"O Espiritismo nos
faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do
pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando
o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso,
é necessário imaginar os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no
fluido universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos
pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do
pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações
do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao
infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na terra ou no
espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se
estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente está
na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que a prece é
ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos
se comunicam entre si, que nos transmitem as suas inspirações, e que as
relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados.
Esta explicação se dirige
sobretudo aos que não compreendem a utilidade da prece puramente mística. Não
tem por fim materializar a prece, mas tornar compreensíveis os seus efeitos, ao
mostrar que ela pode exercer ação direta e positiva. Nem por isso está menos
sujeita à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, e único que pode
dar eficácia à sua ação.
Pela prece, o homem atrai
o concurso dos Bons Espíritos, que o vêm sustentar nas suas boas resoluções e
inspirar-lhe bons pensamentos. Ele adquire assim a força moral necessária para
vencer as dificuldades e voltar ao caminho reto, quando dele se afastou; e
assim também podem desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias
faltas."
por Allan Kardec
665. Que se deve pensar da
opinião dos que rejeitam a prece em favor dos mortos, por não se achar
prescrita no Evangelho?
"Aos homens disse o
Cristo: Amai-vos uns aos outros. Esta recomendação contém a de empregar o homem
todos os meios possíveis para testemunhar aos outros homens afeição, sem haver
entrado em minúcias quanto à maneira de atingir ele esse fim. Se é certo que
nada pode fazer que o Criador, imagem da justiça perfeita, deixe de aplicá-la a
todas as ações do Espírito, não menos certo é que a prece que lhe dirigis por
aquele que vos inspira afeição constitui, para este, um testemunho de que dele
vos lembrais, testemunho que forçosamente contribuirá para lhe suavizar os
sofrimentos e consolá-lo.
Desde que ele manifeste o
mais ligeiro arrependimento, mas só então, é socorrido. Nunca, porém, será
deixado na ignorância de que uma alma simpática com ele se ocupou. Ao
contrário, será deixado na doce crença de que a intercessão dessa alma lhe foi
útil. Daí resulta necessariamente, de sua parte, um sentimento de gratidão e
afeto pelo que lhe deu essa prova de amizade ou de piedade. Em conseqüência,
crescerá num e noutro, reciprocamente, o amor que o Cristo recomendava aos
homens. Ambos, pois, se fizeram assim obedientes à lei de amor e de união de
todos os seres, lei divina, de que resultará a unidade, objetivo e finalidade
do Espírito."
EFICÁCIA DA PRECE
5. Seja o que for que
peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes.
(S. MARCOS, 11:24.)
6. Há quem conteste a
eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as
nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim
pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem
as nossas súplicas mudar os decretos de Deus. Sem dúvida alguma há leis naturais
e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a
crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai
grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento
passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia
curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não
devera ter procurado desviar o raio.
Deus não lhe outorgou a
razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para
não querer; a atividade, para ficar inativo. Sendo livre o homem de agir num
sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, conseqüências
subordinadas ao que ele faz ou não.
Há, pois, devidos à sua
iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a
harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do
ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o
mecanismo. Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar
a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência
à sua vontade.
QUALIDADES DOS FLUIDOS
16. Tem conseqüências de
importância capital e direta para os encarnados a ação dos Espíritos sobre os
fluidos espirituais. Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este
modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados
das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se
pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensa-mentos corrompem os
fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável. Os
fluidos que envolvem os Espíritos maus, ou que estes projetam são, portanto,
viciados, ao passo que os que recebem a influência dos bons Espíritos são tão
puros quanto o comporta o grau da perfeição moral destes.
[...]
Sob o ponto de vista
moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho,
de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor,
de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes,
penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporíficos, narcóticos,
tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão,
etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e
dos vícios da Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos
efeitos que eles produzem.
