A Terra é a minha pátria,
O céu é o meu teto
E a liberdade é a minha religião!
Essas poucas palavras deixam claro a
extensão do sentido da palavra liberdade para os ciganos.
Segundo algumas fontes históricas de
pesquisa, os ciganos teriam aparecido por volta de 3000 atrás, na Índia,
e no ano de 2400 d.C. quando os persas invadiram a Índia, teria acontecido uma diáspora;
dessa, dois grandes grupos se formaram, um seguindo para a Europa (os Peclom)
e o outro (Beni) teria atingido a Síria, o Egito e a Palestina.
Há vários clãs ciganos dessas descendências.
No Brasil os ciganos teriam chegado por
volta de 1574, embora haja relatos de
alguns grupos terem chegado antes, como degredados.
Possuem um código próprio de honra e são regidos por suas próprias leis que são guardadas por um tribunal- a kris Romanis- que é formada por homens sábios de seu povo e presidida pelo barô, nome dado ao cigano líder de cada grupo.
O mestre de cura é o Kaku (xamã) dotado
de grande paranormalidade, podendo ser homem ou mulher.
Na sua estrutura social, há integração e
o respeito aos idosos, desconhecendo-se que algum idoso tenha sido abandonado. As crianças são sua maior alegria
, e são cuidadas por todos do grupo.
Possuem ritos próprios para nascimentos, casamentos e morte.
Ritos e nascimento:
- nome civil para não
ciganos-
- nome para o clã-
- nome secreto
dado somente pela mãe-
- banho da sorte-
- pão das três
fadas –
- apresentação da
criança à lua cheia.
Os
ciganos estão relacionados à magia e ao
poder divinatório de maneira muito
forte.
No livro do Tarô Cigano, há o relato
feito em 1879 pelo professor de matemática
e estatística Jean Pierre Dunant,
que estudou papéis encontrados em uma livraria de Budapeste, na Hungria, os quais relatavam a história
e a magia dos ciganos e dezenas de métodos divinatórios. Para corroborar
seu achado o professor conviveu com um grupo cigano por volta de 4 anos,
concluindo que os ciganos tinham um poder fora do comum para adivinhar coisas.
A leitura de cartas, do Tarô, a
quiromancia são artes divinatórias bem
populares praticadas pelos ciganos, porém o que chama a atenção é que para eles, a quiromancia é mais que um sistema divinatório, é um inteligente
esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde
e o destino.
Os ciganos são possuidores de um espírito livre dos condicionamentos das pessoas organizadas em sociedades normais, são também detentores de de uma rotina em que a arte divinatória é comum ao cotidiano do grupo. Esses fatores aliados a outros de suas
tradições, criam uma aura mágica em torno deles. Esse fascínio pelo mistério dos segredos
éticos do grupo, por suas tradições, pelos poderes divinatórios se estendem aos
“ciganos do além”, ou seja, aos trabalhos espirituais em que se apresentam
espíritos na forma de
ciganos. O porque desse fascínio é pela aura secular que se formou e segue buscando a mágica das soluções rápidas. A música, a dança, a alegria contagiante, enche o ar de um clima diferente e
reascende “o mágico” que a história e as tradições mantém.
Mas o povo cigano que vem no terreiro de Umbanda tem como único propósito a caridade.
A linha dos
ciganos trabalha conjugada ou em paralelo com as demais linhas. Não trabalham a
serviço de um Orixá. Não são guardiões (mesmo trabalhando com Exu), são Protetores.
O maior
risco do médium que trabalha com ciganos é o fascínio do ego pelo aparato que
as tradições cultuam. Os elementos de rito ( cartas, taças, vinhos) imagens
ricamente vestidas, moedas. Esse
deslumbre pelos elementos que ele
organizou, o “poder de seu cigano” , vai
envolvendo sutilmente a vaidade do médium e a sintonia com seu protetor vai se tornando
mais difícil, podendo até cessar, ficando
o médium em sintonia com os afins
de sua vaidade.
No livro
Diário Mediúnico, está o alerta que esse
risco pode acontecer de ambos os lados, ficando o médium viciado em oferendar
para receber suas respostas e o espírito
viciado em oferendas para ser escutado pelo médium, fazendo com que os dois se "percam".
Para fazer a
caridade o povo cigano, como as outras
formas de apresentação na Umbanda, não precisa de vinho, taça ou qualquer outro elemento, precisa de médium humilde, amoroso, disposto a
sintonizar com o trabalho da seara do Cristo, abrindo o coração para o amor
incondicional e sem julgamentos.
Para
fazermos a caridade abrangente, precisamos nos nivelar com o outro como no abraço que une
os corações no mesmo plano, nem acima, nem abaixo, auxiliando com o
coração....assim se faz a caridade, assim é a Umbanda..
Salve o povo
Cigano!