“A
felicidade é muito mais um jeito de ir do que um lugar aonde se chega. “A grande
maioria dos homens vive uma vida de silencioso desespero.” (Henry D. Thoreau) A
maioria das pessoas têm vidas amorfas, vazias, e obedecem à mesmice da navegação
de um marujo que não sabe para onde vai, que teme chegar a algum lugar
indesejável e que cruza os dedos fazendo figa para que o acaso lhes reserve boa
ventura. Vidas sonolentas que se arrastam em meio a rotinas enfadonhas. Gente
que vive à espera da sexta-feira e que se arrepia quando a luz do quarto se
apaga no domingo à noite, sem que nada interessante tenha acontecido no final de
semana.”
Ed
René Kivitz
Esse
texto acima transcrito é tão real na nossa comunidade humana que dá até arrepio
na espinha. Quantos caminhantes para lugar nenhum, diante da inconsciência a
respeito de suas vidas imortais. Lembro das palavras de Emmanuel quando dizia
por meio de Chico Xavier que “muitas pessoas se parecem com zumbis, verdadeiros
mortos-vivos”. Isto porque a luz do esclarecimento e a energia da fé ainda não
perfuraram a parede grosseira da ilusão em que vivem, apegados ao dia a dia da
vida material, como se fossem eternos e, de repente, trouxesse a felicidade e a
paz desejadas.
Não,
a vida material não é capaz de trazer a paz e a alegria desejadas. Elas estão no
nosso íntimo, encobertas, ainda, pela sordidez do nosso orgulho e egoísmo,
carros que nos conduzem cegamente a atitudes imaturas e infantis, na estrada dos
desejos, tornando-nos seres vivente num “silencioso
desespero”.
Até
as religiões, que são focos emitidos pela Espiritualidade Superior, no afã de
despertar os sonolentos e abrir os olhos aos cegos para a realidade da vida
espiritual, são torcidas pela vã esperança humana, e transformadas em formas de
crendices e instrumentos supersticiosos, que vêm alimentar e preencher a nossa
solidão e o nosso vazio, como verdadeiros quebra-galhos, ou meios de barganha
com Deus e as Divindades Sagradas.
A
nossa querida Umbanda é um desses grandes exemplos. Religião plasmada no Astral
e implantada no Plano Físico, como tantas outras, com a função de clarificar
vidas, disciplinando-as, orientando-as, conduzindo-as pelas sagradas qualidades
Divinas da Fé, da Geração, da Lei, da Justiça, do Conhecimento, do Amor e da
Sabedoria, em direção à Luz, onde o estado é de caminhante, mas consciente e
maduro diante da sua realidade imortal e divina, muitas vezes é usada como
instrumento cego de supostas soluções materiais, quando não maléficas, em defesa
dos interesses mesquinhos de pessoas ainda inferiorizadas nos caminhos da
ignorância.
Os
Templos Umbandistas devem ser grandes portas que conduzem ao esclarecimento,
sarando feridas, consolando sofrimentos, curando dores e enfermidades, mas
sempre com a finalidade última de apontar a luz, através do Evangelho de
Jesus.
Jesus,
quando curava alguém, sempre perguntava se tinha fé e, depois de curar, dizia,
“vá e não peques mais”. Ora, irmãos, pecar significa estar alheio à Lei
de Deus, ao caminho que Ele, de toda a eternidade, no ato criador, traçou para
todos nós: é a volta à Casa Paterna, conscientes da nossa real identidade, que
é a de filhos do Eterno. Filhos da Luz.
A
fé e a reforma íntima serão sempre a finalidades ultimas de todo o trabalho com
Jesus, o Divino Oxalá, pois só através delas o ser humanizado consegue ascender
à verdadeira paz e alegria interior.
Do
lado de dentro de um Tempo Umbandista, ou seja, na Corrente Umbandista, estão os
servos de Jesus, o Divino Oxalá (Senhor da Luz), aqueles que foram chamados a
administrar o bálsamo da cura, da orientação, do consolo, do equilíbrio e da
harmonia, apontando a todos que ali entrem, o caminho da Luz, onde se encontra a
Paz e a Alegria. Mas, como ninguém pode dar o que não tem, os membros de um
Templo Umbandista devem ser conduzidos ao amadurecimento pelo estudo, pela
disciplina e pelo trabalho fiel e amoroso. Já diz um belo e certo ditado que:
“Deus
não chama os capacitados, Ele capacita aqueles que Ele
chama”.
No
caso dos membros de uma corrente umbandista, esta capacitação divina se
apresenta de duas formas:
1
– Pessoal: que é o contato pessoal do membro da corrente com Deus, Jesus, o
Plano Espiritual, pela oração. O Estudo pessoal e o trabalho de matar em si o
orgulho, o amor-próprio ferido, o egoísmo e as carências enganosas, pelo
sacrifício e renúncia, também são instrumentos de capacitação buscada
pessoalmente.
