"...sendo todos nós espíritos com uma programação a ser cumprida a fim de trilharmos o caminho da evolução, somos responsáveis não só pelo efeito de nossas ações para conosco mas também pela maneira como estas influenciam aqueles que nos cercam . Muitas vezes, por nossa imaturidade espiritual, podemos estar perpetuando obsessões e prejudicando irmãos de caminhada em situações que poderiam ser resolvidas simplesmente seguindo as lições de amor e misericórdia do Evangelho de Jesus."
Não existe no cosmo nenhuma ação que não cause uma reação de igual intensidade. Portanto, tudo que fazemos em nossas vivências encarnatórias irão fatalmente reverter em bônus ou "malus" na nossa contabilidade cármica. Muitas vezes uma jornada encarnatória que esteja indo de vento em popa no sentido de condutas acertadas, gerando um considerável saldo positivo que terá como consequência a anulação de igual quantidade de carma negativo pregresso, pode repentinamente ser desviada por algum fator desencaminhador (tinha uma pedra no meio do caminho...) e lá se vai ladeira abaixo toda uma existência pródiga desperdiçada pelo famoso "minuto (ou horas,dias) de bobeira". Depois, resta somente aquela sensação de frustração, e este episódio tendo funcionado como precedente negativo em uma vivência de ações positivas, fatalmente acaba gerando outros naquela conduta de "agora que já fiz uma vez, mais uma não vai fazer diferença mesmo...". A partir daí a tendência é a coisa desandar definitivamente com a famosa queda evolutiva que, em muitas ocasiões, de acordo com a gravidade das ações cometidas, pode comprometer toda a caminhada desta vivência, ensejando mais saldo devedor para uma próxima encarnação.
Obsessão, segundo o espiritismo, seria a interferência prejudicial exercida por um espírito sobre outro, sejam eles encarnados ou desencarnados. Todo aquele espírito que tenha sido prejudicado de alguma maneira por ações realizadas por nós, mesmo que indiretamente, adquire um direito pela Lei Maior de cobrar este débito. Estas diferenças precisam ser acertadas em algum momento e a maneira mais comum e propícia para que isto ocorra é a reunião destes espíritos em um mesmo núcleo familiar, pois dentro do contexto de resgates cármicos encontram-se os entrelaçamentos encarnatórios. Da mesma maneira que espíritos afins de outras encarnações podem tornar a se unirem, inimigos ou desafetos também se reencontram para que o saldo devedor entre os mesmos possa ser zerado. Esta aproximação pode se dar no parentesco de pais e filhos, irmãos, marido e mulher ou qualquer outro tipo de relação mais ou menos distante, dependendo da gravidade do débito a ser saldado.
A forma com que estes espíritos reencarnantes irão conduzir esta convivência é que vai definir o mérito de cada um junto a justiça divina. Apesar da memória espiritual vir apagada para evitar as influências das vivências pregressas, os espíritos preservam resquícios destes convívios que podem gerar sentimentos que vão desde o mais profundo e inexplicável amor até uma antipatia que pode beirar o ódio. Tanto é que muitos casais que se aproximam através de sentimentos de atração e afeto, em determinado momento da caminhada conjunta podem vir a desenvolver verdadeira repulsa, culminando frequentemente em brigas, agressões físicas, separações e mesmo crimes passionais. Poderão existir ao longo desta convivência, situações que funcionam como gatilhos para trazer a tona antigos sentimentos que foram responsáveis pelos conflitos de outrora. Nestas situações, inúmeras vezes repetem-se os mesmos erros e ao invés de resgates adquirem-se novos carmas que determinam o seguimento indefinido destes entrelaçamentos até que estes espíritos amadureçam e consigam lidar de forma positiva com estas desavenças, interrompendo assim este ciclo.
Se a união conjugal desarmônica pode ser resolvida com a simples separação, seguindo cada qual por caminhos independentes, o mesmo não se dá com a relação pais e filhos que determina um elo perene e que submeterá estes espíritos a uma convivência que só terminará no desencarne de algum deles. Isto também ocorre entre irmãos, mas após a maturidade o normal é que cada um siga seu rumo, interrompendo assim a proximidade. Lidar com filhos problemáticos ou ser responsável por pais dependentes na velhice é certamente a maneira mais sofrida de reajuste que existe, pois exige um grau de doação e superação que leva algumas pessoas a dedicarem toda uma existência em favor de algum filho ou genitor. São indivíduos que acabam por anular sua própria individualidade em detrimento dos cuidados com outros. Existem também os casos de verdadeira dominação e ascendência de algum membro da família sobre o restante baseada no medo que este indivíduo desperta por suas ações ou temperamento irascível. Esta ascendência também pode ser decorrente de um temperamento sedutor ou conduta vitimista que desperta pena nos demais familiares, que acabam por satisfazer todas as vontades da criatura e piorando ainda mais o quadro. Muitas vezes, são desacertos pregressos sendo resgatados pela vítima da atual dominação gerando, porém, carma negativo para o algoz, seja este enrustido ou não. É muito comum esta dinâmica familiar patológica se tornar “normal” para aqueles que estão envolvidos sendo percebida como injusta somente por quem vê a situação de fora.
Portanto, analisando estas implicações, fica mais compreensível o tipo de vida enfrentado por pessoas que conhecemos e que não entendemos porque suportam a situação em que vivem. Daí as famosas expressões: "fulana é uma santa", "fulano tem uma paciência de Jó" e por aí afora. São estas as obsessões entre vivos, que tem como responsáveis todos os envolvidos, pois as pessoas somente fazem conosco aquilo que nós permitimos, não existindo justificativa para ninguém anular-se durante toda uma existência em detrimento de outro. Desta forma não temos nenhum mérito junto a Lei Maior por não auxiliarmos em nada o amadurecimento deste espírito, muitas vezes assumindo para nós um carma que não deveria ser nosso mas que pela lei da responsabilidade acaba sendo dividido entre os envolvidos.
Tal é o grau de dependência que pode se criar entre estes indivíduos que, muitas vezes, após o desencarne da criatura dependente, esta permanece em processo de obsessão pelo familiar que aqui ficou, influenciando negativamente e perturbando ainda mais a caminhada evolutiva do encarnado. Da mesma forma, quem aqui permaneceu, através da mentalização constante do desencarnado que foi objeto de sua dedicação, acaba enviando energias deletérias ao mesmo pelo seu sentimento de perda e prejudicando assim o processo de refazimento e equilíbrio deste espírito.
Portanto, sendo todos nós espíritos com uma programação a ser cumprida a fim de trilharmos o caminho da evolução, somos responsáveis não só pelo efeito de nossas ações para conosco mas também pela maneira como estas influenciam aqueles que nos cercam . Muitas vezes, por nossa imaturidade espiritual, podemos estar perpetuando obsessões e prejudicando irmãos de caminhada em situações que poderiam ser resolvidas simplesmente seguindo as lições de amor e misericórdia do Evangelho de Jesus.
Adriano - Médium do Triângulo