“Sem Exú não se faz nada...”. Esta parte de um conhecido ponto traduz com muita propriedade o trabalho dos Exús na Umbanda. Estas entidades tão envoltas pela aura de misticismo, crendices e até medo, devem sua fama macabra e distorções de sua figura principalmente ao mau uso de seu nome por encarnados que em muitas vezes nem mesmo sabem a quem estão se referindo ou mesmo a quem pensam estar invocando.
Estas abnegadas entidades que buscam acima de tudo a evolução, são comparados a demônios, entidades malignas e tendenciosas e que se vendem em troca de bebidas alcoólicas e despachos em encruzilhadas.
Quem pensa estar agradando a Exú com tais “mimos” está na realidade simplesmente alimentando fluídica e energeticamente espíritos desqualificados que se aproveitam do desconhecimento de criaturas que ainda imaginam que religião se faz somente com o dia-a-dia e seguindo a tradição oral passada de geração para geração. É pela falta de interesse no estudo e na busca da essência das inter-relações das energias dos orixás que os “quiumbas” continuam fazendo festa nas madrugadas após serem regiamente presenteados por quem deseja barganhar com o espiritual.
Os verdadeiros Exús da Umbanda são entidades que de tanta humildade nem mesmo se melindram com estas distorções grosseiras das quais são vítimas, estão sempre prontas para penetrar em ambientes onde outros espíritos já mais evoluídos teriam dificuldades para ir em virtude do descenso vibratório que se faria necessário. Transitam com desenvoltura pelos mais intrincados caminhos do umbral inferior investidos da proteção de serem representantes do Cristo na Luz, resgatando aqueles espíritos que se fazem merecedores após esgotarem sua negatividade nos lodaçais umbralinos. Quando lhes é conveniente utilizam-se inclusive da própria roupagem fluídica que lhes é imputada pelas crendices populares, que podem transformá-los visualmente em criaturas de “meter medo” até nos maiorais do astral inferior ou nos desavisados que possuem a medinidade de vidência.
Graças as falanges destes trabalhadores incansáveis é possível levar a caridade aos irmãos necessitados em milhares de locais que laboram em nome do Senhor com a segurança conferida pelos guardiões que cercam o perímetro dos centros espiritualistas , enquanto outros fazem o transporte dos desencarnados que já estão em condições para os devidos locais de refazimento ou de evolução. Ao término dos trabalhos no plano físico muitas vezes o trabalho dos Exús (e Pombas Giras) no astral está recém iniciando tal a importância destas entidades nos trabalhos de desmanchos de magia, descargas energéticas e incursões as camadas inferiores. Seria muito complicado e por que não dizer impossível as entidades de outras linhas trabalharem sem os Exús garantindo o transcorrer tranquilo dos trabalhos mourejando junto a crosta.
Entidades em busca de evolução como são os Exús (masculinos e femininos) não utilizam palavreado chulo, não se vendem por “marafo” e muito menos por cadáveres de irmãos menores, não fazem “amarrações” ou “abafamentos” de nenhum irmão encarnado que tenha livre arbítrio. Não apressam negociatas e nem prejudicam desafetos, não disseminam doenças e nem minam a saúde de ninguém. Não enriquecem e tampouco empobrecem a quem quer que seja. Se alguém vivenciou qualquer uma destas situações tenha a absoluta certeza que aí não teve dedo de Exú e sim de algum espírito oportunista valendo-se do desconhecimento alheio.
É tal o apreço que estes espíritos tem pelos encarnados, seja pela proximidade energética que ainda guardam com a crosta, seja pelo infinito amor que dedicam aos irmãos na carne, que a impressão que se tem no transcorrer de uma gira é que estamos recebendo conselhos e conversando com um amigo antigo, a quem confidenciamos nossos mais escabrosos segredos e que nos orientam sem julgamentos como somente os amigos do peito conseguem fazer. Nos recriminam até com energia mas sem ofender, nos amparam sem servir de muletas, nos orientam sem esperar reconhecimento.Não é por acaso que muitas vezes se referem aos consulentes como “compadre” ou “companheiro”, pois é isto que somos para os Exús, espíritos irmãos na mesma busca evolutiva que ainda precisam lidar com as amarras reencarnatórias, tentando desvendar os véus da abençoada amnésia pregressa enquanto espíritos encarnados.
Quer gratificar ou até arrancar um sorriso do mais sisudo dos Exús? Basta somente trilhar o caminho do bem, da caridade e do Evangelho de Jesus com humildade e com a certeza que nem o mais insignificante pensamento ou ação passa despercebido ao plano espiritual. A contabilidade cármica é perfeita e a Lei Maior é inexorável, portanto “orai e vigiai” e tenha certeza que sempre que houver merecimento haverá um Exú ao seu lado para lhe defender com unhas e dentes de qualquer situação que possa agir contra seu livre arbítrio ou contra a misericórdia divina. É por isto que “Exú é Mojubá” ou entre tantas traduções empregadas,“Exú eu te apresento meu humilde respeito”, respeito a estes dedicados trabalhadores das falanges do Cristo Jesus.
Adriano - Médium do Triângulo