2
– Templária: é aquela oferecida pelo Templo nos seus Estudos, sua disciplina
interna (Regimento Interno), respeito e amor à hierarquia da Casa, assiduidade,
desenvolvimento mediúnico sadio, etc...
Vemos,
portanto, que essa capacitação oferecida por Deus “àqueles que escolhe”, estará
sempre na dependência da aceitação dos escolhidos, da sua humildade e desejo de
aprender para servir. Por isso Jesus diz no seu Evangelho que “muitos são os
chamados, mas poucos são os escolhidos” E o médium Zélio F. de Morais dizia,
quando encarnado, que: “A Umbanda é uma montanha sagrada. Muitos são chamados
a galgá-la, mas poucos conseguem lá chegar”. Quão poucos...! É uma pena...!
Mas, infelizmente é o que assistimos por aí, unicamente porque esses irmãos
chamados não tiveram a humildade de se deixarem capacitar.
O
membro de uma corrente mediúnica deve sempre estar somando, nunca dividindo,
caso em que, com certeza, estará, por sua própria falta de capacitação, sendo
instrumento dos irmãozinhos trevosos na sua obra de demolição dos Templos
sérios, verdadeiros hospitais da alma.
Membros
da Corrente e Guias e Protetores, de mãos dadas, exercem o múnus sacerdotal de
Jesus. Devem ser as mãos de Jesus, as palavras de Jesus, o ensinamento de Jesus,
o nosso Divino Oxalá.
Para
isso é necessário que essa Corrente, esse corpo mediúnico, seja esclarecido pelo
ESTUDO; seja prático e ativo pelo TRABALHO; e seja organizado, direcionado e
sério pela DISCIPLINA, para que os Amigos Espirituais dêem o aval necessário a
um trabalho conjunto, e se possa respirar, no Templo Umbandista, o aroma da
verdadeira Caridade, que não é sentimentalismo vazio ou fruto de carências
descabidas, mas a certa e justa assistência aos irmãos sofredores e doridos, dos
dois lados da vida, com os instrumentos cirúrgicos da doutrina e do evangelho,
mesmo que de início doa. Já dizia meu velho pai que “o que arde, cura”. Essa é
a verdadeira Caridade!
Membros
da Corrente Umbandista, médiuns a serviço do Alto, assumam seriamente as suas
atividades no seu Templo Umbandista. Façam da disciplina o primeiro instrumento
de aprendizado, moldagem aos Planos Superiores e austeridade sadia do seu
trabalho mediúnico e religioso.
Um
Templo Umbandista deve ser um celeiro de bênçãos, mas só o será se nele
estiverem presentes a seriedade, a ordem e a fidelidade dos seus membros, fatos
que encontrarão no Plano Espiritual Superior o aval de afinidade, levando-os a
exercerem suas vibrações irradiadas nos trabalhos dos médiuns e
Guias.
O
bom membro de uma Corrente umbandista, que se adéqua e ama o trabalho, o estudo
e a disciplina, será um daqueles que não temerão o fim do domingo, nem estarão
preocupados com a sexta-feira, porque para eles existe uma realização interior;
um ideal de vida ascendente na sua atividade religiosa; uma vivência ardorosa de
amor, fidelidade e compromisso com o Templo Espiritualista a que está inserido,
não como a uma família humana, pois não o é, mas ao seu grupo de irmãos que
vivenciam o mesmo ideal, sob a assistência e ensino do Guia Chefe e do Sacerdote
Chefe do seu Templo.
Para
esse membro da corrente não há tempo para fofocas, para preenchimentos de
carências ou coisas semelhantes. Ele está acima de tudo isso, pois está
consciente e amadurecido na sua fé, arraigado à sua escolha religiosa, no Templo
que o acolheu.
Diz
Pai Ventania que “as paredes de um Tempo Umbandista não foram feitas para
abrigar carências, curiosidades, vidas vazias e desavisadas de mentes vaidosas,
orgulhosas e egoístas, que são canais dos entes trevosos que visam destruir o
trabalho evangelizador e curador da Casa Espiritualista. A Corrente num Templo
Espiritualista deve ser formada por aqueles que já cansaram de brincar de
carrinho e boneca e buscam uma vida séria e madura em sentido religioso,
integrando-se e pedindo que o Templo lhe dê os meios e condições de serem
verdadeiros obreiros da Seara do Senhor. É no Estudo, no Trabalho e na
Disciplina que o seareiro de Jesus, no Templo Umbandista, exerce sua atividade
mediúnica, levando aos seus irmãos de corrente paz e harmonia, e, junto com seus
Guias, dando àqueles que adentrem as portas do Templo, oportunidade de
equilíbrio, de harmonia e de alegria. Na prática assídua da Disciplina, do
Estudo e do Trabalho, o Cruzeiro da Luz realiza a sua missão de servir a Jesus,
no exercício da Caridade”.
Pai
Valdo (Sacerdote Dirigente do Templo Espiritualista do Cruzeiro da
Luz)