“Pai, afasta de mim
esse cálice”, nunca foi dito por Jesus.
Quem poderia ter
ouvido isso, se Ele estava sozinho no alto do Horto das Oliveiras?
Ramatís, em O Sublime
Peregrino, teve por objetivo trazer-nos um perfil mais verdadeiro e
exato da real atuação de Jesus no mundo terreno, depurando-o das
distorções, interpolações e manipulação que os quatro textos
evangélicos sofreram, atendendo à inconseqüência e aos interesses
clericais no início do cristianismo.
Uma das piores
interpolações sofridas pelos textos dos evangelhos ditos
“canônicos” – os que foram escolhidos pela Igreja de Roma,
pois existiam mais de 40 deles, e só quatro foram admitidos (o que
não constaria nos outros!) – foi sem dúvida a atribuição ao
Divino Mestre de frases que ele nunca proferiu, em especial no alto
da cruz e às vésperas de seu martírio.
A propósito dessa
inconcebível expressão de covardia moral e falência espiritual,
expressa na frase “Pai, afasta de mim esse cálice”, Ramatís, em
O Sublime Peregrino, demonstra a impossibilidade de ser autêntica,
pela simples lógica: É óbvio que se isso tivesse ocorrido assim
como narram os evangelistas, então
só Jesus poderia ter explicado o acontecimento, uma vez que João,
Tiago e Pedro, que se achavam ali perto, dormiam a sono solto e não
poderiam ter ouvido tais palavras. Quanto aos demais apóstolos,
achavam-se no celeiro da granja de Gethsemani, ao sopé da Colina das
Oliveiras.
Em verdade, a recusa do
cálice de amargura, que a tradição religiosa atribui a Jesus,
trata-se apenas de um rito iniciático dos velhos ocultistas, com
referência à vacilação ou temor de toda alma consciente, quando,
no Espaço, se prepara para envergar o fardo doloroso da vida carnal.
O “cálice de amargura” representa o corpo com o sangue da vida
humana; é a cruz de carne, que liberta o espírito de suas mazelas
cármicas no calvário das existências planetárias.
Só a pobreza da
imaginação humana poderia ajustar as angústias de um anjo como
Jesus à versatilidade das emoções do mundo da carne.
Ramatís destaca em
outros trechos a óbvia serenidade do Mestre diante da morte física,
a sua tranquila certeza e alegria de sentir que seu sacrifício iria
garantir o florescimento da mensagem evangélica: Jesus encontrava-se
em Betânia, hospedado na casa da família de Ezequiel, quando
resolveu consentir em pregar na cidade de Jerusalém.
Através do fenômeno
ideoplástico mediúnico, projetaram--se em sua mente alguns dos
quadros dolorosos que mais tarde viveria em Jerusalém. A perspectiva
do sacrifício de sua própria
vida, como o preço
implacável para a sobrevivência imaculada da mensagem evangélica,
inundou-o de júbilo e despertou-lhe a mais sublime euforia
espiritual!
Cabia-lhe “viver” e
ao mesmo tempo “morrer” pelos princípios que viera pregar aos
homens, a fim de cimentá-los para a posteridade através da renúncia
de sua vida e o destemor da morte!
* * *
Jesus ouviu as trágicas
notícias de José de Arimatéia e Nicodemus, e agradeceu pelo seu
afetuoso interesse. Sem demonstrar qualquer pesar ou ressentimento
por aqueles que o queriam matar, exclamou numa voz terna e de
compreensivo perdão: Obrigado, amigos meus! Não temo a morte, nem
como ela me venha; porque vejo que passarão os homens, mas as minhas
palavras permanecerão. É preciso que o filho do homem dê o sangue
pela salvação do próprio homem; que a submissão à morte seja o
preço e a força da própria vida, pois a luz do Espírito ilumina a
sombra do corpo. Minha hora é chegada pela vontade do Pai que está
nos céus; mas não se fará pela obstinação dos homens!1
Só a inconsciência
dos homens a respeito da verdadeira natureza do Divino Mestre, mais a
projeção da humana covardia diante da morte, podem explicar que
tenham atribuído a Jesus a suposta vacilação daquela frase que,
além de tudo, ninguém poderia ter registrado. A ignorância humana
aceitou e perpetuou
séculos afora essa interpolação sem nexo nos evangelhos, sem parar
para refletir o quanto é absurda e desairosa.
Já está mais do que
na hora de usarmos a lógica esclarecida para despir dos ombros do
Sublime Peregrino esse manto roto de coisas que Ele nunca disse,
nunca fez, e distorcem a figura do Anjo Sideral que passou por nós
para apontar-nos o caminho da libertação do mundo de maya – a
ilusão da matéria.2
Notas:
1 Todo o relato dos últimos dias de Jesus em Jerusalém, hospedado com os discípulos numa granja de amigos junto ao Horto das Oliveiras, e os últimos encontros e diálogos do Mestre com amigos e apóstolos, não constam dos evangelhos; Ramatís pôde reproduzi-los a partir dos registros fiéis do akasha, nos capítulos XXVIII e XXIX de O Sublime Peregrino. Fazem parte da história desconhecida da vida do Mestre, que Ramatís foi o único até agora a resgatar.
2 No prelo, pela
Editora do Conhecimento, a compilação "O Jesus que Nunca Existiu”
enfoca especificamente esse rol de absurdos atribuídos ao Divino
Mestre, que o Alto nos pede quanto antes rejeitar, e que Ramatís, em
O Sublime Peregrino, foi o único autor espiritual, até hoje, a ter
a iniciativa de apontar.
Fonte: Informativo Ramatís 9