Não
é o fato de os espíritos superiores inspirarem os homens o que lhes causa dificuldades; os
homens é que são
difíceis de ser inspirados!.. Só muito raramente eles não vivem algemados
exclusivamente aos seus interesses imediatos no mundo físico. Em geral, eles sofrem a atuação
hipnótica dos fluidos
densos produzidos pela sua própria esfera mental e que os ligam familiarmente às baixas
camadas do astral inferior. Os espíritos benfeitores envidam hercúleos esforços para despertar os seus pupilos através da
sugestão mental ou influir-lhes no coração, a fim de os afastar da fascinação mórbida
exercida pelas
paixões e pelos tesouros efêmeros do mundo materiallsta posto, como poderão eles
atravessar o "cartucho" de fluidos densos, plúmbeos e pegajosos que comumente se
emborca sobre as criaturas sedentas de
sensações inferiores?
Em
sua maioria, os homens passam pelas ruas das cidades metidos nas suas auras
ovóides constituídas pelo baixo eterismo animal da Terra, como se fossem pitorescos carregadores de barracas
confeccionadas com fluidos cinzentos e oleosos. Alguns destacam-se pelos tons lamacentos e arroxeados das manchas extensas que
lhes fulgem sombriamente sobre a aura nevoenta, a trair-lhes o desejo sexual
subvertido; noutros
é a cor escarlate chamejante, identificando-lhes o ódio que ainda nutrem contra prováveis
adversários da vida
em comum. No manto de fluidos densos que os envolve como a cerração opaca das
manhãs frias coleando sobre a superfície do rio lodoso, pintalgam e atiçam-se os fragmentos coloridos de todos os tons inimagináveis!
São
as tonalidades que marcam os bons e os maus pensamentos, os desejos impuros ou os sentimentos
altruístas. Algumas
cores clareiam sob as idéias benevolentes; outras enodoam-se no fluido pegajoso
que se exsuda da efervescência do instinto animal, revelando aos desencarnados o caráter dos homens. Os espíritos
gozadores seguem no encalço daqueles que ainda são usinas vivas dos maus fluidos e alimentam-lhes voluptuosamente as
piores intenções, projetando os quadros mais sensuais na mente deseducada. Sugerem as aventuras condenáveis e
estimulam o ódio, a violência, a cupidez, a desonestidade ou a vingança;
exaltam o orgulho, ativam
o amor próprio ferido ou subvertem a consciência no julgamento das intenções mais
inofensivas e dos gestos mais inocentes
do próximo.
Nesse
turbilhão ruidoso e heterogêneo das metrópoles da Terra, em que, devido ao estado
primário evolutivo de sua humanidade, predominam em sua superfície as contendas politicas, as guerras fratricidas, as
competições comerciais, a cupidez de posse ou o desejo animal, forma-se o manto
vigoroso e denso dos fluidos nocivos exalados prodigamente pelo astral inferior. E o orbe é envolto por uma aura suja e
oleosa, no seio de cuja cerração astral as almas benfeitoras movem-se dificultosamente para
abrir clareiras de luz aos terrícolas ainda entontecidos pelas paixões
carnais.
Mas,
em face de o Espírito de Deus palpitar na intimidade de todas as coisas e seres de
Sua Criação, também no seio das paixões mais nocivas e entre as dores mais acerbas permanece a Luz Sublime em contínua
expansão centrífuga e transfusão
angélica. No futuro, a Terra também será vestida com uma aura refulgente, divina cabeleira de luz a
substituir-lhe o manto de fluidos densos e tristes do presente.
Eis
porque é suficiente a atuação de um punhado de anjos que permanecem servindo ao mundo
físico, quais falenas irisadas de luz munificente, para então neutralizar a
ação deletéria de milhares de espíritos diabólicos, desintegrando pelos fótons siderais, os lençóis microbianos
do astral inferior e proporcionando novos ensejos de progresso espiritual ao homem terreno. São essas almas abnegadas a
divina esperança do Alto para firmar na matéria os fundamentos da nova humanidade, pois
elas vivem em todas
as camadas e operam no seio de todo labor humano. Despertam consciências perturbadas, orientam
vontades débeis,
higienizam os ambientes enfermos e se constituem no convite incessante para a vida
angélica e para o homem libertar-se da
escola rude da matéria.
Toda
criatura é luminescente centelha espiritual do Criador, abafada pela veste pesada dos fluidos
primitivos, mas é
sempre também a própria ponte espiritual ligando os abismos da animalidade com as
colinas refulgentes da angelitude. Sem dúvida, enquanto a alma ainda vive mergulhada no mar de fluidos asfixiantes
da vida inferior, ela ainda exige os mais heróicos esforços das entidades sublimes, que tanto
desejam intuí-la para o Bem, como ajudá-la a libertar-se o mais cedo possível do jugo
satânico simbolizado pelas paixões
animais.
Ramatís - do livro Mediunismo.