Por Norberto Peixoto
Hoje estou completando 50 anos de existência nesta presente vida. Com este artigo, registro meu preito de gratidão aos nossos mais velhos na religião e aos nossos mentores, espíritos ancestrais, que nos deram a oportunidade de vivenciarmos esta Umbanda de todos nós - especialmente desde os 7 anos de idade com o batismo na Cachoeira de Itacuruçá e lá se vão 43 anos-, pelo canal da mediunidade. Eles seguidamente nos instruem, apoiam, advertem e, acima de tudo, nos mostram o caminho do amor universal, nos ensinando o respeito incondicional às diferenças instruindo-nos que o nosso Deus é o mesmo Deus do outro, e que nunca devemos nos sentir superiores impondo fé, devoção, crença, culto, doutrina, filosofia ou religião a quem quer que seja. Infelizmente a formação da consciência coletiva ao longo das reencarnações sucessivas está repleta de preconceito, perseguição, etnocentrismo, violência, intolerância religiosa e subjugação cultural,..., em nome de Deus, o mesmo Deus, Criador de todos nós.
Não poderia ser diferente com a história e identidade gaúcha – e por que não brasileira – que foi construída muito calcada no positivismo oriundo do desenvolvimento sociológico do iluminismo francês – e europeu – que se fortaleceu com a sociedade industrial. Na construção do pensamento positivista inserido no “libertário” movimento iluminista francês - ao qual paradoxalmente e felizmente favoreceu o nascimento do espiritismo -, todo e qualquer atributo metafísico ou teológico na estruturação do pensamento filosófico é desconsiderado, defendendo-se a idéia reducionista que somente o conhecimento científico é o único verdadeiro. Notadamente fazendo parte do eurocentrismo colonialista – visão do mundo que a Europa, suas coisas e cultura são melhores e devem ser adotadas no Brasil excluindo-se as demais consideradas primitivas e menos evoluídas – os gaúchos foram muito impactados com este modo de pensar.
Enquanto os Guaranis e
outras etnias indígenas daqui do RS eram dizimadas pelos portugueses e espanhóis - em guerra por disputa territorial - seus remanescentes vivos foram “acolhidos” pelos Jesuítas catequizadores
que demonizaram seus rituais sagrados e respectivos instrumentos sonoros. Nesta mesma época os negros viviam
em média sete anos nas charqueadas enquanto os filhos da rica "nobreza" iam estudar na Europa e aprender
a tocar piano.
Os Tambores, Xequerês e Maracás, instrumentos de percussão sagrados dos descendentes afro-ameríndios
foram subjugados e sumariamente proibidos, preconceituando-se uma cultura
ancestral e milenar como primitiva e atrasada, popularmente taxada de "coisa do demônio".
O Xequerê
em
português, e Sekere na ortografia Yorubá, é um instrumento musical de percussão
da África. Consiste de uma cabaça seca cortada em uma das extremidades e
envolta por uma rede de contas. Ao longo de todo o continente africano é chamado
de diferentes nomes, como o lilolo, axatse (Gana), e chequere. É
predominantemente chamado shekere na Nigéria.
O Xequerê é feito de pequenas cabaças - porongos - que crescem no campo. A forma da cabaça determina o som do instrumento. Um Xequerê é feito por secagem do porongo, por vários meses, em seguida, a remoção da polpa e sementes. O Xequerê é agitado quando é tocado. Temos ainda uma derivação aqui no RS que é o Agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas), que no centro do país é chamado de Afoxé.
O Xequerê é feito de pequenas cabaças - porongos - que crescem no campo. A forma da cabaça determina o som do instrumento. Um Xequerê é feito por secagem do porongo, por vários meses, em seguida, a remoção da polpa e sementes. O Xequerê é agitado quando é tocado. Temos ainda uma derivação aqui no RS que é o Agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas), que no centro do país é chamado de Afoxé.
O Maracá, também chamado bapo, maracaxá e xuatê, é um “chocalho” indígena utilizado em festas e cerimônias religiosas e guerreiras. Consiste em uma cabaça seca, desprovida de miolo, na qual se metem pedras, caroços ou coquinhos. A palavra "Maracá" se originou do tupi mbara'ká. Está presente em diversas manifestações culturais brasileiras, como o Catimbó - terapia espiritual baseada na fumaçada do cachimbo feito da árvore de angico - e em cerimônias da “Umbanda Juremeira” que recebeu influências indígenas da milenar "Ciência da Jurema" dos nossos índios, tido assim como instrumento sagrado.
Muita paz, saúde, força e união.
Norberto Peixoto.
Norberto Peixoto.