Pergunta: - O álcool seria um elemento
revelativo da realidade psíquica do homem? Há homens pacíficos e bem
intencionados, que se tornam hostis, irritáveis e violentos sob a ação do
álcool, pois revelam algo psíquico além de uma simples excitação nervosa
emotiva!
Ramatís: - Quantas criaturas tímidas,
pacíficas, que jamais beberam, irritam-se e se desmandam em ofensivas
insultuosas, quando alguém lhes fere o amor-próprio e lhes causa prejuízos
inesperados? Isso demonstra que as qualidades como os defeitos do espírito não
se evidenciam à flor da pele, mas se revelam de acordo com as circunstâncias e
situações favoráveis ou desfavoráveis no intercâmbio das relações humanas. O
homem ainda não se conhece a si mesmo; e por isso é primaríssimo no comando de
suas emoções, vivendo mais as surpresas, as paixões e violências recalcadas
quando provocado na sua personalidade humana!
Só espíritos do quilate de um
Francisco de Assis, Buda, Vicente de Paulo, Ramana Maharshi, Gandhi ou Jesus,
mostram a realidade de sua alma à flor da pele, sem mistérios ou negaças! O
homem é um grande dissimulador de sua realidade psíquica e age conforme as
circunstâncias; no entanto, há momentos em que não consegue frenar a carga
emotiva do espírito; e malgrado todo o seu cuidado para evitar o ridículo ou o
julgamento alheio desfavorável, ele revela a verdadeira individualidade oculta!
É o caso do bêbedo, que afrouxando o
controle psíquico por efeito da ação tóxica e entorpecente do álcool, então, a
sua mente decai para a freqüência vibratória da faixa animal, onde dominam as
paixões e os impulsos desordenados da cólera, violência, agressividade ou
lubricidade. Há homens pacíficos, tímidos e gentis, que depois de embriagados
tornam-se insuportáveis no lar, nas suas relações sociais, e desfazem longas
amizades ao abrirem as comportas do "eu" inferior. A bagagem
inferior, animal, fragilmente represada pela consciência em vigília, emerge sob
o tóxico alcoólico e vem à tona o residual detestável. A criatura mal reprimida
em suas paixões pelas convenções sociais e advertências religiosas, sob a ação
do álcool liberta-se, revelando a autenticidade da sua formação espiritual.
Embora seja mais raro, sob o transe
alcoólico pode emergir a memória psíquica do passado e perigarem as relações
entre os componentes da família, ao reconhecerem-se, espiritualmente, nas
diversas condições de vítimas ou algozes do pretérito. Sob a ação etílica
identificam-se ou se pressentem velhas inimizades; avivam-se ódios, vinganças e
despeitos ainda latentes no seio da alma! Assim dominam insultos e ódios, pois
enquanto o espírito do homem flutua no corpo embriagado, a sua percepção e
memória psíquica aumentam, abrangendo fatos que viveu noutras vidas. Então
reconhece, intuitivamente, os seus desafetos disfarçados sob o organismo
consangüíneo. 67
67 - O uso
da cachaça, ou marafo, na Umbanda, ajuda o espírito do médium a emergir do
corpo e assim ligar-se às entidades evocadas para os trabalhos de
"despacho". Conhecemos um acontecimento trágico em família de nossa
convivência, em que o pai e o filho, ambos profundamente embriagados em noite
de Ano Novo, mataram-se a golpes de faca, em que o filho acusava o pai de ter
sido o seu impiedoso algoz, como capataz numa fazenda de escravos na baixada
fluminense, em vida anterior.
Daí, o perigo das libações
alcoólicas entre os membros da mesma família, cujos espíritos ainda primários,
acicatados pelas reminiscências pretéritas, podem provocar tragédias e
exercerem vinganças inesperadas, quando massacram-se, entre si, marido e
mulher, filhos e pais! Nessa emersão psíquica de observação algo freudiana,
ainda podem interferir os espíritos desencarnados, malfeitores e adversos do
conjunto familiar, que, à última hora, acicatam crimes e tragédias! São
acontecimentos nefastos, inexplicáveis pelas razões comuns, em que os infelizes
encarnados são movimentados à guisa de verdadeiros marionetes sob os cordéis do
mundo invisível. Ademais, além da ação tóxica, e própria do álcool, isso ainda
é agravado pela ganância dos industriais inescrupulosos, que desnaturam e
falsificam os seus produtos para auferirem maior soma de lucros. O álcool mata,
dizima e desonra a humanidade pelos crimes ocorridos nos lares e nas ruas,
através de acidentes e das imprudências de todas as espécies; e ainda destrói,
lenta e insidiosamente, pela mistura de substâncias químicas nocivas. 68
68 - Em diversos laboratórios de
bromatologia do mundo, têm-se encontrado em uísques falsificados, cachaças
rapidamente envelhecidas, cervejas mal pasteurizadas, desde iodo, óxido de
ferro, arsênico para curtir as tinturas, chumbo, corantes químicos para
artificializar a cor, sódio, potássio para produzir o efeito cristalino dos
gins, aspirinas nas cervejas de pasteurização deficiente como acontece nas
épocas de Natal, Ano Novo e Carnaval, em que as cervejarias e destilarias não
vencem a fabricação.
A VIDA HUMANA E O ESPÍRITO IMORTAL - LIVRO.