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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Um espírito benfeitor tem dificuldade para inspirar o homem comum que não se encontra em prova mediúnica?

     Não é o fato de os espíritos superiores ins­pirarem os homens o que lhes causa dificuldades; os homens é que são difíceis de ser inspirados!.. Só muito raramente eles não vivem algemados exclusivamente aos seus interesses imediatos no mundo físico. Em geral, eles sofrem a atuação hipnótica dos fluidos densos produzidos pela sua própria esfera mental e que os ligam familiarmente às baixas camadas do astral inferior. Os espíritos benfeitores envidam hercúleos esforços para despertar os seus pupilos através da sugestão mental ou influir-lhes no coração, a fim de os afastar da fascinação mórbida exercida pelas paixões e pelos tesouros efêmeros do mundo materiallsta posto, como poderão eles atravessar o "cartucho" de fluidos den­sos, plúmbeos e pegajosos que comumente se emborca sobre as criaturas sedentas de sensações inferiores?

     Em sua maioria, os homens passam pelas ruas das cida­des metidos nas suas auras ovóides constituídas pelo baixo eterismo animal da Terra, como se fossem pitorescos carre­gadores de barracas confeccionadas com fluidos cinzentos e oleosos. Alguns destacam-se pelos tons lamacentos e arro­xeados das manchas extensas que lhes fulgem sombriamen­te sobre a aura nevoenta, a trair-lhes o desejo sexual subver­tido; noutros é a cor escarlate chamejante, identificando-lhes o ódio que ainda nutrem contra prováveis adversários da vida em comum. No manto de fluidos densos que os envol­ve como a cerração opaca das manhãs frias coleando sobre a superfície do rio lodoso, pintalgam e atiçam-se os fragmen­tos coloridos de todos os tons inimagináveis!

     São as tonalidades que marcam os bons e os maus pen­samentos, os desejos impuros ou os sentimentos altruístas. Algumas cores clareiam sob as idéias benevolentes; outras enodoam-se no fluido pegajoso que se exsuda da efervescên­cia do instinto animal, revelando aos desencarnados o cará­ter dos homens. Os espíritos gozadores seguem no encalço daqueles que ainda são usinas vivas dos maus fluidos e ali­mentam-lhes voluptuosamente as piores intenções, projetan­do os quadros mais sensuais na mente deseducada. Sugerem as aventuras condenáveis e estimulam o ódio, a violência, a cupidez, a desonestidade ou a vingança; exaltam o orgulho, ativam o amor próprio ferido ou subvertem a consciência no julgamento das intenções mais inofensivas e dos gestos mais inocentes do próximo.

     Nesse turbilhão ruidoso e heterogêneo das metrópoles da Terra, em que, devido ao estado primário evolutivo de sua humanidade, predominam em sua superfície as contendas politicas, as guerras fratricidas, as competições comerciais, a cupidez de posse ou o desejo animal, forma-se o manto vigoroso e denso dos fluidos nocivos exalados prodigamente pelo astral inferior. E o orbe é envolto por uma aura suja e oleosa, no seio de cuja cerração astral as almas benfeitoras movem-se dificultosamente para abrir clarei­ras de luz aos terrícolas ainda entontecidos pelas paixões carnais.

     Mas, em face de o Espírito de Deus palpitar na intimida­de de todas as coisas e seres de Sua Criação, também no seio das paixões mais nocivas e entre as dores mais acerbas per­manece a Luz Sublime em contínua expansão centrífuga e transfusão angélica. No futuro, a Terra também será vestida com uma aura refulgente, divina cabeleira de luz a substituir-lhe o manto de fluidos densos e tristes do presente.

     Eis porque é suficiente a atuação de um punhado de anjos que permanecem servindo ao mundo físico, quais falenas irisa­das de luz munificente, para então neutralizar a ação deletéria de milhares de espíritos diabólicos, desintegrando pelos fótons siderais, os lençóis microbianos do astral inferior e proporcio­nando novos ensejos de progresso espiritual ao homem terreno. São essas almas abnegadas a divina esperança do Alto para fir­mar na matéria os fundamentos da nova humanidade, pois elas vivem em todas as camadas e operam no seio de todo labor humano. Despertam consciências perturbadas, orientam vonta­des débeis, higienizam os ambientes enfermos e se constituem no convite incessante para a vida angélica e para o homem libertar-se da escola rude da matéria.

     Toda criatura é luminescente centelha espiritual do Criador, abafada pela veste pesada dos fluidos primitivos, mas é sempre também a própria ponte espiritual ligando os abismos da animalidade com as colinas refulgentes da ange­litude. Sem dúvida, enquanto a alma ainda vive mergulha­da no mar de fluidos asfixiantes da vida inferior, ela ainda exige os mais heróicos esforços das entidades sublimes, que tanto desejam intuí-la para o Bem, como ajudá-la a libertar-se o mais cedo possível do jugo satânico simbolizado pelas paixões animais.

Ramatís - do livro Mediunismo.
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