Animismo é o “sistema fisiológico
que considera a alma como a causa primária de todos os fatos intelectivos e
vitais”.
O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, significa a intervenção da própria
personalidade do médium nas comunicações dos espíritos desencarnados, quando ele
impõe nelas algo de si mesmo à conta de mensagens transmitidas do “Além-Túmulo”.
Assim, quando os aficionados do espiritismo afirmam que determinada comunicação mediúnica foi “puro animismo” querem explicar que a alma do médium ali interveio com
exclusividade, tendo ele manifestado
apenas seus próprios conhecimentos e conceitos pessoais, embora os
rotulasse com o nome de algum espírito desencarnado.
Essa interferência anímica inconsciente, por vezes, é tão sutil, que o
médium é incapaz de perceber o quanto o seu pensamento intervém ou quando é o
espírito comunicante que transmite suas ideias pelo contato espiritual.
Servindo-nos dos médiuns da Terra, curvamo-nos imensamente gratos ao Pai
pelo ensejo de podermos inspirá-los em favor da ventura, do bem e da alegria
dos seres humanos. Por isso não desprezamos a oportunidade dos médiuns anímicos
quando eles nos interpretam a seu modo pessoal, desde que conservem a ideia
central e autêntica daquilo que lhes incutimos na alma.
Quando um médium anímico culto, sensato e de conduta moral
irrepreensível, expõe seus pensamentos em alto teor intelectivo e espiritual,
podemos classificá-lo como criatura que supera a maioria dos médiuns, pois, se é inteligente, de moral superior e
sensível a vida espiritual angélica, não deixa de ser um médium
intuitivo-natural, um feliz inspirado que pode absorver diretamente na
Fonte Divina os mais altos conceitos filosóficos da vida imortal e as bases exatas
da ascese espiritual.
No entanto, o médium anímico, mas
inculto, sugestionável, enfermiço ou moralmente falho é a vítima passiva de
suas próprias ideias fixas, das emersões da memória pregressa e das
sugestões anímicas medíocres.
O médium
totalmente anímico é sempre a vítima passiva do seu próprio espírito, que pensa e
expõe sua mensagem particular sem qualquer interferência exterior. O médium
propriamente dito, mesmo quando obsidiado, ainda é um medianeiro, um
instrumento das intenções ou dos desejos de outrem.
Quanto ao médium totalmente anímico, ainda de poderia estabelecer duas classificações:
- o anímico
passivo, que é vítima absoluta de suas ideias e impressões;
- anímico
ativo, capaz de perquirir os acontecimentos e os fenômenos da vida oculta,
para depois expô-los em nome de terceiros.
Reconhecemos a interferência ou associação de ideias no médium
consciente, porque no seu esforço para lograr a passividade no transe, ele toma
o conteúdo de sua alma como sendo manifestação alheia.
O médium não é boneco vivo, insensível e de manejo mecânico, mas sim uma
organização ativa com vocabulário próprio e conhecimentos pessoais adquiridos
pela sua experiência e cultura humana.
Quando se trata de médiuns conscientes ou semiconscientes, só lhes resta
a tarefa de vestir e ajustar honesta e sinceramente as ideais e as frases que
melhor correspondem ao pensamento que lhes é manifesto pelos espíritos
desencarnados através do seu contato perispiritual.
Assim, os comunicantes ficam circunscritos quase que totalmente à
vontade e às diretrizes intelectuais e emotivas do seu intérprete encarnado, o
qual fiscaliza, observa e até modifica conscientemente aquilo que foi incumbido
de dizer.
É tão sutil a
linha divisória entre o mundo espiritual e a matéria, que a maioria dos médiuns
conscientes e bisonhos dificilmente logra perceber quando predomina o
pensamento do desencarnado ou quando se trata de sua própria interferência anímica.
Só depois de alguns anos de trabalho assíduo na seara mediúnica, estudos
profícuos, afinada sensibilidade mediúnica, muita capacidade de autocrítica e
introspecção freudiana é que o médium logra dominar e distinguir com êxito o
fenômeno anímico.
... os
guias não objetivam a criação de autômatos mediúnicos, espécies de “robôs
acionáveis à distância.
É mais importante para o bom “guia”, o progresso intelectivo, o
desembaraço e a integração evangélica do seu médium, do que mesmo o êxito
brilhante de sua manifestação mediúnica.
Quando o médium e o espírito manifestante afinam-se pelos mesmos laços
intelectuais e morais, ou coincide semelhança profissional, as comunicações
mediúnicas tornam-se flexíveis, eloquentes e nítidas.
Portanto, entre os espíritos desencarnados e o médium que os recepciona,
recrudesce o entusiasmo, a coerência e clareza do assunto em exposição, quando
entre ambos também há similaridade de conhecimentos, gostos e intenções.
Os médiuns em
sua generalidade são intuitivos e não podem libertar-se completamente do
animismo, que apenas varia mais ou menos de intensidade neste ou naquele
médium.
Os espíritos não se preocupam em eliminar radicalmente o animismo nas
comunicações espíritas, porque o seu escopo principal é o de orientar os
médiuns aos poucos, para as maiores aquisições espirituais, morais e
intelectivas, a ponto de poderem endossar-lhes depois as comunicações anímicas
como se fossem de autoria dos desencarnados.
O médium sensato, laborioso e culto alcança tal êxito na sua tarefa
mediúnica, que basta ao seu guia dar-lhe
o toque fluídico familiar e delinear lhe o tema que deve expor ao público, para
a comunicação fluir espontaneamente e submissa ao programa de esclarecimento
delineado pelos mentores da casa ou da instituição espírita.
Os espíritos protetores rejubilam-se quando comprovam que o seu pupilo
já exerce de modo sensato e satisfatório o seu comando psíquico, tornando-se
capaz de esclarecer e doutrinar o
público à maneira de orador exímio, em vez de simples “robô ”que transmite
mecanicamente as mensagens dos espíritos desencarnados, mas sem a convicção espiritual daqueles que comunicam inteligentemente.
Para maiores esclarecimentos sobre o tema consultar:
- MEDIUNISMO – Ramatís –
Psic. Hercílio Maes
Cap.19 – Algumas observações sobre animismo
Cap.20 – O aproveitamento anímico nas comunicações mediúnicas
- Aksakof, Alexander- Animismo e Espiritismo – FEB-RJ
- Xavier, Francisco Candido – Mecanismos da Mediunidade
- Delanne, Gabriel – A evolução Anímica – FEB.