A "Corda do Destino" - Reflexões Sobre a Existência Humana.
Uma tentativa de “olhar” pela Sabedoria de Ifá.
Uma tentativa de “olhar” pela Sabedoria de Ifá.
Por
Norberto Peixoto.
Prezados
irmãos planetários,
Proponho,
nesse breve artigo, uma singela reflexão sobre a existência humana, dado que
somos espíritos reencarnando sucessivamente na Terra, ou egos humanizados.
Nossas
reflexões baseiam na imagem simbólica que acompanha este artigo. Observem que Deus
– Oludumarè – está à frente de um mosaico, uma estrela de oito pontas. Oito é
detentor de uma energia cíclica. Ele representa a mudança, as estações, o
tempo, e o reino do infinito. Oito “fala” de equilíbrio e consistência. No
sistema oracular de Ifá, base da visão espiritual da cosmogonia nagô, o número
8 corresponde ao ODÚ – signo ou destino – EJIOGBÉ, e é o primeiro na ordem de
chegada de Ifá. Representa fogo sobre fogo, que indica dinamismo puro que
impele a conquista dos objetivos de forma instintiva. No entorno da estrela de
oito pontas, temos várias chamas simbolizando o Fogo Criador Divino. Seguindo a
lógica de convergência e pensamento de síntese que nos move, encontramos em
Jesus a afirmação: “Vim trazer fogo à terra”: desci do alto dos céus e, pelo
mistério da Minha encarnação, manifestei-Me aos homens para acender no coração
humano o fogo do amor divino. “E que quero se não que arda”! (Jo 19, 30).
Oludumarè
nos estende a CORDA DO DESTINO, que é o ODÚ ou signo OBARA MEJI, o sétimo na
ordem de chegada de Ifá, e significa grande proteção espiritual em todos os
níveis, no sentido que nada nos acontece que não seja justo em nossos caminhos
rumo a espiritualização inexorável. A representação esotérica da CORDA, em que todos
estão se agarrando até a arvore da vida, é referência ao poder que a DIVINDADE
CRIADORA – DEUS – possui de tudo levantar, exprimindo força e a possibilidade
de realização humana, em conformidade com o Plano de Vida – Destinos – de cada
um.
Há
que se observar que DESTINO não significa determinismo ao sofrimento, e que no
seu “núcleo periférico”, está constantemente se reconstruindo na encarnação,
fruto de nossos atos, pois somos causa geradora de reações que vivenciaremos.
Existe sim um “núcleo duro”, que é a nossa missão de vida, nossas aptidões psíquicas
mais profundas que serão postas a prova num plano de experiências terrenas previamente
elaborado e aceito antes de reencarnarmos que não conseguimos alterar na
presente vida. O nosso amadurecimento espiritual nos conduz a uma compreensão
mais profunda de nosso destino, de nossos caminhos e quais os passos que temos
que dar para estarmos em paz conosco mesmos, auferindo abundância e
prosperidade na presente encarnação.
Existe
uma ancestralidade que nos une, uma família espiritual, simbolizada na arvore,
que no aforismo popular africano dizemos que uma comunidade espiritual é da
mesma folha. Ou seja, temos um tronco que nos sustenta e vitaliza. Esta arvore
nasce nas águas, do amor da Grande Mãe, Mãe de todos os ORIS – cabeças –
Iemanjá.
Oxalá
é o Grande Pai da Criação, Pai de todos os ORIS (cabeças), e Iemanjá é a Grande
Mãe, ambos aspectos diferenciados, masculino e feminino, de um único Deus, irradiação
cósmica que é provedora e mantenedora de todo o Cosmo e do nosso planeta humanizado,
independente dos nossos precários sistemas religiosos terrenos, tão sectários,
sentenciosos e puristas uns com os outros.
Podemos,
e devemos, perceber a Criação ou Cosmogonia Divina por diversos ângulos de
interpretação, num saudável e harmonioso processo de diálogo inter e
intra-religioso, de convergência e síntese do saber.
Muita
paz, saúde, força e união.
Norberto
Peixoto.