Religião vem do latim reli
gare – que significa religar aos céus, a Deus. Também se identifica como
religião todo grupo religioso que possuem algumas características:
- histórica, identificação
de origem;
- ritos ou celebrações que
acompanham a vida de uma pessoa (batismo, casamento, funeral...);
- aplicação da doutrina em
favor ao bem e a vida.
Convém desde já mencionar
uma especificidade da Umbanda entre as cinco vertentes afro-brasileiras
supracitadas (Candomblé na Bahia; Xangô em Pernambuco e Alagoas; Tambor de Mina
no Maranhão e Pará; Batuque no Rio Grande do Sul e Macumba, depois Umbanda no
Rio de Janeiro). Apesar de suas origens negras, a Umbanda nunca esteve
preocupada com a idéia de preservação das raízes africanas e nem mesmo se
empolga hoje com o movimento de reafricanização, que perpassa as suas
congêneres, principalmente o Candomblé. A Umbanda surgiu em 1908, em Niterói
com o anuncio do Caboclo das 7 Encruzilhadas através do médium Zélio de Morais
e se comporta como uma religião universal. Uma religião aberta a todos os
brasileiros. Desde o inicio a Umbanda se mostrou visivelmente multiétnica, com
uma forte presença de brancos em seus quadros, mesmo entre os sacerdotes. Além
disso, ela se destaca do grupo dos cultos afro-brasileiros por ter menos apego
às “raízes”, as marcas africanas originais. A Umbanda prefere pensar em suas
raízes, sendo “brasileiras”. É afro, sim, mas é afro-brasileira. Ela não só
dispensou de seus rituais o uso de idiomas africanos (ioruba, o jeje e as
línguas bantas) como não faz os sacrifícios de sangue e os processos
iniciáticos demorados e com altos custos financeiros, comuns no Candomblé.
Nascida do Brasil, a Umbanda é uma religião brasileira porque é a resultante de
um encontro histórico único, que só se deu no Brasil: o encontro cultural de
diversas crenças e tradições religiosas, africanas, ameríndias e européias. Eis
a Umbanda , um sincretismo religioso originalmente brasileiro. A assimilação da
ética do amor fraterno via kardecismo acentuou bastante o lado ocidentalizado
da Umbanda. Isto, por sua vez, veio realçar ainda mais sua peculiaridade no
conjunto das religiões afro-brasileiras : enquanto as outras se esforçam por
ser cada vez mais “afro”, a Umbanda se torna cada vez mais híbrida, cada vez
mais sincrética, cada vez mais brasileira. Um sincretismo religioso impar, com
uma propensão insaciável a continuar se mesclando e hibridizando, sempre
incorporando novidades, como faz agora, ao assimilar as práticas terapêuticas e
outras culturas como a cigana, oriental.
“Com os sábios aprenderemos, aos humildes ensinaremos e a ninguém
renegaremos “(Caboclo das 7 Encruzilhadas) . Entre ser uma religião ética,
preocupada com a regulamentação moral da conduta e ser uma religião
estritamente ritual, voltada para a manipulação mágica do mundo, a Umbanda
escolheu o caminho do meio. Ao lado da caridade para todos, vivos e
desencarnados, a Umbanda jamais perdeu seu caráter de amor universal. “Umbanda é a manifestação do espírito para a
prática da caridade” – Caboclo das 7 Encruzilhadas.
Oxalá abençoe a todos.
Mãe Márcia Moreira.
Referência;