Depois de alguns anos militando na umbanda, comecei a
desenvolver um senso critico no diz respeito a minha religião.
Passei a observar as mudanças, as evoluções, os
retrocessos, o comportamento, enfim tudo que se refere ao dia a dia da Umbanda.
Uma coisa tem me incomodado muito; a falta de
simplicidade que tenho observado nos terreiros.
Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estarem ali, enfim uma atmosfera propícia para pratica do bem.
Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estarem ali, enfim uma atmosfera propícia para pratica do bem.
Não existiam cursos como, por exemplo, formação de
“sacerdotes” em dois anos, nosso aprendizado era dentro do terreiro, ouvindo o
dirigente, as entidades, os mais experientes.
Muitos vão dizer que a evolução é importante e faz
parte da vida, concordo, mas penso que deva ser uma evolução inteligente,
coerente.
Infelizmente tenho visto muitos que inventam rituais,
fundamentos, práticas, muitas beirando o absurdo, outros vão buscar em outras
religiões, usos que nada tem haver com a Umbanda, em nome de uma pretensa
evolução.
Vejo a subserviência, a idolatria à pessoa do “pai de
santo” muito grande, vejo que em muitos casos a espiritualidade fica em segundo
plano, hoje Orixá virou sobrenome e até propriedade pessoal, terreiros viraram
desfile de moda ou concurso de fantasias.
Aprendi que quando se vai a outro terreiro devemos
saber entrar e sair, minha Mãe de Santo, nos ensinou que quando visitamos outra
casa, salvo se somos convidados pelo chefe do terreiro, somos assistência, e
nosso lugar é “na fila do passe” como ela dizia.
O que ocorre hoje é bem diferente, “pais de santo” que
se acham no direito de exigir que se dobrem atabaques para ele, que se prestem
reverências, e muitas vezes ainda saem reparando, criticando ou caçoando do
trabalho, e por que tudo isto? Justamente pelo fato de que a espiritualidade
para eles é apenas um detalhe.
Não sei onde isto vai acabar, espero que acabe antes
que a Umbanda acabe...
Amigos, longe de mim querer generalizar ou ser o dono
da verdade, como disse no início, sou apenas um observador do comportamento
umbandista.
Ainda bem que temos terreiros que ainda mantêm a
essência da Umbanda, onde a palavra de um Preto Velho ou de um Caboclo é ouvida
e seguida. Onde o dirigente senta com seus filhos, ouve, explica, não tem
vergonha de dizer “não sei, mas vou tentar aprender”.
Este texto nada mais é que um desabafo, de um
saudosista, que pisou muito em terreiro de chão batido, que limpou muito
cinzeiro, que já caiu varias vezes de “bunda” no chão durante o
desenvolvimento, que já levou muito “pito” de entidades, que teimou muitas
vezes, mas que aprendeu a amar com todas as forças a Umbanda, e que depois de
todo este tempo vivenciando a Umbanda tem uma pergunta aos Umbandistas:
POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ???
Por: Paulo Henrique Bassani