Quem de nós já não escutou, em algum momento de nossas
vidas, alguém nos dizer mais ou menos assim:
- sonhei com você, vou orar por ti,
- acho que você não está bem, vou colocar teu nome em
minhas orações,
- vou orar por você, logo você estará bem,
- não sei o que fazer, só me resta orar por você.
São emblemáticas estas palavras, pois demonstram forte
senso de superioridade, pois àquele que se propõe a orar pelo outro se coloca
em condição de movimentar forças divinas. Por outro lado, o fato de alardear a
oração àquele que é objeto da mesma, reflete um ego exaltado, pois se o
indivíduo, teoricamente necessitado de oração não pediu, o que oferece a viva
voz implicitamente informa que ele tem poder de julgamento, sabendo o que o
outro precisa em termos de sagrado ou assistência espiritual, mesmo não tendo
sido solicitado neste sentido.
Quando oramos, devemos entrar no quarto de nós mesmos,
interiorizando nossas intenções, fechando a porta - não alardear a prece para
outros saberem - e mantermos segredo, pois somente o Pai sabe realmente o que
cada um de nós precisa. Quem ora pelo outro ruidosamente, já recebe de imediato
a recompensa, que é a atenção ou o reconhecimento da pessoa a quem se ora. Numa
perspectiva do psiquismo profundo, quem trombeteia a oração quer atenção, um
impulso do ego personal, conforme ensinava Huberto Rohden.
Reflitamos a respeito!!!
"Quando orardes, não façais como os hipócritas,
que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem
vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora
ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como
fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras."
Mateus 6:5-7