Yemanjá é o respeito, o amor, o despertar da Grande Mãe em cada um, a percepção de que somos co-criadores com o Pai, podendo gerar a "vida". Jesus tinha o princípio do masculino e do feminino (animus e anima) em Sua essência divina, em perfeito equilíbrio interno. Hoje, temos uma visão totalmente distorcida e masculinizada do princípio feminino. Deus na realidade é: Deus-Pai-Mãe-Espírito. Temos dificuldade de penetrar na essência do feminino, que é a emoção, a doçura, a compaixão. É a energia que flui, a essência da doação, da harmonia, da vida em perfeito equilíbrio com a natureza, que espera com paciência, em seu próprio ritmo.
Na vibração do amor, tudo se harmoniza e
permite que vejamos e aceitemos as pessoas como elas realmente são. Amar é
abrir o coração sem reservas, desarmar-se, entregar-se e doar-se. As águas
representam as nossas emoções...
· "Quem é minha mãe e quem são meus
irmãos, senão aqueles que fazem a vontade do Pai?", disse Jesus
demonstrando que Seu amor ampliava-se à toda a humanidade, para nos ensinar
que, rompendo com os grilhões do parentesco carnal, formamos uma única família
universal.
Yemanjá, em sua vibração divina, cria os
seus filhos para a vida, para que sejam cidadãos do mundo, respeitando a
individualidade de cada um. Mãe zelosa quer e visa unicamente ao bem de sua
coletividade. É considerada a Grande Mãe porque acolhe também os filhos
adotivos, de outras mães. Num terreiro de umbanda é a agregadora dos grupos, o
sentido de união, o humanitarismo, a procriação no sentido de progresso e
prosperidade.
Vovó Maria Conga nos esclarece: "O
amor compreendido e praticado é como um pintor que reproduz obras que favoreçam
a todos que são abrangidos pelo seu raio visual, provocando o desenvolvimento
de novos valores internos, modificando os quadros mais íntimos de cada um, com
as novas tintas e pincéis das conquistas realizadas em favor do outro".
Sendo assim, surge a caridade com si mesmo,
que restaura no indivíduo a sua dignidade psíquica, levando-o a superar o
momento de dificuldade na conquista do alimento, da manutenção do lar, da
educação e da saúde por meio do próprio esforço. É o "ensinar a
pescar" que propicia o alimento sempre.
O mar é o nosso maior provedor de alimentos
e de pulsação da vida - este é o sentido de prosperidade. No seu movimento de
fluxo e refluxo das marés, limpa, energiza, leva o negativo e transforma-o em
positivo, promovendo o equilíbrio.
Jesus reunia-Se com Seus discípulos nos
finais de tarde, às margens do mar de Genesaré, para ensinar-lhes sobre o
"reino dos céus", e transformá-los em pescadores das almas. Em Seu
diálogo com Maria de Magdala, no livro Boa Nova, psicografado por Chico Xavier,
ela diz: "Desgraçada de mim, Senhor, que não poderei ser mãe". Então,
atraindo-a brandamente para Si, o Mestre acrescentou: "E qual das mães
será maior aos olhos de Deus: a que se devotou somente aos filhos de sua carne,
ou a que se consagrou, pelo espírito, aos filhos das outras mães?".
A palavra de Jesus lhe honrava o espírito,
convidava-a a ser mãe de seus irmãos em humanidade, aquinhoando-os com os bens
supremos das mais elevadas virtudes da vida.
"Vai, Maria!
Sacrifica-te e ama sempre! Longo é o caminho, difícil a jornada, estreita a
porta, mas a fé remove os obstáculos. Nada temas: é preciso crer
somente!".
E Maria de Magdala renunciou aos prazeres
transitórios da carne e dedicou-se integralmente a auxiliar os irmãos em
sofrimento, aliviando-lhes as feridas do coração, ficando até o fim de sua vida
terrena junto aos aleijados e leprosos.
Maria de Nazaré, mãe de
Jesus, foi o grande exemplo de fé e de entrega absoluta à vontade do Pai. Ela
amou tanto o seu filho único que jamais O impediu de cumprir Sua missão; pelo
contrário, O guiou com seu amor e sofreu com Ele o martírio infamante da cruz.
Em retribuição a esse amor, Jesus deixou a João, o Evangelista, Seu discípulo
mais amoroso, a incumbência de substituí-Lo nos cuidados com Maria.
Do livro Umbanda Pé no Chão.