O homem primário pode fartar-se tranqüilamente na devora de vísceras retalhadas dos seus irmãos menores, porque ainda vive escravizado, às sensações da vida material e a Divindade não pode julgá-lo um pecador. Mas é aberrativo e censurável que homens já vinculados a labores espiritualistas, como espíritas, umbandistas, esoteristas, rosacrucianos, teosofistas ou iogas, ainda se fartem e se deliciem com a alimentação inferior, repugnante e impiedosa, que provém da carne estraçalhada dos animais!
Há profunda diferença com respeito à
alimentação dos seres no mundo, pois é a natureza evolutiva de cada espécie que
lhe determina o tipo de suas necessidades nutritivas. A lagarta alimenta-se dos
detritos do solo, mas depois que se transforma em borboleta nutre-se na cálice
licoroso das flores. Tanto o urubu como o beija-flor são aves; no entanto, o primeiro
satisfaz-se com a carniça, enquanto o segundo requer o néctar das flores! A
mesma carne que certos homens alegam ser de absoluta necessidade para a sua
conformação física pode ser alimento repugnante e indigesto para outra criatura
de natureza mais delicada. Aliás, conforme se verifica no Oriente, à medida que
o homem se aperfeiçoa, o seu psiquismo abandona, pouco a pouco, a nutrição
grosseira, para então preferir alimentação adequada à melhor graduação
espiritual!
Ramatís - A Vida Humana e o Espírito Imortal