PERGUNTA: - Quais as
primeiras providências tomadas pelos espíritos assistentes das desencarnações,
na tarefa de libertação dos moribundos?
ATANAGILDO: - Já vos disse, alhures, que não se registra uma só
reencarnação ou desencarnação, sequer, absolutamente idêntica a outras;
comumente, os técnicos desenvolvem os seus trabalhos e coordenam o processo
desencarnatório à medida que também se apresentam as reações e os
acontecimentos inerentes à natureza "psicofísica" do desencarnante.
Quando se trata de alma filiada a qualquer comunidade superior, ou que tenha se
devotado ao serviço do amor ao próximo, as primeiras providências dos técnicos
se circunscrevem à defesa em torno do seu leito de dor. Eles criam uma rede de
fluidos magnéticos que dissolvem as vibrações mentais e os impactos emotivos
causados pelos parentes em desespero, assim como também protegem o
desencarnante contra qualquer intervenção indébita do astral inferior.
Embora nem sempre se obtenha o completo êxito desejado, devido à
vigorosa imantação de angústia da parentela encarnada, pelo menos esse círculo
de magnetismo defensivo ainda neutraliza grande parte da carga nociva, que sempre
perturba o trabalho desencarnatório. Mesmo quando não se trata de purgação
cármica, há enfermos que agonizam horas e horas a fio, porque ficam retidos na
carne pelos laços vigorosos do magnetismo afetivo dos seus familiares
desesperados e que pretendem salvá-lo a qualquer preço, embora já o reconheçam
incurável e moribundo.
Visto que os encarnados muito se desorientam diante da morte do
corpo, que promovendo desesperada gritaria, quer blasfemando contra Deus, é
comum a presença de amigos desencarnados que se apresentam junto ao agonizante
e formam ali um círculo de orações, que então o auxiliam para o melhor êxito no
seu trespasse. Normalmente, são essas as primeiras providências que se tomam
junto ao desencarnante, quando é digno de boa assistência, tais como a
fluidificação sedativa do ambiente, a criação de uma rede de magnetismo
protetor em torno do seu leito e o carinho espiritual através da prece
proferida por espíritos amigos.
PERGUNTA: - Supomos que, logo a seguir, se processa o
desatamento dos laços da vida física; não é assim?
ATANAGILDO: - A operação do desligamento final. depende muito da
própria psicologia do desencarnante pois, embora ele mereça ser digno de
assistência espiritual, por vezes é imaturo de razão ou psiquicamente inseguro
de felicidade no limiar da morte física. Neste caso, os espíritos assistentes
promovem o adormecimento do seu cérebro, para que ele se desligue da carne
inconsciente do processo desencarnatório, permanecendo, assim, sob a ação de um
incontrolável sono que o impede de interferir diretamente no processo com a sua
força mental, dificultando a operação liberatória.
Mas há também outros espíritos que, devido a sua emancipação e
elevado grau de consciência desperta, durante a desencarnação, merecem outra
espécie de operação preliminar para a libertação do corpo físico, a qual
consiste em ativar-lhe a consciência espiritual e sugerir-lhes a oração
afetiva, porque lhes é chegada a hora filial.
Eis o motivo por que trabalhadores do Senhor e certas criaturas
bem espiritualizadas desencarnam perfeitamente lúcidas e calmas, a ponto de
convidarem os presentes à oração, chegando mesmo a determinar providências
relativas ao seu trespasse. Os seus corpos são abandonados com invejável
tranqüilidade espiritual, em lugar do desespero que se apossa daqueles que não
vivem preparados para saber morrer! No processo desencarnatório dessas almas
emancipadas e conscientes, quase sempre os técnicos fazem convergir todas as
forças vitais e magnéticas para a região infracraniana, à altura do cerebelo,
onde se acumulam, então, forças regeneradas que ativam o espírito e aguçam-lhe
a percepção mental do fenômeno desencarnatório.
A Vida Além da Sepultura
Ramatís - Atanagildo.