Devemos entender que a vida, por sua própria gênese, é de origem metafísica, possuindo suas raízes poderosamente fincadas no mundo transcendental, que é o causal. Ou seja, vivemos no mundo físico os efeitos de causas espirituais expressando-se na condensação da energia derivada do fluído cósmico universal, que se apresenta em várias formas objetivas sem perder as características de sua origem mantenedora, o seu caráter espiritual; elo contrário ao mundo físico cartesiano e tridimensional que vitaliza-se naturalmente por seu intermédio. Se assim não fosse, quem não fizesse oferendas de reposição de axé se desvitalizaria rapidamente prejudicando seriamente a sua vida, podendo até desencarnar, o que sabemos não ocorre.
Vamos discorrer um pouco sobre a significação do axé – fluído vital mantenedor. Antes, porém, é imperioso esclarecermos que as nossas leituras, conclusões e inferências, são consequências naturais de nossa vivência templária, no terreiro ao qual zelamos, experiências as quais compartilhamos e damos publicidade àqueles que são simpáticos e afins ao nosso modo de ser, pensar e vivenciar a religião.
Na Umbanda que praticamos, por compromissos cármicos adquiridos e anteriores a presente encarnação, seguimos e vivenciamos os Orixás dentro de sua cosmogonia Nagô – Yourubá. Assim, incentivamos o transe de possessão destas forças sagradas com os elementos rituais propiciatórios associados às nossas liturgias, cantos, toques e louvações internas juntos com a corrente mediúnica. Nunca esquecemos de interiorizar com nossas vivências os ensinamentos de Jesus e, tudo analisamos à luz dos ensinamentos de Allan Kardec, notadamente na GÊNESE, obra basilar de sua lavra, quando nos remetemos a movimentação de fluídos e suas derivações com o mediunismo.
Longe de estabelecermos qualquer verdade aos outros, dividimos somente a “verdade” que vivenciamos em nossa comunidade terreiro, sinceramente, sem nenhuma outra pretensão.
Como dizia Paulo de Tarso, tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém – leiamos tudo, mas devemos reter àquilo que é bom para a nossa consciência e evolução, sem cartilhas definitivas ou dogmas pétreos. A responsabilidade é de cada um e colheremos conforme nossa semeadura diante das verdades consagradas pelas Leis Universais.
Então, vamos discorrer brevemente
a respeito da natureza e significado de axé, nome dado pelos iorubás à força
vital. Segundo Maupoil (citado por E. dos Santos, 1986) axé é a força
invisível, a força mágico-sagrada de toda “divindade”, de todo ser animado, de
toda coisa.
Embora o axé permeie toda a nossa
existência e em tudo está presente, no plano material e imaterial, não
"aparece" espontaneamente, precisando ser transmitido. As várias
realizações na existência dependem do axé que, enquanto força, obedece a
algumas leis:
- é absorvível, desgastável,
elaborável e acumulável;
- é transmissível através de
certos elementos materiais, de certas substâncias;
- é transmissível se associado à
força mental de um sacerdote – médium magista – com outorga e cobertura dos
espíritos guias;
- uma vez transferido por essas
substâncias a seres e objetos, neles mantém e renova o poder de realização;
- pode ser aplicado a diversas
finalidades;
- sua qualidade varia segundo a
combinação de elementos que o constituem e que são, por sua vez, portadores de
uma determinada carga energética, de uma particular vibração e de um específico
poder de realização;
- o axé dos Orixás, por exemplo,
pode ser realimentado com oferendas e ação ritual, transmitido por
intermédio de atos de invocação e de sacralização através de comandos verbais –
mantras – específicos, impetrados pelo zelador e ativado pela conduta
individual e coletiva de todos os membros de uma corrente mediúnica ritualística, podendo
ser diminuído ou aumentado.
O axé encontra-se numa grande
variedade de elementos da natureza, como por exemplo os reinos vegetal e mineral. Naturalmente nós
produzimos e fornecemos axé – fluído vital animalizado – o que podemos inferir
como sendo ectoplasma. Encontra-se em elementos da água, doce e salgada e da
terra.
Todo ritual, seja uma oferenda,
um processo litúrgico ou uma consagração, realiza implante da força ou
revitalização de axé. O que vive, naturalmente realiza-se ininterruptamente com
axé e consideramos a sua fonte inesgotável, pela sua forma de fluído cósmico
universal que a tudo interpenetra provindo do hálito mantenedor do Criador.
Devemos entender que a vida, por
sua própria gênese, é de origem metafísica, possuindo suas raízes poderosamente
fincadas no mundo transcendental, que é o causal. Ou seja, vivemos no mundo
físico os efeitos de causas espirituais expressando-se na condensação da
energia derivadas do fluído cósmico universal, que se apresenta em várias
formas objetivas sem perder as características de sua origem mantenedora, o seu
caráter espiritual; elo contrário ao mundo físico cartesiano e tridimensional
que vitaliza-se naturalmente por seu intermédio. Se assim não fosse, quem não
fizesse oferendas de reposição de axé se desvitalizaria rapidamente
prejudicando seriamente a sua vida, podendo até desencarnar, o que sabemos não
ocorre.
Claro que eventualmente a
reposição de axé se faz necessária com mais intensidade, em conformidade com a
necessidade da comunidade terreiro ou por carências particularizadas de seus
membros, podendo ser reinserido através da prática ritual que renova a força
vital através de certos elementos da natureza, materiais doadores de prana –
fluído -, verdadeiros condensadores energéticos afins e propiciatórios
liberadores de axé.
A importância da regularidade dos
ritos reside no fato de que a presença das entidades espirituais, nossos
mentores, favorece estes atos litúrgicos, ocasiões privilegiadas para a
transferência e redistribuição do axé movimentado do lado de lá para o lado de cá, do imaterial para o material, do Orum para o Aiyê. Necessariamente não é obrigatório
qualquer tipo de oferenda para termos axé renovador, pois na relação
interpessoal mediúnica nossos corpos atingem níveis profundos de liberação e
recebimento de ectoplasma. Obviamente que elementos da natureza utilizados como
oferendas propiciatórias são potencializados - o axé liberado - pelos guias espirituais que conjugam
outros fluídos etéreos-astrais em nosso próprio benefício, fortalecendo-se
assim adequadamente nosso tônus anímico-mediúnico.
Finalizando, reflitamos que por
si só, nenhuma oferenda ritualizada tem valor se não tivermos com nossos
corações e mentes elevados vibrando no amar-se a si mesmo, e ao nosso próximo, como nos amamos.
Muita paz, saúde, força e união!
Norberto Peixoto.
Eterno Aprendiz do Evangelho.