"São espíritos que venceram a horizontalidade dos fáceis apelos do mundo profano materialista, adotando a verticalidade que o esforço próprio impõe, para alcançar o cume da montanha celestial que a suprema sabedoria à luz do cosmo, propugnada no Evangelho de Jesus, vos reserva."
Qual a forma espiritual que mais se
apresenta no Brasil de intenso mediunismo?
Se existe uma forma espiritual que
comparece praticamente em todas as frentes de manifestações mediúnicas de vossa
pátria, sem dúvida é a figura do preto velho.
Aqui ele conforta o
aflito com seu rosário na mão, lá com suas benzeduras renova as forças dos
desenganados pela medicina, ali acalma o marido traído querendo se vingar da
esposa, lembrando-o de Jesus e de seu exemplo diante da mulher adúltera, acolá
“expulsa” um obsessor com suas cachimbadas e em prece reforça a necessidade de
perdão para a verdadeira libertação. Seja no centro espírita, no terreiro de
umbanda, no grupo de apometria ou no barracão das “nações” (1), sempre tem um
preto velho trazendo seus ensinamentos e sabedoria milenar. Para ele, não
importa a denominação da agremiação terrena e sim a oportunidade de levar a
mensagem evangelizadora de Jesus.
(1) “Nação” – leia-se nação africana – é uma denominação usual
de terreiros de candomblé e assemelhados, no Sul do Brasil, notadamente no RS.
Mas afinal, quem são os pretos velhos?
Em nossas singelas
opiniões, os pretos velhos são arautos do Cristo-Jesus, bandeirantes da Boa
Nova, exímios pedagogos do Evangelho e preparados psicólogos das almas, atuando
em todas as latitudes do mediunismo na Terra a favor da redenção e
despertamento crístico da coletividade e dos espíritos humanizados retidos no
ciclo retificativo das reencarnações sucessivas, do qual eles, em sua grande maioria, já se libertaram.
Qual o motivo que o Alto se utiliza da
figura mítica de ex-escravo?
A
figura de ex-escravo, de velho “feiticeiro” negro, está por demais impregnada
no inconsciente coletivo brasileiro. O Alto utiliza-se disso e desses espíritos
conhecedores de rezas e de encantamentos poderosos, capazes de realizar
“milagres”, como um arquétipo perfeito, um ponto focal de atração para milhares
de espíritos encarnados e desencarnados, levando junto com essa pedagogia os
conteúdos do tratado cósmico de libertação que é o Evangelho. Assim como a
videira conduz a seiva aos ramos, os pretos velhos catalisam os ensinamentos do
Evangelho e os que procuram os seus “serviços” são amorosamente transportados
para a Boa Nova e guiados a realizarem em si a “milagrosa” transformação
interna, libertadora, contida nos ensinamentos do Novo Testamento deixado por
Jesus.
Qual a finalidade
principal destes espíritos assumirem a forma perispiritual de um pai velho
negro?
Esses
espíritos, preparados, amadurecidos no tempo e no espaço ao longo de centenas
de milhares de encarnações, assumem a forma perispiritual de um pai velho negro,
com o intuito de orientar e ensinar os reais valores da verdadeira vida.
Sabedoria, simplicidade, humildade, caridade, evolução, seriedade, paciência,
calma e ponderação são qualidades, atributos psicológicos que vos remetem ao
ancião, sábio e profundo conhecedor dos mistérios do espírito.
Mas, verdadeiramente,
quem são este espíritos?
Verdadeiramente,
são vossos irmãos mais velhos na senda evolutiva, que com suas experiências reencarnatórias
vivenciaram todas as diversidades e adversidades possíveis no plano da
materialidade. Venceram a horizontalidade dos fáceis apelos do mundo profano
materialista, adotando a verticalidade que o esforço próprio impõe, para
alcançar o cume da montanha celestial que a suprema sabedoria à luz do cosmo,
propugnada no Evangelho de Jesus, vos reserva.
TEXTO: Fragmentos do preâmbulo de Pai Tomé e Ramatís.
Do livro AOS PÉS DO PRETO VELHO.
Editora do Conhecimento.
Editora do Conhecimento.