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domingo, 28 de agosto de 2011

Omulu: um orixá incompreendido

Nos dias de hoje, mesmo com tantas informações esclarecedoras sobre os verdadeiros propósitos dos trabalhos de Umbanda, através de livros psicografados, estudos e divulgação de sites e blogs sobre a religião, ainda é possível se deparar com alguns mitos, obras do imaginário popular.
Um dos casos mais evidentes é o tratamento que se dá à força de Omulu (ou Obaluaê). Segundo a mitologia Iorubá, o seu verdadeiro nome seria Xapanã, mas em alguns terreiros é proibido até se mencionar este nome, pois ele traria a peste e a morte. Por isso, se adotaram as demais denominações: Obaluaê (que representa a fase mais jovem do Orixá) e Omulu (a mais velha).
A tradição popular ainda conta que Omulu seria filho de Nanã Buruquê e teve o seu corpo marcado por chagas, sendo rejeitado assim que nasceu. Foi criado por Iemanjá que, temendo que ele fosse discriminado pelos outros, cobriu seu corpo com palha e o escondeu em um lugar bem seguro.

Além de na história africana Omulu ser incompreendido pelos demais, nos terreiros de Umbanda esse preconceito parece se perpetuar. O orixá é considerado por muitos o senhor da morte, e o aspecto de sua imagem representativa, um homem coberto por palhas, causa medo em muitas pessoas.
“Infelizmente a força de Omulu é mal interpretada por muitos adeptos da Umbanda”, afirma Cristiano Queiroz, dirigente da SEFA. “E há ainda alguns dirigentes de Umbanda que utilizam essa falha de informação para transformá-lo em objeto de medo e de manipulação dos filhos de fé. Muitos dizem erroneamente que ele é o orixá que traz a morte e a doença.”, acrescenta o dirigente em mensagem publicada no blog da SEFA.
Na verdade Omulu é o senhor da saúde e das curas, justamente por ser o conhecedor de todas as fraquezas físicas. Assim como Nanã Buruquê, é também a energia que rege as almas, sendo responsável pela condução dos desencarnados de volta ao mundo espiritual. Na Umbanda, o orixá é representado através do sincretismo pelas imagens de São Brás, São Lázaro ou São Roque, sendo este último comemorado no dia 16 deste mês.
A SEFA cultua a força de Omulu, trabalhando esta energia juntamente com os Pretos Velhos. E quando há louvações, como neste mês, sempre se aproveita para fazer uma corrente de saúde, para todos aqueles que precisam das irradiações de cura vindas de Omulu.
Respostas rápidas. É isso que a maioria dos irmãos de “fé” vem buscar nos terreiros de Umbanda. Infelizmente tenho que colocar a fé desses irmãos entre aspas porque nem sempre ela é verdadeira. Tudo vai depender do tempo em que as soluções para os seus problemas virão.
Todos nós, quando estamos de passagem pela Terra, nos defrontamos com provações programadas por nós mesmos, consequências de faltas que cometemos em encarnações anteriores. Outras tarefas e desafios também nos servem de somatório para nossa evolução espiritual.
É bem verdade que há determinadas situações pelas quais passamos que nos fazem colocar nossa fé à prova. Alguns irmãos chegam a duvidar da existência de Deus, outros se revoltam contra o Criador.
Por isso que, para que possamos enfrentar certos desafios e provações, devemos buscar primeiramente um equilíbrio mental e espiritual. E é para isso que serve a Umbanda, assim como todas as outras religiões.
Porém, por ser uma religião que trabalha com a manipulação da magia pura, das energias da natureza; por ser uma religião que opera naturalmente a comunicação com o mundo invisível; e principalmente, por ser uma religião onde espíritos de luz, em conjunto com médiuns comprometidos com o verdadeiro trabalho de caridade, vêm aos terreiros orientar os irmãos, trazendo vibrações e mensagens, é que se pensa que a Umbanda pode trazer a cura milagrosa para todos os males, e as respostas para todas as suas dúvidas.
O resultado disso é, por muitas vezes, desastroso. Vários são os irmãos de fé que acabam caindo nas mãos de dirigentes irresponsáveis ou até mesmo charlatões, que passam as famosas receitas poderosas, trabalhos e despachos, e prevêem toda a vida futura dos seus consulentes em oráculos. Como a maioria desses assistentes não têm a resposta imediata que desejava, eles acabam se decepcionando com a Umbanda, depositando todo seu descrédito na religião.
Já dizia o Caboclo Sete Estrelas: “Umbanda não resolve a vida de ninguém da noite para o dia”. Mas nos ajuda a encontrarmos nossas respostas dentro de nós mesmos. Só assim nos fazemos merecedores das Graças Divinas.

Cristiano Queiroz
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