Alucinadas e acometidas pela incessante superexcitação e angústia, do remorso, sem pouso e sem alívio, só lhes resta o recurso de encerrarem o seu inferno íntimo no biombo da carne terrena, a fim de amortecerem as lembranças cruéis do passado durante a fase sedativa de inconsciência entre o berço e o túmulo físico.
As almas dos déspotas
sanguinários, vítimas da loucura, do egoísmo, da cobiça e autores do morticínio
de milhares de criaturas sacrificadas para garantir-lhes a prepotência e a
ambição, são como o cavalo selvagem que arremessa o seu cavaleiro ao solo,
produzindo-lhe ferimentos nas quedas dolorosas. Infelizmente, pela vibração
violenta das energias maléficas que ainda excitam-lhe o perispírito, o tirano,
o conquistador sanguinário e os seus comparsas perversos, ao encarnarem na
Terra, o trauma psíquico que os perturba violenta-lhes o trabalho harmônico das
células físicas, fazendo-os nascer idiotas e anormais.
Sob o violento e desordenado abalo
do perispírito, alteram-se as linhas de forças na composição dos genes e no
ajuste dos cromossomas do corpo físico. Então o déspota surge à luz da vida
terrena, parvo, alienado do cérebro e dos nervos, vivendo sob a chacota e
sarcasmo da mesma humanidade que tanto subestimou e prejudicou no passado.
Assim, o corpo do idiota reflete as condições enfermiças do espírito brutal ali
encarnado, funcionando à guisa de um cárcere que reprime os impulsos
desordenados e perigosos do seu ocupante, tal qual o freio domina o cavalo
fogoso e desatinado. As paixões violentas como a crueldade, a ambição e o
orgulho que desatam as forças do instinto animal selvático, impossibilitadas de
sua ação destruidora, vão se debilitando pouco a pouco, de modo a não voltarem
a manifestar-se sob os mesmos impulsos indomináveis. A glândula pineal,
delicadíssima antena do sistema psiconervoso, "central elétrica ou usina piloto"
do organismo humano, funciona, nesse caso, oprimida na sua atuação, tomando-se
incapaz de transmitir, com clareza, a mensagem racional dirigida pelos neurônios, que constituem o aparelho
receptor e transmissor do espírito para a matéria. Nesse retardamento
obrigatório, de um corpo físico tardo no seu metabolismo motor e nervoso, o
perispírito enfermiço readquire, gradualmente, a sua vibração normal e a alma,
o seu domínio salutar.
Represando na carne o seu excesso
perturbador, ela submete-se à terapêutica obrigatória do repouso vibratório,
pois disciplina a sua emotividade, reprime as forças instintivas que fervilham
na intimidade perispiritual, assim como o cavalo indócil, atado a pesado
veículo, também fica impedido dos desatinos prejudiciais a si mesmo.
Pouco a pouco, a alma enferma, que,
pelos seus impulsos animalizados, praticou crimes, distúrbios e atrocidades
coletivas no mundo físico, termina por corrigir-se dos excessos danosos sob o
domínio das "grades" de um corpo físico deformado. Ela exaure-se e
cansa, ante as tentativas inúteis de dominar, a seu talante, um sistema nervoso
rígido e retardado, que lhe anula a coordenação dos raciocínios e a impede de
usar suas forças maléficas.
As paixões tão comuns dos déspotas e
guerrilheiros, como o orgulho, a ambição, a prepotência e a impiedade, que eles
manifestam quando portadores de corpos sadios e cérebros normais, terminam
arrasadas e impedidas de qualquer ação sob o organismo carnal atrofiado. As
suas idéias perigosas e as emoções atrabiliárias nem chegam a ultrapassar-lhes
o campo subjetivo, pois extinguem-se ou cessam por falta de um sistema cerebral
nervoso, correto e sensível capaz de dar-lhes forma e ação no mundo exterior.
Contudo, não há punição deliberada
para tais espíritos doentes, mas apenas a reparação espiritual no sentido de se
ajustarem ao padrão de vida superior. O corpo imbecilizado a subjugar-lhes os
impulsos homicidas, sufocando-lhes a eclosão violenta das paixões animais,
constitui-se no abençoado "estágio" para a sua evolução espiritual no
futuro.
Ramatís - do livro ELUCIDAÇÕES DO ALÉM
Ramatís - do livro ELUCIDAÇÕES DO ALÉM