O conjuro é a imprecação mágica que os feiticeiros fazem, cabalisticamente, a fim de obrigar uma entidade espiritual a manifestar-se para cumprir um serviço ou assumir certa responsabilidade no mundo astral. Isso demonstra a existência de uma certa hierarquia entre os espíritos malévolos, em que os mais poderosos na prática do mal exercem autoridade sobre os de menor capacidade mental. Mas o conjuro também implica uma espécie de obrigação ou "compromisso" entre o evocador e o evocado, pois, satisfeito o pedido ou feito o serviço, o primeiro fica vinculado ao "sócio", para retribuí-lo em vida, ou mesmo depois de desencarnado. Lembra a velha lenda do homem que vende a alma ao Diabo, pois o enfeitiçamento só produz êxito quando consegue a colaboração eficiente e decisiva de espíritos desencarnados e entendidos no assunto.
O conjuro é um compromisso severo, pois nesta operação cabalística o evocador associa-se a entes invisíveis, cujo poder e intenções ele quase sempre ignora. Por isso, aqui, no Espaço, vagueiam e arrastam-se milhões de seres tolos, imprudentes e escravizados aos mais espertos, aos quais se vinculam quando encarnados, a fim de praticarem malefícios e imprudências com o auxílio diabólico. Realmente, há feiticeiros improvisados ou profissionais que, movidos por vingança ou desejo do poder, vendem-se a certos espíritos impiedosos e perversos, do Além-túmulo, realizando um negócio bem desvantajoso. 1
1 - Nota do Médium: - Às vezes, opomos dúvida quanto à existência de almas tão impiedosas e cruéis, no mundo astral, espécie de demônios perversos da velha lenda. No entanto, basta refletirmos sobre os tipos humanos que passaram pelo mundo trucidando crianças, velhos e mulheres indefesas, como Gêngis Khan, Tamerlão, David, Anibal, Atila, Nero, Torquemada, Calígula, Hitler e outros criminosos, que a história assinala e que mereceram a execração pública.
Assim que o corpo do "sócio "baixa à sepultura, logo surgem os credores ou "senhores", que cobram juros escorchantes sob o mínimo favor prestado e penhoram a liberdade dos endividados da carne! O infeliz então se torna um rebotalho vivo sugado até a última gota de resíduo vital remanescente da Terra!
Por isso, nas adjacências das comunidades astralinas inferiores, vagam bandos de espíritos desajustados, entontecidos e exauridos em suas forças vitais, espécies de trapos vivos que, em vida física, se comprometeram com os veteranos das sombras.
Já a evocação é uma operação de magia cerimonial, na qual o evocador roga à entidade, geralmente de estirpe superior, para comparecer, sem cogitar de qualquer compromisso recíproco ou de interesse material, como é o caso do conjuro.
Enquanto o rito para o conjuro já significa um início de negócio e conseqüente compromisso do encarnado em troca de favores menos dignos dos peritos das sombras, a evocação é mais um convite ou apelo a entidades amigas e benfeitoras, que comparecem espontaneamente e sem qualquer vínculo ou obrigação posterior. O termo conjuração define uma associação para fins de interesse recíproco, na qual os espíritos convocados sabem tratar-se de "serviço" ou "negócio" desejado pelo conjurador. 2 Enquanto o conjuro é operação tradicional, que atrai os "negociantes" desencarnados sob um vínculo recíproco ou chamado para a consecução de serviços de caráter inferior, a evocação pode ser feita a qualquer entidade, guia ou santo, que se apresentam sem preocupação de ligações subversivas.
2 - Vide as perguntas 549 e 550, subtítulo "Pactos", da obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
No Espiritismo, por exemplo, a evocação é simples e de natureza mental, despida de quaisquer cerimônias ou obrigações. O conjuro, no entanto, mobiliza forças vigorosas por parte dos conjura dores, pois algumas vezes as entidades mais inferiores são dominadas pela mente do feiticeiro, comparecendo quase hipnotizadas à convocação coerciva. Elas ficam à disposição de magos ou feiticeiros, que lhes aproveitam as tendências deprimentes a serviço de suas tramas e interesses. Daí, as histórias e lendas de gênios, que ficavam submissos a certas pessoas através de uma lâmpada, jóia, cerimônia ou rito, como era ''Aladim e a Lâmpada", mas depois vingavam-se dos que abusavam dos seus poderes e ingenuidade.