Por Norberto Peixoto.
Uma das grandes lições que
aprendi como dirigente de uma comunidade terreiro, nestes últimos 10 anos, é
aquela de aprender a aceitar o fato que não podemos "mudar” as pessoas,
assistentes e médiuns da corrente, com
um simples ritual aplicado. Consulentes com problemas espirituais é uma coisa e
médium é completamente diferente, mais complexo por ser mais sensível ao mundo
oculto, onde “vivem” os espíritos desencarnados, pois nós somos espíritos
encarnados sensibilizados para esta comunicação.
Cada
um muda a si mesmo e não
aos outros. É
indispensável
avançarmos no autoconhecimento, rompendo nossas couraças, nossas máscaras, que nos fazem parecer
diariamente o que queremos aparentar sermos na sociedade, mas que não conseguimos ser verdadeiramente no terreiro. Num grupo mediúnico amadurecido, onde os
componentes não tem medo de se mostrarem como realmente são, não mascarando e
omitindo seu verdadeiro eu, o diálogo se estabelece com mais profundidade,
respeito, resiliência, empatia e simpatia, com reciprocidades interpessoais,
permitindo o processo dialético, onde há ideias diferentes, estilos de ser
semelhantes, mas não iguais, que interagem saudavelmente, confiando-se
mutuamente, um nos outros, sem destaques, melindres, dissimulações, omissões,
falsidades ou sensos de valorização e
superioridades castradoras.
As palavras chaves de todo este
processo de diálogo interpessoal são aceitação e respeito, pelo outro, sem
impor como ele dever ser. As normas de condutas coletivas devem falar por si e
cada um deve se adaptar aos usos e costumes do grupo.
Devemos vigiar para não querermos
impor ao indivíduo o que achamos certo, para fazer dele o ideal que temos na
nossa cabeça como sendo o melhor, fruto de nossas afinidades e simpatias
pessoais, crenças e sistemas de valores adquiridos no tempo que são no fundo
reflexo do nosso ego. Por outro lado, há que se considerar que os
comportamentos individuais, numa comunidade terreiro, influenciam, sim,
decisivamente, o outro, e isso porque formamos todos um sistema onde qualquer
mudança positiva ou negativa se reflete no todo, no equilíbrio, vibração e
harmonia do axé, da egrégora.
Um dirigente tem que ter habilidade de
zelar pela integridade do coletivo, respeitando cada individualidade, mas
lembrando a todos de suas responsabilidades, pois cada ato pessoal nosso,
mental, emocional, verbal,..., tem
repercussões na coletividade que se une num ambiente consagrado para o
intercâmbio mediúnico.
Muita paz, saúde, força e
união.
Norberto Peixoto.