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quinta-feira, 22 de março de 2012

O anti-fraternismo e os conflitos no centro espírita

        Os centros espíritas podem falir ou ser "desmanchados" pelos seus próprios componentes "vivos", sem mesmo haver interferência dos "mortos", pois a vaidade, a obstinação, o amor-próprio, a ignorância, o ciúme ou a rivalidade entre os dirigentes e médiuns também liquidam as agremiações invigilantes. Nos centros espíritas ou terreiros desavisados da realidade espiritual é muito comum o conflito personalístico e a competição entre os seus próprios componentes, onde os neófitos tentam superar os velhos, ou estes petrificam-se de maneira teimosa em suas idéias e empreendimentos conservadores.

            Os candidatos a médiuns, em geral, procuram suplantar em suas comunicações tíbias a conceituação lisonjeira dos veteranos tarimbados no intercâmbio com o Além. Assim, alguns dos novos, em sua pressa e afoiteza de sobrepujar os demais, carreiam as maiores tolices e incongruências para a seara espírita, à guisa de importantes revelações do Além-túmulo, sob o nome de algum falecido de alto gabarito no mundo terreno. Essa preocupação ingênua de impressionar o público e o rebuscamento de um palavreado altiloqüente, coisa muito comum entre os médiuns neófitos, às vezes, dá margem para que os espíritos mistificadores aproveitem-se para comunicar futilidades e distorções doutrinárias, no sentido de confundir e abastardar a própria filosofia espírita.
            Aliás, os médiuns fascinados pelos maus espíritos são sempre os últimos a identificarem sua situação ridícula e as circunstâncias censuráveis com que se expõem aos demais companheiros. Doutra feita, o centro espírita petrifica-se num clima lúgubre ou severo em extremo, porque o doutrinador ou demais responsáveis são criaturas irascíveis ou excessivamente puritanas. Escovados pela própria experiência, identificam a malícia no mais sadio humorismo e apontam o "pecado" no menor descuido do próximo.
            Sentenciosos e pessimistas anatematizam todo o bulício do jovem, a música moderna trepidante, o futebol e os excessos emotivos, os bailes da juventude e irritam-se ante a algazarra das crianças sadias.  Em sua implicância, predispõem no centro espírita o ambiente de constrangimento, preocupações e temor entre os seus componentes, cerceando-lhes todas as iniciativas e labores que ajustam a doutrina às novas descobertas e aos esforços espiritualistas dos demais.
              Eis por que não é muito difícil para os espíritos falaciosos e maquiavélicos semearem a discórdia, o descontentamento ou o fracasso nos empreendimentos espiritistas improdutivos, onde a mesa-redonda da boa vontade é substituída pela vontade discricionária e teimosa dos dirigentes obtusos, teimosos e egoístas, adversos a qualquer movimento que modifique o ranço conservador. Deste modo prestam um "desserviço" à doutrina esclarecedora de Kardec, produzindo um anti-fraternismo que além de cercear o progresso frutifica o desânimo, afasta os entusiastas e os idealistas.

Ramatís - do livro ELUCIDAÇÕES DO ALÉM

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