O trabalho, na Terra, é uma lei de biologia inerente ao tipo do orbe educativo. Constitui-se no meio de o homem desenvolver as suas energias primárias e preparar-se para viver futuramente em esferas superiores até libertar-se das exigências dos mundos físicos e desenvolver a sua consciência para tornar-se um espírito eminentemente criador. Mas não basta ao homem viver na Terra apenas acumulando bens e objetos, como um proprietário de quinquilharias que, ao morrer fisicamente, tem de renunciar aos seus bens por não poder transportá-los para o Além-Túmulo. Todos os acontecimentos e fenômenos da vida terrena compõem o curso letivo da alfabetização do espírito para, no futuro, manusear a língua sublime das humanidades siderais.
Por isso, os espíritos que habitam a Terra ainda enfrentam a natureza de uma vida primária, justificando perfeitamente o versículo do Gênesis que assim diz ao homem: "Tu comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que te tornes na terra de que foste tomado; porque és pó, e em pó hás de tornar" 37. Evidentemente, ao dirigir-se a Adão, o símbolo da humanidade terrena, Deus, adverte de que teria de viver do suor do seu rosto até se tornar o senhor em espírito e desenvolver a consciência espiritual, "porque o corpo é pó e em pó se tornará"!
37 - Gênesis, capítulo 3, versículo 19.
Mas o trabalho, na Terra, apesar de exigir do homem um esforço árduo e indesejável, é uma condição transitória. Ela existe só enquanto o espírito desenvolve e fortalece a sua consciência individual, proporcionando-lhe o ensejo de ativar a paciência, a resignação, a perseverança e dinamizando iniciativas criadoras. Malgrado a fadiga e a obrigação, o labor humano adestra o espírito para a vida superior e o conduz a tarefas agradáveis e prazenteiras noutros planos mais saudáveis. O trabalho terrícola não é castigo nem desperdício, mas um processo de desenvolvimento, assim como o aluno primário só pode gozar a alegria futura de ler e compreender as coisas do mundo depois do sacrifício e da resignação em alfabetizar-se na escola primária! Após a sua alfabetização no curso dos mundos primários, o espírito do homem também poderá usufruir de sublimes venturas na sua escalonada sideral. Terminado o curso na Terra, ele então pode habitar Marte, onde o principal motivo de vida é a Técnica; em seguida, Júpiter, o planeta da Arte; e, mais tarde, Saturno, cuja humanidade vive exclusivamente para a Filosofia.
Ramatís - A Vida Humana e o Espírito Imortal