Os candidatos a médiuns, em geral,
procuram suplantar em suas comunicações tíbias a conceituação lisonjeira dos
veteranos tarimbados no intercâmbio com o Além. Assim, alguns dos novos, em sua
pressa e afoiteza de sobrepujar os demais, carreiam as maiores tolices e
incongruências para a seara espírita, à guisa de importantes revelações do
Além-túmulo, sob o nome de algum falecido de alto gabarito no mundo terreno.
Essa preocupação ingênua de impressionar o público e o rebuscamento de um
palavreado altiloqüente, coisa muito comum entre os médiuns neófitos, às vezes,
dá margem para que os espíritos mistificadores aproveitem-se para comunicar
futilidades e distorções doutrinárias, no sentido de confundir e abastardar a
própria filosofia espírita.
Aliás, os médiuns fascinados pelos
maus espíritos são sempre os últimos a identificarem sua situação ridícula e as
circunstâncias censuráveis com que se expõem aos demais companheiros. Doutra
feita, o centro espírita petrifica-se num clima lúgubre ou severo em extremo,
porque o doutrinador ou demais responsáveis são criaturas irascíveis ou
excessivamente puritanas. Escovados pela própria experiência, identificam a
malícia no mais sadio humorismo e apontam o "pecado" no menor
descuido do próximo.
Sentenciosos e pessimistas
anatematizam todo o bulício do jovem, a música moderna trepidante, o futebol e
os excessos emotivos, os bailes da juventude e irritam-se ante a algazarra das
crianças sadias. Em sua implicância, predispõem no centro espírita o
ambiente de constrangimento, preocupações e temor entre os seus componentes,
cerceando-lhes todas as iniciativas e labores que ajustam a doutrina às novas
descobertas e aos esforços espiritualistas dos demais.
Ramatís - do livro ELUCIDAÇÕES DO ALÉM