“Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1 Ts 5:21)
Paulo de Tarso
Várias ordens religiosas e monásticas recomendam que seus membros
reservem algum tempo, todos os dias, para o estudo. Essa prática parece criar
novos condicionamentos, proporcionando uma profunda satisfação aos que se
dedicam regularmente à leitura. Muitos instrutores sugerem que os buscadores
espirituais leiam antes de dormir pelo menos uma ou duas páginas de um livro de
cabeceira, para criar uma vibração apropriada. Essa vibração é capaz de
estabelecer a tônica das experiências da alma durante o sono, quando esta deixa
para trás sua pesada vestimenta de carne e pode voar mais alto em seu
envoltório astro-mental. ( importante recomendação a todos os médiuns* )
Está
implícito que no “Caminho da Perfeição” o homem deve desenvolver ao máximo todo
o seu potencial. É sabido que o potencial da mente humana é bastante
subtilizado. Os cientistas estimam que o homem comum usa menos de 10% da
capacidade de seu cérebro, a contraparte material da mente. Portanto, o exercício
intelectual inerente ao estudo contribui para o progressivo desenvolvimento da
mente, tanto concreta como abstrata. Esse desenvolvimento será extremamente
útil, mais tarde, quando o contato interior for estabelecido, capacitando o
indivíduo a interpretar as instruções simbólicas que vier a receber. ( notadamente dos espíritos comunicantes pelos mecanismos da mediunidade* )
O estudo também pode favorecer o desenvolvimento da intuição. Muitos
estudiosos já tiveram a experiência de insights
intuitivos durante o estudo dos assuntos em que estavam profundamente
empenhados. Essas percepções são bastante comuns a cientistas, pesquisadores,
filósofos e mesmos poetas e artistas, sendo o resultado do mergulho profundo
nas questões a que se dedicam, pois quando a mente está totalmente concentrada,
num determinado momento consegue ser transcendida alcançando-se, assim, o plano
intuitivo da verdade pura.
O estudo é especialmente útil para o desenvolvimento da mente quando é
efetuado com espírito crítico. O estudioso deve procurar pensar com o autor,
submetendo os argumentos à lógica. Mais importante ainda é analisar as
premissas sobre as quais a tese está fundamentada. Quando esses critérios de
análise crítica são seguidos, o estudante estará invariavelmente desenvolvendo
sua capacidade cerebral e mental com o estudo. Ademais, estará passando o
material estudado pelo crivo da razão, podendo, assim, encampar e assumir como
seu aquilo que passar no teste. Nas recomendações de Paulo encontramos: “Discerni tudo e ficai com o que é bom”
(1 Ts 5:21). Esse era, também, o procedimento recomendado pelo Buda para todos
os que lessem as escrituras sagradas e ouvissem seus ensinamentos.
Fonte: OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ
Raul Branco
* grifo nosso