Os médiuns, quais funcionários do
"armazém espírita", são obrigados a atender a todas as solicitações
absurdas; e a sua situação ainda mais se agrava quando eles não são sonâmbulos
ou mecânicos, mas somente intuitivos... Neste caso, então, a sua tarefa é mais
difícil porque o sucesso do tratamento prescrito depende do seu estado moral,
condições psíquicas ou saúde física, pois qualquer anormalidade perispiritual
impede-os de captar a intuição exata que os guias lhes transmitem.
Os consultantes entendem que os médiuns,
sem considerarem as dificuldades e imprevistos humanos, que atingem a todos,
devem atender seus pedidos integralmente. Para esses simpatizantes o médium e
os espíritos têm o dever precípuo de curar os efeitos nocivos que eles sofrem,
às vezes, devido aos exageros de alimentação, bebidas alcoólicas, fumo e outros
desatinos censuráveis. Eis por que se tornou comum o hábito
indiscriminado de pedir "favores mediúnicos" para atender a todos os
parentes, amigos e conhecidos.
Alguns assistidos viciam-se aos passes
mediúnicos, assim como os fumantes inveterados escravizam-se ao fumo, ou então
como os católicos que se habituam à missa todas as manhãs.
Outros, embora gozem de excelente saúde,
entram na "fila" de passes e vampirizam os fluidos terapêuticos que
poderiam nutrir a outros mais necessitados e realmente enfermos. Mas essa
viciação cômoda é justificada graciosamente com a desculpa de que o passe não é desvantajoso mesmo para os sadios, pois,
em qualquer circunstância, sempre "faz bem". A mediunidade, portanto,
para muitos, ainda é considerado a tenda miraculosa ou a fonte prodigiosa de
recursos fáceis para atender a todas as necessidades mais comezinhas e às
consultas mais prosaicas, funcionando os médiuns à guisa de
"caixeiros" com a obrigação de atender a todos, sob pena de serem
apontados como descaridosos ou pouco humildes.
Ramatís.
Do livro MEDIUNIDADE DE CURA