A emoção desdobrava em lágrimas, enquanto sentada, à entrada do sepulcro aberto na rocha, conjeturava: que acontecera? Para onde O teriam levado e por que O trasladaram daqueles sítios, no silêncio da noite?
A
inquietação assumia proporções de desespero que a dominava lentamente.
O
Sol irisava as nuvens pardacentas e o vento frio sacudia as poucas anêmonas e
raras rosas por entre os arbustos.
Na
mente ecoavam, sonoras, as vozes dos mancebos de vestes alvas, que lhe
disseram: “Não tenhas medo, porque eu sei que buscas a Jesus, que foi
crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou...”.
Ela
cria que o Mestre, conforme dissera, ressuscitaria dos mortos. Temia, no
entanto, que os judeus houvessem roubado o corpo.
Atemorizadas,
Joana de Cusa, Maria, mãe de Marcos, e as outras companheiras desceram à cidade
para anunciar o desaparecimento do corpo do Rabi.
Pedro
e João subiram o monte ansiosos e constataram os fatos: os lençóis com as
substâncias aromáticas do embalsamento no túmulo vazio, o lenço, a pedra
afastada...
Estarrecidos,
os dois discípulos retornaram à cidade, com as tristes novas; ela ficara
chorando.
Os
acontecimentos daqueles últimos dias foram muito dolorosos e surpreendentes.
Não conseguia compreender nem concatenar os sucessos.
Uma
saudade feita de pungente dor estrangulava-lhe o peito.
Foi
muito rápido. Teve a impressão de uma aragem que perpassou levemente perfumada.
Voltou-se
para trás e por entre as lágrimas viu, a poucos metros, um homem que lhe
perguntou:
“- Mulher, por que choras? Quem
buscas...?”.