PERGUNTA:
- Como poderíamos entender essa pressão exercida pelos parentes do moribundo,
na hora de sua desencarnação, obrigando-o a lutar contra a morte do corpo?
ATANAGILDO: - O confrangimento, o desespero e a inconformação
dos familiares e amigos, em torno do agonizante, produzem filamentos de
magnetismo denso, que imantam o espírito desencarnante ao seu corpo material,
como se se tratasse de vigorosas cordas vivas a susterem a alma em agonia.
Conforme podereis comprovar pela extensa literatura espírita, há casos em que
os espíritos assistentes. dos desencarnantes procuram neutralizar esses efeitos
perniciosos, lançando mão do estratagema de restaurarem as forças magnéticas do
agonizante e fazendo o seu organismo físico obter visível recuperação de vida.
Ante a melhoria súbita - que é muito comum nos fenômenos da agonia - acalmam-se
os temores dos familiares e cessa a angústia que retinha o espírito no corpo
carnal; abrandam-se ou extinguem-se, então, os fios magnéticos que imantam o
moribundo à carne, porque as mentes dos presentes também deixam de produzir
essas forças magnéticas negativas e agrilhoantes, que resultam de grande
ignorância espiritual dos encarnados a respeito do fenômeno da morte corporal e
da imortalidade do espírito. Essa súbita convalescença na hora da agonia, muito
comentada na Terra, é que deu lugar ao velho rifão: "Melhora do moribundo,
visita da morte!"
PERGUNTA: - Mas não é
justo, então, que os parentes e amigos do enfermo se angustiem ante a partida
definitiva daquele que lhes era tão caro ao coração? Há, porventura, deslize
espiritual nessa imantação da família ao seu ente querido nas vascas da agonia?
ATANAGILDO: - Tudo depende do modo como encaramos essas coisas
da vida em comum, ou seja do ponto de vista em que nos colocamos. Convém refletirdes
que, enquanto para os encarnados a morte do seu familiar significa tragédia
insuperável e drama pungente, o mesmo acontecimento, para os seus parentes já
desencarnados e desembaraçados do lado de cá, transforma-se num fato jubiloso
pois, em verdade, trata-se de um ente querido que retorna ao - seu verdadeiro
lar, no Além. Então, invertem-se os papéis, pois o confrangimento do mundo
físico passa a ser motivo de alegrias no mundo astral! Enquanto os moradores do
vosso orbe ignorarem a verdadeira finalidade da vida humana e a imortalidade do
espírito, ainda hão de chorar inúmeras vezes, assim como já têm chorado noutras
existências.
Quantas vezes já choraram por vossa causa em outras encarnações,
cada vez que o vosso espírito teve de abandonar o seu corpo físico! Já fostes
pranteado sob as vestes egípcias, hebréias, gregas, hindus ou européias;
alhures para se obedecerem a determinados ritos fúnebres usados por certas
raças exóticas, colocaram alimentos e objetos dentro de vossos caixões
mortuários ou sobre as lápides tumulares do vosso cadáver; doutra feita, apenas
algumas flores singelas ornamentaram as cruzes solitárias de vossas sepulturas!
Algumas vezes, em vidas mais ricas, o vosso cadáver transitou pelas ruas no
caixão luxuoso, forrado com sedas riquíssimas e ornado de franjas douradas,
submerso no fausto das flores raras, hospedando-se definitivamente no mausoléu
suntuoso; no entanto; em outras vezes, algumas almas amigas tiveram que
carregar o vosso corpo hirto, semi-nu, coberto com repulsivos trapos que mal
cobriam vossas carnes frias! Enquanto em certas existências a terra fria vos
deu sepultura amiga, também..vezes houve em que os animais ferozes ou os urubus
famintos se encarregaram de vos devorar o corpo tombado só, na mata virgem!
Há quantos milênios, no círculo de vossa família espiritual,
composta às vezes dos vossos próprios adversários de outras encarnações,
obrigados a fazerem parte de vossa parentela consangüínea, não tendes cultivado
o choro e o sofrimento angustioso, devido ao paradoxo de uma morte que é
imortal?
A Vida Além da Sepultura.