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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

REFLEXÃO: diante os fenômenos da mediunidade.

Chico Xavier, o maior médium de todos os tempos? Divaldo Franco, seu sucessor? Exageros pueris. Desconhecimento das fontes histórico-doutrinárias do Espiritismo, ou franca discordância em relação às mesmas. Eis aqui uma prova, com a benção da lucidez kardeciana, ao traçar linha divisória entre a eventual excepcionalidade dos fenômenos (sim, providenciais) e a qualidade, porém, dos conteúdos por eles obtidos, coisa bem diversa. Matéria que deveria ser lida e relida pelo público espírita, em parte, assaz deslumbrado, místico e infantil. Nela, Kardec se refere a um jovem médium de que lhe falaram...

Esse jovem é, pois, um médium em toda a acepção da palavra, e dotado, além disso, de múltiplas faculdades, pois, ao mesmo tempo, é médium escrevente, falante, vidente, audiente, mecânico, intuitivo, inspirado, impressionável, sonâmbulo, médico, literato, filósofo, moralista, etc. [...] eis um médium completo, notável [...] Quanto ao valor desses documentos, a julgar pela amostra dos pensamentos ali contidos, certamente deve haver coisas excelentes. Serão todas boas? É uma outra questão. Sob esse aspecto, sua origem não é uma garantia de infalibilidade, considerando-se que os Espíritos, não sendo mais que as almas dos homens, não têm a soberana ciência. [...] Os espíritos fazem parte da humanidade e, até que tenham atingido o ponto culminante da perfeição, para o qual gravitam, estão sujeitos a enganar-se. É por isso que jamais se deve renunciar ao livre-arbítrio e ao raciocínio, mesmo em relação ao que vem do mundo dos espíritos; jamais se deve aceitar seja o que for de olhos fechados e sem o controle severo da lógica. Sem nada prejulgar sobre os documentos em questão, eles poderiam contar coisas boas ou más, verdadeiras ou falsas; por conseguinte, teríamos que fazer uma escolha judiciosa, para a qual os princípios da doutrina podem fornecer úteis indicações.[1]

Mas ai de quem, no movimento espírita brasileiro, fizer o que Kardec fez e aconselhou a fazerem os adeptos; ai de quem ousar aplicar os princípios da doutrina ao que dizem os gurus jesuíticos que assaltaram o kardecismo há décadas, farta munição para certas metralhadoras mediúnicas, máquinas reprográficas das maiores fascinações, que só ridicularizam o legado kardeciano por tabela, pois não o representam verdadeiramente, a despeito de se colocarem à sombra de seu prestígio e respeitabilidade.

Até quando permitiremos tudo isso, calados, em nome, aliás, de uma caridade que, em geral, desconhecemos nas mais comezinhas coisas? Doutrina de gigantes nas mãos de pigmeus, macacos em loja de louças... Perdoem-me e ajam, insurjam-se, pelo amor de seus filhos ao menos.


[1] Revista Espírita. Nov/1867. Impressões de um Médium Inconsciente a Propósito do Romance do Futuro.

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