo débito que lhe produziu tão grande sofrimento.
A história religiosa do Catolicismo narra-vos a vida de muitos santos que, à medida que mais padeciam dores cruciantes, também sublimavam-se pela sua fé e confiança mais intensas nos propósitos sublimes da vida criada por Deus. O menor resíduo tóxico astral que ainda existe no perispírito deve ser expurgado para a carne, e por esse motivo alguns seres muitíssimo elevados, cujo espírito se apresenta bastante diáfano, ainda podem possuir remanescentes de toxicose psíquica, lembrando o fenômeno da bruma seca, que por vezes vela a transparência luminosa de um céu inteiramente azul e belo.
Há casos, também, em que a alma santificada, e que já dispõe de bons créditos junto à contabilidade divina, também se sacrifica voluntariamente para aliviar parte das dores dos seus pupilos, assim como o fez Jesus para salvar a humanidade terrena. E também o caso do grande e admirável santo da India, Sri Ramana Maharshi que, rodeado dos seus mais ardentes discípulos, que estavam ansiosos para encontrar o “caminho direto” da Consciência Cósmica, apiedou-se de suas angústias humanas e ocultamente participou-lhes do fardo cármico, atraindo para si parte da toxicidade perispiritual que eles possuíam, para mais tarde desencarnar de atroz tumor cancerígeno, que lhe devorava o braço e lhe exauria as forças orgânicas, mas sem o menor queixume ou protesto contra a sua dor!
Do livro FISIOLOGIA DA ALMA - Cap. 21 - Ed. do Conhecimento.
Do livro FISIOLOGIA DA ALMA - Cap. 21 - Ed. do Conhecimento.