TEXTO ANDRÉ LUIZ 1
Suponhamos agora duas
pessoas próximas, cada qual envolvida – que nos permitam o neologismo – POR SUA
ATMOSFERA PERISPIRITUAL. Esses dois fluidos põem-se em contato e se
interpenetram; SE FOREM DE NATUREZA ANTIPÁTICA, REPELEM-SE E OS DOIS INDIVÍDUOS
SENTIRÃO UMA ESPÉCIE DE MAL-ESTAR AO SE APROXIMAREM UM DO OUTRO, SEM DISSO SE
DAREM CONTA; se, ao contrário, forem movidos por sentimentos de benevolência,
terão um pensamento benevolente, que atrai. Tal a causa pela qual duas pessoas
se compreendem e se adivinham sem se falarem. Um certo não sei quê por vezes
nos diz que a pessoa com a qual nos defrontamos deve ser animada por tal ou
qual sentimento. Ora, esse não sei quê É A EXPANSÃO DO FLUIDO PERISPIRITUAL DA
PESSOA EM CONTATO COM O NOSSO, ESPÉCIE DE FIO ELÉTRICO CONDUTOR DO PENSAMENTO.
Desde logo se compreende que os Espíritos, cujo envoltório fluídico é muito
mais livre do que no estado de encarnação, já não necessitam de sons
articulados para se entenderem. O fluido perispiritual do encarnado é, pois,
acionado pelo Espírito. Se, por sua vontade, o Espírito, por assim dizer,
dardeja raios sobre outro indivíduo, os raios o penetram. Daí a ação magnética
mais ou menos poderosa, conforme a vontade; mais ou menos benfazeja, conforme
sejam os raios de natureza melhor ou pior, mais ou menos vivificante. Porque
podem, por sua ação, penetrar os órgãos e, em certos casos, restabelecer o
estado normal. Sabe-se da importância das qualidades morais do magnetizador.
Aquilo que pode fazer o Espírito encarnado, dardejando seu próprio fluido sobre
uma pessoa, um Espírito desencarnado também o pode, visto ter o mesmo fluido,
ou seja, pode magnetizar. CONFORME SEJA BOM OU MAU O FLUIDO, SUA AÇÃO SERÁ
BENÉFICA OU PREJUDICIAL. Assim, facilmente nos damos conta da natureza das impressões
que recebemos, de acordo com o meio onde nos encontramos. SE UMA ASSEMBLÉIA FOR
COMPOSTA DE PESSOAS ANIMADAS DE MAUS SENTIMENTOS, O AR AMBIENTE SERÁ SATURADO
COM O FLUIDO IMPREGNADO DE SEUS SENTIMENTOS. Daí, para as almas boas, um
mal-estar moral análogo ao mal-estar físico causado pelas emanações mefíticas:
a alma fica asfixiada. Se, ao contrário, as pessoas tiverem intenções puras,
encontramo-nos em sua atmosfera como se estivéssemos num ar vivificante e
salubre. Naturalmente o efeito será o mesmo num ambiente repleto de Espíritos,
conforme sejam bons ou maus.
Revista Espírita – 1862 –
pág. 489
Emitindo uma idéia,
passamos a refletir as que se lhe assemelham, idéia essa que para logo se
corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la,
mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos
esposem o modo de sentir.
É nessa projeção de
forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas
ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das
formas-pensamentos, construções substanciais na esfera da alma, que nos liberam
o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. Isso
acontece porque, à maneira do homem que constrói estradas para a sua própria
expansão ou que talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas
correntes de matéria mental que exterioriza, eleva-se a gradativa libertação no
rumo dos planos superiores ou estaciona nos planos inferiores, como quem traça
vasto labirinto aos próprios pés.
Mecanismos da Mediunidade
- André Luiz – Pág. 42
TEXTO ANDRÉ LUIZ 2
A partícula de pensamento,
pois, como corpúsculo fluídico, tanto quanto o átomo, é uma unidade na
essência, a subdividir-se, porém, em diversos tipos, conforme a quantidade, qualidade,
comportamento e trajetórias dos componentes que a integram.
E assim como o átomo é uma
força viva e poderosa na própria contextura, passiva, entretanto, diante da
inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, a partícula de
pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derrama do Espírito
que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e
natureza para o bem ou para o mal, convertendo-se, por acumulação, em fluído
gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou
esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do sentimento que o
tipifica e configura, nomeável, à falta de terminologia equivalente, como
"raio da emoção" ou "raio do desejo", força essa que lhe
opera a diferenciação de massa e trajeto, impacto e estrutura.
Evolução em Dois Mundos -
André Luiz – Pág. 92
Texto divulgado pelo grupo
VidasPassadasBr