PERGUNTA: — Temos notado que em certos trabalhos mediúnicos, quando não está presente o médium principal e outro médium então deve receber o guia de tradição da casa, cria-se uma aura de constrangimento pela grande diferença com que este se apresenta em seu retrato psicofísico mediúnico. Como se explica isso?
RAMATÍS: — O fenômeno é explicável, pois no reino espiritual, onde vivemos, importam mais as idéias, os sentimentos e as características de sabedoria e entendimento íntimo da alma, enquanto as configurações pessoais ou os tipos humanos permanecem em situação secundária. Na Terra expressa grande valor a personalidade humana com seus ascendentes biológicos e as tradições de família, porque os encarnados ainda vivem a sensação de uma única vida. Raros estão plenamente convictos de que detrás do organismo físico, com suas expressões peculiares, o espírito eterno e imutável, embora mude de organismo carnal, sempre há de manifestar as mesmas idéias e sentimentos que tiver cultivado.
Os desencarnados, no entanto, mantêm outra concepção da vida, porque podem comprovar a variedade de corpos e fisionomias de que um mesmo espírito se utiliza nas suas peregrinações pelo mundo físico, sem fragmentar a sua verdadeira individualidade através dos aspectos provisórios da personalidade terrena. É o que acontece nas comunicações mediúnicas; o guia da casa fica conhecidíssimo e familiarizado pelo palavreado, tom de voz, expressões fisionômicas e até cacoetes do médium que o manifesta comumente. Expõe-lhe as idéias e os conceitos espirituais, mas é recortado à visão e audição do público pela personalidade do seu medianeiro, do que resulta o guia ter muito do médium e a ele se assemelhar.
Do livro "Mediunismo".
Do livro "Mediunismo".