"Jesus era um anjo exilado na Terra", isto é, um anjo fora
dos seus domínios e submerso num
escafandro de carne, que o reduzia em seu potencial angélico! Já citamos, alhures, o conceito popular de que "entre espinhos, o traje de seda
do príncipe rasga mais
facilmente do que a roupa de couro do aldeão". Isso implica em considerarmos que tanto quanto mais
delicado é o ser, mais ele também
é afetado pelas hostilidades próprias do meio onde vive. O beija-flor sucumbe asfixiado quando é atirado no charco de lama, enquanto, a
seu lado, o sapo canta de
júbilo!
A criança lactente ainda
nada pensa de mal, no entanto, é sensível aos maus fluidos da inveja ou do
ciúme projetados sobre sua organização
tenra, os quais mais tarde são eliminados graças ao socorro dos benzimentos da velhinha experimentada. Aliás, ninguém se basta por si
mesmo, nem o próprio Jesus, pois se
a Vida é fruto da troca incessante do choque de energias criadoras atuando em seu plano correspondente,
quando hostis elas ferem a qualquer espírito mergulhado na carne. A si mesmo só se basta Deus, que é o Pai, o Senhor da Vida! As relações entre
todas as criaturas e seres,
sejam virtuosos ou pecadores, significam ensejos de experimentação da própria
Vida, que tanto educa os ignorantes
como redime os pecadores!
Quando a Pedagogia
Sideral adverte que o espírito sublime só atrai bons fluidos, e a alma delinqüente é a culpada pela carga nefasta que recepcionar sobre
si mesma, nem por isso, os bons deixam
de ser alvo dos malefícios da inveja, do ciúme ou da má-fé humana. Que é o anjo de guarda do agiológico católico, senão o símbolo da
proteção espiritual superior
e necessária a todas as criaturas benfeitoras? O pseudo
Diabo da Mitologia, que compreende simbolicamente as falanges dos espíritos malignos, não se contenta em arrebanhar para o seu reino trevoso somente as almas
pecaminosas; porém, conforme
assegura a própria Bíblia, ele tudo faz
para poluir os bons e chegou mesmo a tentar o próprio Jesus (2). O anjo, pois, é justamente o ser mais
alvejado pela malícia, crueldade,
inveja, ciúme e despeito daqueles que
ainda são escravos da vida animalizada do mundo profano!
O menino Jesus era um
ser angélico, uma flor radiosa dos céus
a vicejar na água poluída do mundo humano, sofrendo a opressão da carne que
lhe servia de instrumento imprescindível
para cumprir sua missão heróica, em favor do próprio homem que o hostilizava. As Trevas vigiavam-no incessantemente para desfechar o ataque
perigoso à sua delicadíssima
rede neurocerebral, a fim de lesá-lo no contato sadio com a matéria, e isto só era impedido graças aos
seus fiéis amigos desencarnados. Jamais alguém, no
Espaço ou na Terra, poderia
ofender ou lesar a contextura espiritual de Jesus, tal a sua integridade sideral, mas não seria impossível atingir o seu equipo carnal.
Não há dúvida de que os
bons só atraem os bons fluidos e acima
de tudo ainda merecem a companhia e a proteção dos bons espíritos, mas é conveniente meditarmos em que, nem por isso, estamos livres da agressividade
dos espíritos maléficos, que não se
conformam em sofrer qualquer derrota espiritual.
Livro Sublime Peregrino - Ramatís.