PRESENTES POLÊMICOS
Nos últimos dias do ano é comum ver nas praias brasileiras grupos de umbandistas,
ou até mesmo um filho de fé “solitário”, fazendo suas homenagens para Iemanjá.
Muitos agradecem pelo ano que passou, outros fazem pedidos para o próximo
ano, e ainda há aqueles que apenas fazem uma prece à rainha do mar. E não são poucas as oferendas.
Flores, perfumes, espelhos, frutas, tudo para ser entregue è Mãe dos Orixás. Barcos
são cuidadosamente ornamentados. Quando é um terreiro que prepara, antes da
oferenda, em geral, é feita uma Gira em homenagem à Iemanjá e a todo o povo do mar. Mas após o ritual religioso o que fica muitas vezes na
praia é uma coisa só: lixo.
Esse tipo de oferenda já foi alvo de muita polêmica. Foram várias as discussões
sobre o assunto, sem que se chegasse a qualquer conclusão. A lei nos garante a
liberdade de culto. No entanto, para os que não são seguidores da religião, a
impressão de sujeira e agressão ao meio ambiente deixam um ponto negativo, principalmente para a Umbanda.
As homenagens à Iemanjá acabam, muitas vezes, se tornando alvo de preconceito.
Há casos em que a população pede ajuda do poder público para impedir qualquer
tipo de festividade religiosa ou oferenda feita na praia nos festejos de final de
ano.
O dirigente da SEFA, CCT Cristiano Queiroz, diz que não é contra as giras
na praia, mas alerta para os cuidados que se deve ter com a limpeza, ao final
dos trabalhos: “Acho que a giras na praia são
importantes até mesmo como uma marca cultural de nosso país. Mas, assim
como em nossos terreiros, devemos ter a consciência de que estamos usando um espaço
público, e todos têm direito à sua utilização, assim como o dever de bem preservá-lo”, afirma o dirigente.
No primeiro dia do ano são encontrados na beira da praia garrafas de sidra,
velas, caixas de fósforo, alguns alguidares com comida, deixando um rastro de
poluição que não será “aproveitado” por nenhuma entidade. Até porque os garis se encarregam de retirálos da
praia, junto com outras toneladas de lixo deixadas após as festas.
Por isso, vários umbandistas, conscientes de suas responsabilidades como
cidadãos já buscam fazer toda a sua ritualística já se comprometendo em deixar o
ambiente limpo e utilizável para os outros.
Respeito à natureza e ao espaço de cada um é também uma forma de
demonstração de fé e de devoção que os umbandistas têm com as suas entidades, e
com os orixás da Umbanda, uma vez que cada linha representa cada força da
natureza.