"É esta sensação de
pertencer que facilita a resposta catártica, através da qual as emoções e
ritmos corporais reprimidos são permitidos e podem ser trazidos a manifestação
pela consciência alterada, expressando-se naturalmente e sem preconceitos: o
brado do caboclo, a dança do orixá, a benzedura do preto velho, a alegria do
cigano, a gargalhada do exu, a peraltice da criança, o balanço do marinheiro...
Já temos comprovações – evidências empíricas
- da medicina, especificamente da psiquiatria, que mostram
ser os rituais religiosos invariavelmente associados com benefício à saúde.
Os rituais religiosos públicos, como as
engiras de umbanda para assistência, e privados – iniciações internas/sessões de
desenvolvimento mediúnico - são métodos poderosos para manter a saúde mental e
para prevenir o início, ou progressão de distúrbios psicológicos. Ajudam a
pessoa a enfrentar o terror, ansiedade, medo, culpa, raiva, frustração,
incerteza, trauma e alienação, a lidar com emoções e ameaças universais
oferecendo um mecanismo para delas se distanciar ou conviver melhor. Reduzem a
tensão pessoal e do grupo, a agressividade, moderam a solidão, a depressão, a sensação de não ter saída e a inferioridade. A ausência de frequência
a uma religião ou falta de pertença a uma comunidade religiosa priva a pessoa dos benefícios produzidos pelos
rituais encenados pela maioria, caminhos antiquíssimos para a saúde
psicológica, pois incorporam cognições, filiação grupal, ação litúrgica coletiva
e catarses individuais, como por exemplo as incorporações – estados alterados de
consciência – de entidades espirituais.
Os
rituais utilizam sugestão - sons, gestos, cheiros e cores-, adesão, dinâmica de grupo, despertar das emoções, liberação
de sentimentos negativos e reintegração emocional, criando sensação de paz,
direção e controle do próprio psiquismo. São conduzidos em ambientes carregados
de emoção positiva e provêm caminhos para “escape”, purificação, catarse e alcance do
poder de realização pessoal ou fortalecimento da vontade.
O
ritual tem grande valia para a catarse do indivíduo com redução de ansiedades, fobias,
recalques e situações psicológicas estressantes. Notadamente a vivência ritualizada através
das incorporações das entidades espirituais e dos orixás permitem o reconhecimento e
instalação do alívio emocional em um ambiente controlado e adequado aos
cerimoniais indutores dos estados alterados de consciência – experiências místicas
mediúnicas-, com limites precisos para expressá-las adequadamente dando
segurança e sentimento de pertença aos participantes. Esta liberação de
sentimentos reverte a repressão que doutrinas castradoras impõem ao ser
impedindo a naturalidade do movimento do corpo. Afinal o indivíduo nunca é e
não pode ser só mental. O ritual engaja o participante em comportamentos que
reforçam a conexão e ligação ao Divino, ao Sagrado e Sobrenatural do mundo dos
espíritos que amparam uma comunidade religiosa de umbanda.
É esta sensação de
pertencer que facilita a resposta catártica, através da qual as emoções e
ritmos corporais reprimidos são permitidos e podem ser trazidos à manifestação
pela consciência alterada, expressando-se naturalmente e sem preconceitos: o
brado do caboclo, a dança do orixá, a benzedura do preto velho, a alegria do
cigano, a gargalhada do exu, a peraltice da criança, o balanço do marinheiro...
Muita paz, saúde, força e união.
NORBERTO PEIXOTO.