A ideologia que os rege é salvacionista e punitiva, sacrificial, baseadas no Velho Testamento. Encontram nos cultos afro-brasileiros e nas "umbandas" e "candomblés" das práticas mágicas populares os inimigos diabólicos para atacarem com o objetivo de "roubar" deles os frequentadores. Na verdade, oferecem, em essência, os mesmos serviços espirituais, só que numa forma ritual diferente e reversa, pois são símiles ao que atacam, tendo em seus cultos transes de possessão, sessões de descarrego, banhos de sal grosso e arruda, sacudimentos desobsessivos, fogueira da rosa ungida, unção na cabeça com o óleo das oliveiras pelos pastores, etc... Intensificou-se radicalmente o modelo de religião que se sustenta na experiência do transe de possessão, vivida no próprio corpo dos prosélitos, característica que até então era da umbanda, dos cultos afro-brasileiros e do espiritismo kardecista.
Uma
característica marcante dos pentecostais, até o surgimento do novo movimento,
era tratar as religiões mediúnicas como folclore, crendice, imaginação ou
ignorância. Ao inovarem e reconhecerem a existência das divindades dos cultos
afro-brasileiros, dos guias da umbanda e dos mentores espíritas, enquanto
entidades desencarnadas, os neo-pentecostais deram veracidade à mediunidade que, até então,
negavam, classificando o mediunismo numa generalização às avessas
(todo o Universo se compõe de "espíritos demoníacos" e o único
espírito bom é o"santo"que se manifesta nos cultos de suas igrejas). Daí para justificarem a
verdade de que os espíritos existem e influenciam a vida das pessoas, precisam
constantemente exorcizar essas manifestações.
É como um cidadão que construiu o cercado avançando no lado do vizinho para que a laranjeira deixasse cair as laranjas do seu lado.
Fonte texto: Ramatís - livro Mediunidade e Sacerdócio.