Através da mente, circulam
“de cima para baixo” os pensamentos de ódio, de inveja, sarcasmo, ciúme,
vaidade, orgulho ou crueldade, incorporando-se, em sua passagem, com as emoções
de choro, medo, alegria ou tristeza, que tanto podem modificar a ética dos sentimentos,
como agir sobre o temperamento, perturbando a solidariedade celular do
organismo físico. O cérebro é o principal campo de operações do espírito; é o
produtor de ondas de forças, que descem pelo corpo e graduam-se conforme o seu
campo energético. A onda de raiva, cólera ou irascibilidade é força que faz
crispar até as extremidades dos dedos, enquanto que a onda emitida pela doçura,
bondade ou perdão afrouxa os dedos num gesto de paz.
Sabe-se que o medo ataca a
região umbilical, na altura do nervo vagossimpático e pode alterar o
funcionamento do intestino delgado; a alegria afrouxa o fígado e o desopila da
bílis, enquanto o sentimento de piedade reflui instantaneamente para a região
do coração. A oração coletiva e sincera, da família, ante a mesa de refeições,
é bastante para acalmar muitos espasmos duodenais e contrações opressivas da
vesícula hepática, assim como predispõe a criatura para a harmonia química dos
sucos gástricos. O corpo físico é o prolongamento vivo do psiquismo; é a sua
forma condensada na matéria, e por isso motivo sofre com os mais graves prejuízos
os diversos estados mórbidos da mente. A inveja, por exemplo, comprime o
fígado, e o extravasamento da bílis chega a causar surtos de icterícia,
confirmando o velho refrão de que “a criatura quando fica amarela é de inveja”.
O medo produz suores frios e a adrenalina defensiva pode fazer eriçar os
cabelos, enquanto que a timidez faz afluir o sangue às faces, causando o rubor.
Diante do inimigo perigoso, o homem é tomado de terrível palidez mortal; a
cólera congestiona de sangue o rosto, mas paralisa o afluxo de bílis e
enfraquece o colérico; a repugnância esvazia o conteúdo da vesícula hepática
que, penetrando na circulação, produz as náuseas e as tonturas. A Medicina
reconhece que há o eczema produto da cólera ou da injúria, pois ocorre a
intoxicação hepática, e as toxinas e resíduos mentais penetram na circulação
sangüínea; a urticária é muito comum naqueles que vivem debaixo de tensão
nervosa e das preocupações mentais.
Ramatís – Fisiologia da
Aalma.