Pergunta: O abuso dos fiéis é baseado num sistema religioso em que o “sagrado” é intocável, infalível. Como conciliar isso com o fato de que os líderes religiosos são humanos e falíveis?
Ramatís – A “infalibilidade” das doutrinas religiosas da Terra tem levado ao longo da história a centenas de milhares de assassinatos fratricidas. Inquestionavelmente, o maior derramamento de sangue, as culpas e medos acumulados no inconsciente coletivo do orbe se vinculam às guerras santas e disputas religiosas. Todo sistema religioso deveria levar os cidadãos a uma ligação com o sagrado reforçada na convivência fraternal, amorosa e altruística com as outras crenças. Assim como o corredor manco não se mostra capenga enquanto a maratona não se inicia, assim as índoles duvidosas dos líderes religiosos são negadas e ocultadas para que suas autoridades não sejam questionadas.
No tocante à doutrina que pregam, observam rigorosamente o texto do livro sagrado, num padrão rígido de pensamento que impõe aos seus adeptos total submissão a um padrão de comportamento espiritual cujo não cumprimento resulta em penalidades. Sendo impossível de se manter no dia a dia o que pregam as escrituras, os líderes se colocam vaidosamente como superiores aos fiéis, e ainda muito mais em relação aos seguidores de outras religiões. Observai que os abusos religiosos são, essencialmente, sustentados por interpretações literais e rígidas dos livros ditos sagrados, assim como a tabuada não pode ser alterada em vossas escolas primárias.
Infelizmente, o sagrado se transforma em algoz abusador e, como mostra a memória planetária, ferrenho assassino, quando um grupo ou organização se acha possuindo uma relação especial, única e infalível com Deus, esquecendo-se de que a diversidade provém d’Ele, o Criador.
Para conciliar harmonicamente a ligação com o sagrado, olhai as criaturas e percebereis que cada uma é única, tendo dentro de si uma igreja, templo ou sinagoga que lhe permite religar-se com o Pai. Vossa sacralidade vos é imanente e incomparável com a de outros, todas igualáveis em Deus por serem todas arquiteturas d’Ele.